Hamas está cedendo em pontos 'muito importantes', diz Trump sobre acordo de paz em Gaza
Apesar do otimismo de Trump, acordo final ainda depende de temas difíceis, como o desarmamento do Hamas e a posição final das tropas de Israel

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou grande otimismo, nesta segunda-feira (6), sobre um possível acordo de paz para a Faixa de Gaza. Ele afirmou que o Hamas está "cedendo em questões muito importantes" nas negociações indiretas que começaram no Egito, com base em um plano de 20 pontos apresentado por Washington.
"Acho que vamos chegar a um acordo", declarou o presidente americano, que tem se envolvido pessoalmente na mediação. A declaração de otimismo ocorre no mesmo dia em que equipes de negociadores de Israel e do Hamas se reuniram com mediadores no Cairo para iniciar as "conversas técnicas".
Troca de reféns é o foco inicial
Segundo a Casa Branca, as discussões atuais estão focadas no primeiro e mais urgente ponto do plano de paz: a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos. O plano prevê a libertação dos cerca de 20 reféns que Israel acredita estarem vivos, em troca de 250 prisioneiros palestinos que cumprem penas perpétuas e outros 1.700 detidos durante a guerra.
O Hamas já havia sinalizado na última sexta-feira (3) que concordava com a libertação dos reféns e com a transferência do governo de Gaza para uma autoridade palestina independente.
Principais obstáculos permanecem
Apesar do otimismo de Trump, o caminho para um acordo definitivo ainda é complexo. A proposta americana exige que o Hamas se desarme e não tenha nenhum papel no futuro governo de Gaza — duas condições que o grupo historicamente rejeita e sobre as quais não se pronunciou em seu último comunicado.
Outro ponto de grande divergência é a retirada das tropas israelenses. O plano de Trump deixaria as forças de Israel em posições mais profundas dentro de Gaza do que o Hamas aceitou em negociações anteriores, o que pode levar a um impasse.
Pressão sobre os dois lados
Tanto Israel quanto o Hamas negociam sob intensa pressão. Em Israel, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu enfrenta a ameaça de dissolução de seu governo por parte de seus aliados de extrema direita, que são contra qualquer acordo. Ao mesmo tempo, ele é pressionado pela população e pela comunidade internacional para trazer os reféns de volta.
O Hamas, por sua vez, está sob pressão para encerrar uma guerra que já dura quase dois anos e causou dezenas de milhares de mortes e a destruição de grande parte de Gaza.
Enquanto as negociações avançam no Egito, os combates em terra, embora em menor intensidade, continuaram no fim de semana. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, adotou um tom mais cauteloso que o de Trump, afirmando que "ainda não estamos à beira de um acordo de paz", mas que, pela primeira vez, "existe uma estrutura para que tudo isso possa acabar".
(Com informações do Estadão Conteúdo e de agências internacionais).