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Tarifa de 50% dos EUA sobre produtos do Brasil entra em vigor com diálogo travado

Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros entrou em vigor na madrugada desta quarta-feira (6) e é a mais alta entre as aplicadas pelos EUA

Por Túlio Feitosa Publicado em 06/08/2025 às 0:00

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Entrou em vigor, nesta quarta-feira (6), a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre uma gama de produtos brasileiros. A medida começa a valer com os canais de diálogo direto entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump ainda congelados, apesar de breves acenos na semana passada.

Na véspera da implementação, na última terça-feira (5), o presidente Lula declarou que não tomaria a iniciativa de telefonar para o líder americano para negociar. "Não vou ligar para o Trump para negociar nada, porque ele não quer", disse o presidente, sinalizando o impasse.

O impacto na economia

A partir de hoje, a nova sobretaxa de 50% incide sobre 35,9% de tudo o que o Brasil exporta para os EUA, um volume comercial que, com base em 2024, corresponde a US$ 14,5 bilhões anuais.

O impacto econômico não é total, pois o governo americano divulgou previamente uma lista com cerca de 700 itens que foram isentos da sobretaxa, incluindo commodities importantes como petróleo, minério de ferro e suco de laranja. A Embraer também conseguiu negociar uma alíquota reduzida para suas aeronaves.

Ainda assim, a taxa de 50% é, de longe, a mais alta entre as aplicadas pelos EUA a dezenas de outros parceiros comerciais, o que reforça a visão do governo brasileiro de que a medida tem um viés político e "eleitoral", como classificou Lula.

Produtos que serão taxados com 50%

A nova tarifa afeta alguns dos principais itens da pauta de exportações do Brasil para os EUA, entre eles:

  • Café
  • Carne bovina e suína
  • Frutas frescas e secas
  • Cacau
  • Minerais metálicos e não metálicos
  • Produtos industrializados de menor valor agregado
  • Outros alimentos não especificados

Esses produtos não foram incluídos na lista de exceções publicada pela Casa Branca e, com isso, devem sofrer redução de competitividade no mercado americano, impactando diretamente setores importantes da economia brasileira.

Produtos brasileiros isentos da tarifa

Entre os itens que continuarão entrando nos EUA sem aumento de imposto, estão:

  • Suco de laranja
  • Aeronaves da Embraer
  • Peças e componentes da aviação civil
  • Celulose
  • Fertilizantes
  • Madeira e derivados
  • Petróleo bruto e derivados
  • Equipamentos elétricos
  • Veículos e peças específicas
  • Produtos agrícolas e de madeira
  • Metais e minerais específicos
  • Energia e produtos energéticos
  • Bens retornados aos EUA
  • Bens em trânsito
  • Produtos de uso pessoal
  • Donativos e materiais informativos

Além disso, aço e alumínio também não foram incluídos, pois já são tarifados em 50% desde medidas anteriores válidas para todos os países.

Movimento diplomático

Apesar de descartar uma ligação sobre as tarifas, Lula fez um movimento diplomático inesperado na terça-feira, afirmando que pretende, sim, telefonar para Trump, mas para convidá-lo para a COP, a cúpula do clima que será realizada em Belém.

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Impacto bilionário

Um estudo divulgado nesta terça-feira (5) pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) projetou um impacto severo do "tarifaço" americano na economia brasileira, mesmo com a lista de produtos isentos divulgada pelo governo Trump.

Segundo a simulação, a imposição da tarifa de 50% pode reduzir o PIB brasileiro em R$ 25,8 bilhões no curto prazo e eliminar mais de 147 mil empregos formais e informais. A perda de renda para as famílias poderia chegar a R$ 2,74 bilhões em até dois anos.

O levantamento aponta que 55% das exportações do Brasil para os EUA ainda serão afetadas, apesar da isenção concedida a cerca de 700 produtos. Os setores industriais mais atingidos seriam a siderurgia, a fabricação de calçados, produtos de madeira e máquinas e equipamentos. Na agropecuária, o principal impacto seria sobre a cadeia da carne bovina.

Diante do cenário, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, defendeu a via diplomática. "É fundamental que o Brasil atue diplomaticamente para ampliar o número de produtos isentos, preservar sua competitividade [...] e proteger empregos e investimentos nacionais", destacou.

(Com informações do Estadão Conteúdo).

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