Férias sem telas: especialistas orientam como estimular o aprendizado de forma divertida
Brincadeiras ao ar livre, contato com a natureza e limite no uso das telas ajudam no desenvolvimento cerebral e na saúde ocular dos pequenos

Com a chegada das férias escolares, o desafio dos pais é equilibrar descanso, diversão e desenvolvimento dos filhos — de preferência, longe das telas. Para ajudar nessa missão, especialistas em neurociência e oftalmologia orientam como aproveitar o mês de julho com brincadeiras que estimulam o cérebro e protegem os olhos das crianças.
De acordo com a neurocientista Regiane Melo, coordenadora dos anos iniciais do ensino fundamental do Colégio Salesiano Recife, o período de recesso é essencial para a reorganização cerebral e emocional dos pequenos.
“Sugiro que deixe o mínimo possível em telas. A criança que passa muito tempo em telas não estimula várias partes do cérebro, vai perdendo a vontade do contato social, não consegue tomar decisões assertivas e se frustra com facilidade”, alerta.
Segundo ela, o excesso de tecnologia pode provocar déficit de atenção, atrasos cognitivos, impulsividade, dificuldade de regulação emocional e até distúrbios de aprendizado. Por isso, a recomendação é investir em experiências como contato com a natureza, convívio com outras crianças, esportes, leituras prazerosas e brincadeiras tradicionais.
Brincar também ensina
Durante o descanso, o cérebro libera neurotransmissores ligados ao prazer e ao foco, como dopamina e serotonina, o que melhora a motivação, criatividade e produtividade na volta às aulas.
“O ato da criança brincando faz com que o cérebro libere dopamina e noradrenalina, hormônios que ajudam na concentração e na memória, estimulando a neuroplasticidade cerebral e facilitando o aprendizado”, explica Regiane.
Jogos simples como dominó, memória, amarelinha, bola, telefone sem fio e quebra-cabeça são excelentes aliados. “Uma brincadeira de balanço, por exemplo, estimula a parte psicomotora, facilitando que a criança segure melhor o lápis, o que impacta diretamente na escrita”, acrescenta a especialista.
Cuidado com a saúde ocular
Quando o uso de telas for inevitável, os cuidados com a visão precisam ser reforçados. A oftalmologista Kátia Dantas, do Instituto de Olhos Fernando Ventura (IOFV), recomenda manter distância mínima de 1,5 metro da TV e evitar o uso de celulares por períodos prolongados.
“A interação com brinquedos e com os pais deve ser estimulada, e não se deve permitir que a criança se alimente em frente à tela”, alerta.
Ela ainda reforça os sinais que os pais devem observar: olhos vermelhos, apertar os olhos para ver de longe, dificuldade com linhas ou leitura e cansaço visual. Em relação ao tempo de exposição, a orientação é clara:
- Até 1h por dia para crianças a partir dos 4 anos;
- Máximo de 2h para crianças entre 6 e 7 anos;
- Não ultrapassar 3h por dia a partir dos 11 anos, sempre com pausas a cada 30 minutos.
Além disso, a médica recomenda que todas as crianças acima de dois anos façam avaliação oftalmológica anual, mesmo sem queixas aparentes.