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Brasil em Código 2025: Impacto do "tarifaço" na indústria só será medido ao final de agosto

Durante o evento Brasil em Código, alguns cenários econômicos envolvendo inovação e transparência de informações na indústria foram esclarecidos

Por Túlio Feitosa Publicado em 07/08/2025 às 17:39

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A recente discussão sobre o "Tarifaço" imposto pelos EUA ao Brasil tem gerado apreensão em diversos setores da economia brasileira. No entanto, para a Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, responsável pelo termômetro da inovação industrial no país, o real impacto dessa medida na intenção de lançamento de novos produtos ainda é uma incógnita e deve levar meses para ser percebido.

Durante o evento Brasil em Código 2025, realizado em São Paulo-SP, alguns cenários econômicos envolvendo inovação e transparência de informações na indústria foram esclarecidos.

Tarifaço: A espera por sinais concretos

A grande questão para a indústria nacional e, consequentemente, para o Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial - que mede a intenção de lançamento de novos produtos pela indústria brasileira -, é como o "Tarifaço" de Donald Trump influenciará esses dados.

Segundo a GS1 Brasil, os impactos desse cenário ainda não estavam visíveis nos dados de fechamento de julho.

Isso é tudo muito novo. Entendo que agora a indústria brasileira vai se adaptar a esse cenário. A gente sempre trabalha com fechamento mensal. Até fechamento de julho a gente não tinha esse cenário, que foi a última análise que a gente fez.

Entendo que agora, no final de agosto, a gente vai começar a observar algum comportamento relacionado a isso. Mas entendo que isso deve levar pelo menos de dois a três meses para a gente começar a observar os reais impactos na indústria nacional.

"Isso é tudo muito novo. Entendo que agora a indústria brasileira vai se adaptar a esse cenário. A gente sempre trabalha com fechamento mensal. Até fechamento de julho a gente não tinha esse cenário, que foi a última análise que a gente fez", explicou Marina Pereira, gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da GS1 Brasil.

"Entendo que agora, no final de agosto, a gente vai começar a observar algum comportamento relacionado a isso. Mas entendo que isso deve levar pelo menos de dois a três meses para a gente começar a observar os reais impactos na indústria nacional", completou.

A análise é complexa porque o período atual (junho a agosto) já é naturalmente marcado por sazonalidades, com a indústria se voltando para lançamentos de produtos para datas importantes como Natal e Dia das Crianças. Essa atividade normal pode, inicialmente, mascarar ou atenuar os primeiros sinais do "Tarifaço".

A incerteza é agravada pelo fato de ser uma tarifa "nova", algo que o mercado brasileiro não vivenciou nos últimos anos. Além disso, há dúvidas sobre se o "Tarifaço" de fato será efetivado, já que têm ocorrido negociações relacionados a diversos produtos.

 

Indústria desacelera, mas resiste

Dados mais recentes do Índice GS1 Brasil mostram um cenário de cautela. Em julho, a intenção de lançamento de produtos recuou 3,2% na comparação com junho (dado dessazonalizado). A queda é ainda mais acentuada quando comparado a julho do ano passado, chegando a 6,4%.

No acumulado de 2025, o índice já registra uma retração de 4,0%, embora os últimos 12 meses apresentem um leve crescimento de 0,5%.

Na análise regional para o primeiro semestre de 2025, a região Nordeste, onde Pernambuco se insere, mostrou sinais positivos. Abril de 2025 registrou o maior crescimento dentro do primeiro semestre para a região, tanto no comparativo mês a mês quanto com abril de 2024, indicando maior intenção das indústrias locais em lançar produtos.

Embora o ano tenha começado com queda em janeiro, houve recuperação, e junho encerrou com resultado positivo para o Nordeste.

O que é o índice?

O Índice GS1 Brasil de Atividade Industrial é um indicador crucial que mede a intenção de lançamento de novos produtos pela indústria brasileira, funcionando como um termômetro antecipado do apetite das empresas por inovação e expansão de portfólio.

Ele é calculado com base nos pedidos de códigos de barras (GTIN/EAN) que as indústrias solicitam para novos itens que pretendem colocar no mercado. Para a GS1 Brasil, quanto mais o índice cresce, mais a indústria investe na renovação de seu portfólio e na inovação de seus negócios, refletindo a confiança do empresariado brasileiro.

Este índice, inclusive, é um indicador antecedente da produção industrial e possui correlação estatística com a Produção Industrial Mensal (PIM) do IBGE.

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