Comando Vermelho, alvo de operação no Rio, enfrenta resistência ao tentar se expandir em Pernambuco
Operações recentes no Estado desarticularam grupos ligados à facção carioca. Na semana passada, um líder do Pará também foi capturado no Grande Recife
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A facção Comando Vermelho (CV), alvo de operação com mais de 100 pessoas mortas no Rio na terça-feira (28), criou alianças com outros grupos criminosos e conseguiu se expandir pelo Nordeste nos últimos anos. Mas encontra resistência em Pernambuco.
Investigações recentes no Estado, conduzidas sobretudo pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), resultaram em operações com cumprimento de mandados de prisão e bloqueio de bens e valores - na tentativa de sufocar esses grupos associados ao CV e impedir o avanço da criminalidade.
Na semana passada, inclusive, um líder da facção carioca no Pará foi capturado no município de Camaragibe, no Grande Recife. Foragido depois de assassinar um policial, o homem de 26 anos seguia dando ordens à distância. Depois de investigações e monitoramento, ele acabou preso.
O acusado é suspeito de crimes como tráfico de drogas, extorsão e atentados contra agentes da segurança. Estava foragido do sistema penitenciário do Pará desde 25 de setembro de 2020.
Nas últimas semanas, o CV também passou a causar preocupação entre moradores de alguns bairros do Grande Recife, por causa de pichações com as iniciais da facção em muros de imóveis. Localidades como Nova Descoberta, Casa Amarela e Vasco da Gama, todas na capital, registraram o ato.
Segundo a polícia, no entanto, o Comando Vermelho não está assumindo esses espaços onde há pichações. "Trata-se de alguns grupos querendo mostrar o poder que não têm", definiu uma autoridade policial ouvida em reserva pela coluna Segurança.
"Estamos muito tranquilos em Pernambuco em relação a isso. A gente percebe a tentativa de entrada da facção, mas algo incipiente. Há, sim, membros do Comando Vermelho no Estado. Mas não há domínio de território", afirmou.
Na semana passada, em entrevista à Rádio Jornal, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ivanildo Torres, também reforçou que não há localidades em Pernambuco dominadas por grupos criminosos.
"O policiamento ostensivo é baseado em ciência, em metodologia, com foco nas 'áreas quentes'. Há um acompanhamento diário, porque a gente entende que há modificação e mudança diária dessas organizações criminosas. Quem domina o território é a Polícia Militar. Não há no Estado regiões onde a gente não entre", declarou.
Sobre as pichações com as iniciais da facção carioca, ele disse que "inscrição de qualquer organização criminosa, nós vamos ao local, nós apagamos, nós dominamos o território e colocamos operação juntamente com a inteligência".
Pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou que pelo menos 28,5 milhões de pessoas no País são afetadas no cotidiano pelo crime organizado. Essa estatística foi divulgada no começo deste mês.