Prejuízo dos brasileiros com golpes digitais cresceu 21% em 2025, aponta estudo
Criminosos estão cada vez mais profissionalizados e concentram ações no ambiente virtual. Em Pernambuco, prejuízo médio das vítimas é de R$ 1,3 mil
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Os criminosos estão mais profissionalizados e concentrando esforços na aplicação de golpes pela internet. O resultado disso é o aumento médio do prejuízo para as vítimas em 2025. Essa é a conclusão do novo estudo realizado pela Silverguard, empresa de inteligência contra golpes financeiros.
A terceira edição da pesquisa "Golpes com Pix", apresentada nesta terça-feira (28), indica que os brasileiros vítimas de crimes virtuais perderam, em média, R$ 2.540 no ano de 2025, um crescimento de 21% em relação a 2024.
O cálculo teve como base dados do Banco Central, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e da análise de 12.197 mil denúncias de vítimas na Central SOS Golpe, plataforma gratuita que auxilia as vítimas a tentar recuperar o dinheiro perdido.
As vítimas do Estado de Alagoas tiveram maior prejuízo médio do País, segundo o levantamento. O valor chegou a R$ 3.370. Em Pernambuco, essa quantia ficou em torno de R$ 1.310.
Os bandidos também estão mais profissionalizados: se antes o destino do dinheiro eram majoritariamente contas de pessoas físicas, agora a maior parte vai para contas jurídicas, dificultando o trabalho da polícia para identificá-los e solicitar à Justiça o bloqueio dos valores.
Quase 30% dos golpes analisados tiveram o aplicativo WhatsApp como origem. O Instagram aparece tem 2º lugar, com 21,4% das vítimas. Na análise por idade, pessoas com 60 anos ou mais perdem, em média, cinco vezes mais que jovens de 18 a 29 anos.
"Os golpes digitais deixaram de ser práticas amadoras. O que vemos hoje é uma indústria criminosa altamente estruturada, que movimenta bilhões, aluga contas PJ, compra anúncios em redes sociais e funciona como uma empresa paralela ao mercado formal. Estamos diante de um crime organizado digital que cresce em escala e sofisticação", analisou Marcia Netto, CEO da Silverguard e coordenadora da pesquisa.
MENOS ROUBOS NAS RUAS, MAIS GOLPES VIRTUAIS
Essa migração da criminalidade para o ambiente virtual não é novidade. Estudos recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e do Atlas da Violência indicaram que, nos últimos anos, os roubos nas ruas apresentaram queda constante, enquanto os casos de estelionato pela internet não pararam de crescer.
Em 2018, o País somou 1,5 milhão de roubos, enquanto que os casos de estelionato ficaram no patamar de 426 mil registros. Mas, a cada ano que passou, as estatísticas sofreram fortes alterações. Em 2023, foram contabilizados 870 mil roubos. Já as queixas de estelionatos saltaram para mais de 1,9 milhão (pelo menos uma vítima a cada 16 segundos).
De acordo com o levantamento da Silverguard, os golpes mais comuns continuam sendo compras falsas em perfis ou lojas inexistentes (42,9%), seguidas por falsas oportunidades de emprego ou renda extra (12,5%) e promessas de multiplicar ou investir dinheiro (12,2%).
ALERTA PARA NOVO GOLPE PELO WHATSAPP
No começo da semana, a Polícia Civil de Pernambuco divulgou nas redes sociais um alerta para o novo golpe que está sendo aplicado contra usuários do WhatsApp. Pessoas de todo o País já foram vítimas e tiveram os dados expostos para criminosos.
De acordo com a Corporação, arquivos .ZIP (formato que contém dados compactados) estão sendo enviados para os aplicativos dos usuários. Se forem abertos, o invasor poderá ter controle sobre o que está sendo acessado na internet, por meio de capturas de telas e espionagem de sites bancários e de criptomoedas, por exemplo.
A Polícia Civil reforçou aos usuários de WhatsApp que evitem abrir arquivos .ZIP que não foram solicitados. Além disso, é preciso manter o antivírus atualizado no computador e nos celulares.