Moradores retiram ao menos 60 corpos de mata na Penha após operação no Rio
Segundo a Defensoria Pública do Rio, o total de mortos após a operação policial pode passar de 130, o maior número da história do estado
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Um dia após a operação policial que deixou 58 mortos no Rio de Janeiro, moradores do Complexo da Penha retiraram ao menos 74 corpos de uma área de mata conhecida como Vacaria, na Serra da Misericórdia. Os cadáveres foram levados até a Praça São Lucas, no centro da comunidade, de acordo com o OGlobo.
A contagem total de vítimas ainda não é definitiva. Nesta quarta-feira (29), o governo do Rio de Janeiro confirmou oficialmente 121 mortos durante a megaoperação. Segundo o secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, entre os mortos estão 4 policiais e 117 suspeitos.
Moradores relatam ter encontrado 74 corpos na mata, enquanto o secretário da Polícia Civil fala em 63 corpos localizados na mesma região. Uma perícia será realizada para determinar se essas mortes estão relacionadas diretamente à operação policial.
Operação
O delegado também informou que a polícia prendeu 113 pessoas e apreendeu 10 adolescentes. Entre os detidos, 33 são de outros estados. No total, foram apreendidas 118 armas, sendo 91 fuzis, além de drogas e munições, cujas quantidades exatas ainda estão sendo contabilizadas.
Até a tarde de ontem, o balanço oficial registrava 64 mortos, sendo quatro policiais civis e militares. No entanto, na manhã desta quarta-feira (29), o governador Cláudio Castro (PL-RJ) confirmou oficialmente apenas 58 mortes, das quais 54 seriam de criminosos, sem explicar o motivo da redução em relação ao número divulgado anteriormente.
Com os corpos localizados na mata da Serra da Misericórdia desde a madrugada desta quarta-feira (29), o número tende a aumentar. O Estado, porém, ainda não atualizou o balanço da operação, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro.
Corpos na praça e Investigação
De acordo com relatos de moradores, os corpos foram encontrados após buscas realizadas por familiares e vizinhos desde o fim da operação.
Na manhã desta quarta-feira (29), a praça amanheceu tomada por pessoas tentando reconhecer parentes e amigos, em um ambiente descrito como silencioso e apreensivo.
Moradores também afirmam que ainda há vítimas na parte alta do morro, o que aumenta a incerteza sobre o número real de mortos na operação. De acordo com o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, a corporação vai investigar a situação envolvendo os corpos levados à praça.
Defensoria do Rio fala em 132 mortos
A Defensoria Pública da União (DPU) e 29 entidades repudiaram a megaoperação. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro reafirma que o número de mortos chega a 132, após a ação policial.
A Polícia Militar e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro foram procuradas pelo Estadão, mas não responderam aos pedidos de esclarecimento.