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Bebê morre antes do parto em hospital no Grande Recife; pais alegam negligência

Pai afirma que a companheira recebeu medicação antes do parto e cobra explicações; hospital promete apuração sobre o caso

Por Maria Letícia Menezes Publicado em 03/07/2025 às 10:11 | Atualizado em 03/07/2025 às 13:55

Um bebê morreu durante o parto na maternidade do Hospital Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.

O caso aconteceu no domingo (29). Os pais da criança denunciam suposta negligência médica nas redes sociais. A unidade de saúde, que atende partos pelo Sistema Único de Saúde (Sus) ainda não divulgou detalhes sobre o atendimento prestado.

Pai cobra respostas e relata uso de medicação

Segundo relato dos pais, a gestante Isabelle Araújo chegou ao hospital às 18h30 do domingo.

O pai da criança publicou vídeos nas redes sociais bastante abalado, ele quebrou parte recepção do hospital. Nas imagens, ele usa um martelo para quebrar objetos enquanto cobra explicações. "Eu quero uma explicação, só isso", diz Vitor Oliveira.

Em nota, o hospital afirmou que não compactua com atos de violência e que encaminhará o acontecido aos órgãos competentes.

Visivelmente abalado, o pai repetia que a filha havia sido morta durante o atendimento. "Mataram minha filha", afirmou.

Atendimento médico

A equipe médica teria orientado que aguardariam a dilatação natural para a realização do parto normal. Em entrevista ao repórter Michael Carvalho, da TV Jornal, a mãe, Isabelle, afirmou que foram administradas três medicações: duas inseridas via vaginal, com o objetivo de induzir a dilatação, e uma terceira, por via oral.

Isabelle relatou que após a medicação começou a sentir dores intensas e notar comportamento atípico da bebê dentro da barriga, como movimentos constantes e troca frequente de posição

Diante da situação, os familiares pediram mais informações à equipe médica, que teria mantido a conduta de aguardar a evolução natural do parto.

“Eles disseram: ‘estamos esperando o parto normal, ela vai ter dilatação, já já tem, já já tem’”, contou o pai 

Ainda de acordo com os relatos, a bebê não resistiu e morreu antes do nascimento. Somente após o óbito fetal a gestante foi transferida para o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), onde passou pelo parto normal da bebê já sem vida.

Ainda não há informações do hospital sobre como o atendimento foi conduzido. A mãe da criança também usou as redes sociais para se manifestar. Em uma publicação, afirmou: "tiraram a vida da minha filha".

Hospital promete apuração

Procurado pela reportagem, o Hospital Guararapes se solidarizou com os familiares e declarou que "o caso será tratado com a devida seriedade".

Confira na íntegra:

"O Hospital Guararapes e toda a sua equipe, profundamente consternados, se solidarizam com a família pela sua perda. Somos uma instituição que já realizou mais de 100 mil partos, além de prezar pelo respeito à população. Reiteramos que o assunto terá sua devida importância quanto aos esclarecimentos e as devidas responsabilidades. Reforçamos ainda que não compactuamos com atos de violência e agressão e que estes serão averiguados pelos órgãos competentes. Reforçamos compromisso com a ética, o respeito à vida e a transparência, e com a segurança dos nossos pacientes e colaboradores".

Atendimento pelo SUS

Apesar de ser um hospital particular, no Guararapes, a emergência obstétrica é pelo Sus. Ao ser procurada, a Secretaria Municipal de Saúde de Jaboatão dos Guararapes também se pronunciou e confirmou que uma equipe da Vigilância em Saúde fará uma visita técnica à unidade hospitalar para coletar informações sobre o ocorrido.

Em nota, a pasta destacou que o hospital faz parte da Rede Complementar como unidade filantrópica contratada para atuar na assistência materno-infantil.

 

Além disso, a gestão municipal afirmou que realiza acompanhamento técnico com visitas regulares e auditorias, e que conta com um Grupo Técnico de Investigação de Óbitos Maternos, Fetais e Infantis.

“A gestão municipal se coloca à disposição da família para prestar todo o apoio necessário, conforme os protocolos vigentes e com base na escuta qualificada e humanizada”, diz o texto.

É o segundo caso em que familiares alegam negligência em menos de dois meses

Em maio, outro episódio envolvendo a maternidade do mesmo hospital gerou revolta de familiares. Cibele Joaquim da Silva, de 19 anos, deu à luz na unidade, recebeu alta médica, mas continuou sentindo fortes dores abdominais.

Segundo a família, ela retornou ao hospital cerca de uma semana após o parto e precisou passar por uma cirurgia de emergência, quando foi constatada uma perfuração no intestino.

Na época, houve protesto em frente à unidade de saúde.

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