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Investigação contra o Pix é estratégia dos EUA para "manter pressão comercial sobre o Brasil", diz ex-procurador do BC

Sistema do Pix encontra-se sob o escrutínio de uma investigação comercial aberta pelos Estados Unidos a pedido do presidente Donald Trump

Por Thiago Seabra Publicado em 17/07/2025 às 14:25 | Atualizado em 17/07/2025 às 14:38

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O sistema de pagamentos instantâneos Pix encontra-se sob o escrutínio de uma investigação comercial aberta pelos Estados Unidos a pedido do presidente Donald Trump.

Para o programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta quinta-feira (17), Marcel Mascarenhas, advogado e ex-procurador do Banco Central, classificou as alegações americanas como uma tática de pressão comercial.

Mascarenhas afirmou que a investigação e as possíveis tarifas contra o Pix parecem ser "muito mais uma justificativa para manter pressão comercial sobre o Brasil do que um fundamento econômico racional".

Ele declarou não enxergar "razão de ser" para essa investigação.

Pix como sistema neutro e aberto

O ex-procurador do Banco Central defende o Pix como um "sistema neutro e aberto" e acessível a qualquer instituição de pagamento ou financeira que atue no Brasil, contanto que siga as leis brasileiras.

Isso significa, segundo ele, que "não há favorecimento a empresas brasileiras em detrimento de empresas americanas" ou estrangeiras.

Mascarenhas ressalta que o Pix garante condições iguais e competitivas a empresas nacionais e estrangeiras.

Para o especialista, a maior adesão ao Pix é uma questão de "eficiência e capacidade de atender aos anseios da população pela universalidade da oferta", em contraste com as dificuldades de instrumentos como cartões de débito e crédito.

Quais são as motivações americanas

A ofensiva dos EUA, que também resultou na tarifação da Indonésia, diz "muito mais respeito aos Estados Unidos e à política do governo Trump de favorecer a indústria e as big techs americanas" do que ao Brasil ou a outros países, na visão de Mascarenhas.

Mascarenhas admite que os EUA, como um país livre, podem adotar sanções, mas ele enfatiza que o Pix é "um serviço público essencial" e que os brasileiros "não estão dispostos a abrir mão dessa facilidade" pela expectativa de uma solução americana.

O sucesso massivo do Pix, que movimentou mais de R$ 26,4 trilhões só em 2024, tornou-se uma "vitrine para o Brasil" e confere peso geopolítico, representando uma possível ameaça ao domínio de empresas americanas no mercado global de meios de pagamento.

Governo brasileiro ironiza decisão dos EUA

Na última quarta-feira (16), o Palácio do Planalto publicou, em perfis nas redes sociais, uma mensagem ironizando a iniciativa estadunidense.

"O Pix é nosso, my friend", disse o perfil oficial do governo brasileiro na imagem da publicação em defesa do sistema eletrônico de movimentação financeira.

O PIX foi criado pelo Banco Central e lançado em 2020, com a justificativa de facilitar a vida dos usuários, alavancar a competitividade e, consequentemente, baixar os custos das transações bancárias para os cidadãos.

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