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Ivanildo Sampaio: 'O velho império em uma nova face, a América de Trump e seus interesses'

Com Donald Trump na presidência dos EUA, está claro que o famoso "imperialismo americano', cantado em versos e prosas, está de volta

Por IVANILDO SAMPAIO Publicado em 02/08/2025 às 10:36 | Atualizado em 02/08/2025 às 16:07

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Que ninguém se iluda: o “imperialismo americano”, objeto de protestos das antigas passeatas estudantis, incentivadas por amadoras “células comunistas”, podia até estar adormecido, mas acordou, com Donald Trump, desmascarado e sedento.

Quando diz querer “a América grande outra vez”, Trump não mede esforços nem esconde suas ambições, a ponto de tentar se apossar da Groelândia, tomar conta das reservas minerais estratégicas da Ucrânia, penalizar o Brasil com um “tarifaço” sem negociação prévia, provavelmente pensando, também, nessas mesmas riquezas naturais que nosso país armazena.

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Certamente, vai querer usar essa pressão como moeda de troca na sua agenda de chantagens. Além de se meter, indevidamente, em questões internas de uma Nação soberana, penalizando um Ministro da Suprema Corte, muito mais independente do que a do seu País. E pouco está ligando para as bravatas do Presidente Lula, que, de cara feia, ameaça, na televisão, reciprocidade nessas relações comerciais.

A história registra, ao longo dos séculos, a índole imperialista da poderosa e bélica Nação do Norte – tanto no plano interno quanto na geopolítica mundial. E isso começou dentro de casa. Para colonizar o Oeste, a cavalaria norte-americana dizimou, prendeu,massacrou, e isolou sem piedade grande parte da população indígena – a ponto de alguns povos terem simplesmente desaparecido.

A Cavalaria norte-americana foi endeusada por Hollywood pelas chacinas cometidas. A não parou aí: os Estados Unidos se apossaram de parte do território mexicano e, ao longo da história, deslocaram tropas para o Haiti, a Nicarágua, o Panamá, o Líbano, o Oriente Médio, participaram da Guerra da Coréia, da Guerra do Vietna - de onde foram vergonhosamente enxotados – infiltraram-se nas guerras separatistas da África, deslocaram tropas para o Iraque e o Afeganistão, além de serem acusados de espionagem por vários países considerados “amigos”.

Portanto, com o Congresso na mão, uma Suprema Corte absolutamente submissa e tão conservadora quanto ele, Donald Trump precisa apenas encomendar uma coroa e, como fez Napolão Bonaparte, coroar a si mesmo.

Também vale lembrar que alguns presidentes norte-americanos são exemplos de pouco ou nenhum comportamento ético. Harry Truman, um vice-presidente “apagado” que substituiu na presidência o grande líder Franklin Delano Roosevelt, autorizou o uso da bomba atômica, pela primeira vez, sobre as populações civis e indefesas de Hiroshima e Nagazaki, quando a guerra já estava ganha.

Sem nenhuma necessidade, Truman ordenou a morte mais de meio milhão de pessoas, afora os que morreram depois, sob os efeitos desconhecidos da radiação. Nenhuma das duas cidades eram estratégicas ou agregavam tropas militares.

Com a desculpa furada e desmascarada de que Sadam Hussein armazenava armas químicas, tropas norte-americanas invadiram o Iraque e transformaram num inferno a vida da população civil. O interesse dos Estados Unidos era apenas no petróleo produzido no Oriente Médio.

Foto: AFP
Regime de Saddam Hussein foi derrubado com a invasão dos Estados Unidos em 2003 - Foto: AFP

Aqui no Brasil, tão logo o então presidente Getúlio Vargas oficializou a criação da Petrobrás – empresa de economia mista onde o Governo tinha participação majoritária – foram contratados técnicos norte-americanos como consultores e pesquisadores da recém-criada estatal.

Depois de alguns estudos e perfurações realizadas, nos Estados de Sergipe e da Bahia, eles apresentaram seus relatórios: “O Brasil não tem petróleo”. Por teimosia, por não acreditar no Relatório – a Petrobras continuou suas pesquisas, que terminam, algum tempo depois, na descobertas de reservas comercialmente viáveis nos dois Estados, passo inicial para novas pesquisas e abertura dos caminhos, mais tarde, para a descoberta das reservas de óleo no pré-sal, garantindo a auto-suficiência do País.

Portanto, todo cuidado é pouco para lidar com o presidente Donald Trump. Ele não tem qualquer escrúpulo nas negociações, - nem nunca teve como empresário - não cultiva um mínimo de ética, não respeita qualquer Nação do mundo a não ser pelo medo, não sossegará um minuto enquanto alguém, em algum lugar, ao longo de seu mandato, possa lhe fazer sombra ou medo. A exceção, certamente, poderia ser a Rússia, de Vladimir Putin, um ditador tão imprevisível quanto Trump, mas que, como ele, também tem as mãos ao alcance de ogivas nucleares.

Às vésperas de fazer valer seu “tarifaço”, com penalidades para várias Nações do mundo – principalmente o Brasil – Trump assinou o Decreto onde alivia um pouco os valores antes anunciados, talvez temendo a Reação dos próprios consumidores norte-americanos.

Grupo de brasileiros batia a cabeça em Washington

Entre o medo e a Incerteza, um grupo de políticos brasileiros batia cabeça em Washington, tentando alguma conversa com parlamentares norte-americanos, que se não são “trumpistas”, tremem de medo diante do todo-poderoso. Lá também está, do outro lado do biombo, o deputado Zero Três, ou Eduardo Bolsonaro

Para os íntimos, trabalhando por novas penalidades contra o País que ele resolver prejudicar e trair todos os dias. A última ameaça de Trump é contra os países que mantém relações Comerciais com a Rússia, inclusive o Brasil, que importa principalmente Fertilizantes para o agronegócio, hoje um destaque das exportações brasileiras.

Bom, a Rússia é governada por Wladimir Putin, tão Imprevisível quanto Donald Trump e, como já demonstrou, não tem medo do déspota norte-americano. Putin também tem acesso ao sistema que aperta o botão para acionar e disparar ogivas nucleares. E controle total Sobre as Forças Armadas soviéticas. As tarifas aí serão mais altas.

Ivanildo Sampaio , jornalista

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