Trump pergunta a Zelenski sobre capacidade de Ucrânia atacar Rússia
Presidente dos Estados Unidos sondou capacidade ucraniana de atingir cidades russas, sugerindo escalada no conflito com cessão de armas

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Em um movimento que pode indicar uma mudança drástica na abordagem americana sobre o conflito na Europa, o presidente dos EUA, Donald Trump, sondou o líder ucraniano, Volodmir Zelenski, sobre a capacidade da Ucrânia de atacar Moscou e São Petersburgo.
Segundo o jornal britânico Financial Times, a resposta de Zelenski veio acompanhada de uma condição clara: "Sim, se nos derem as armas".
A Casa Branca confirmou a conversa, ocorrida durante um telefonema em 4 de julho, onde discutiram o envio de armamentos americanos à Ucrânia. No entanto, o governo americano minimizou o ocorrido, afirmando que Trump apenas fez uma pergunta e negou qualquer incentivo a ataques.
Apesar de ter prometido, ao retornar à Casa Branca, acabar com a guerra em 24 horas e ter demonstrado simpatia por reivindicações russas no passado, fontes do Financial Times indicam que Trump agora parece irritado com Vladimir Putin e sua estratégia poderia ser fazer os russos "sentirem a dor do conflito" por meio de ataques mais profundos em seu território.
O reforço militar e a linha vermelha dos mísseis
Questionado sobre a possibilidade de Zelenski atacar Moscou, Trump respondeu diretamente: "Não deveria". A porta-voz do governo, Karoline Leavitt, acusou o Financial Times de "retirar palavras de contexto".
No entanto, os planos de reforço militar para a Ucrânia parecem ir além da retórica. Na segunda-feira, 14 de julho, o presidente americano prometeu enviar mais sistemas de defesa Patriot, mísseis e munições, a serem comprados por aliados da OTAN, contornando a necessidade de aprovação do Congresso.
Assessores indicaram a jornais americanos que Trump também considera liberar o uso e enviar mais mísseis Atacms de longo alcance – dos 18 já em território ucraniano e novos envios.
Com alcance de 300 quilômetros, esses mísseis não atingiriam Moscou ou São Petersburgo, mas seriam capazes de alvejar bases militares e de suprimentos dentro da Rússia.
Para atingir as maiores cidades russas, seriam necessários os mísseis de cruzeiro Tomahawk, com alcance de 1.600 quilômetros e alta precisão. Fontes citadas teriam envolvido os Tomahawks nas conversas entre os dois presidentes, embora Trump tenha negado publicamente a possibilidade de fornecê-los.
Quando presidente, Joe Biden já havia enviado mísseis de longo alcance à Ucrânia, provocando ameaças de Moscou. Kiev já atacou cidades fronteiriças russas e atingiu Moscou com drones, mas um ataque com Tomahawks levaria a guerra a um patamar ainda mais crítico.
Linha do tempo da guerra Rússia x Ucrânia
- 2014: Anexação da Crimeia pela Rússia e início do conflito no leste da Ucrânia (Donbas) com apoio russo a separatistas.
- 24 de fevereiro de 2022: Invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, com ataques em diversas frentes e avanço em direção a Kiev.
- Março-Abril de 2022: Forças russas recuam de Kiev, foco da guerra se concentra no leste e sul da Ucrânia. Início de sanções ocidentais severas contra a Rússia.
- Setembro de 2022: Rússia anuncia anexação ilegal de quatro regiões ucranianas (Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia) após referendos. Ucrânia lança contraofensivas bem-sucedidas.
- 2023: Intensificação dos combates, com destaque para a batalha por Bakhmut. Ocidente aumenta apoio militar à Ucrânia. Início de ataques ucranianos com drones e mísseis em território russo.
- 2024: Guerra de desgaste se intensifica. Novas discussões sobre apoio militar ocidental à Ucrânia e sobre a possibilidade de ataques ucranianos mais profundos em território russo.
- Julho de 2025: Relato de que Donald Trump sondou Zelenski sobre capacidade de ataques a Moscou e São Petersburgo, gerando debates sobre o futuro da estratégia de guerra e o envio de armamentos de longo alcance.