ATLAS DA VIOLÊNCIA 2025 | Notícia

Migração da criminalidade: roubos nas ruas caíram, mas golpes digitais cresceram no País

Estudo aponta que os casos de crimes virtuais, com prejuízos às vítimas, têm relação com o crescimento da sensação de insegurança entre a população

Por Raphael Guerra Publicado em 13/05/2025 às 12:19

O aumento da sensação de insegurança, que permeia a rotina da população brasileira, tem relação direta com a migração da criminalidade nos últimos anos. De acordo com o Atlas da Violência 2025, divulgado na segunda-feira (12), houve queda dos crimes violentos contra o patrimônio (roubos em geral) e dos homicídios, mas os golpes digitais não param de crescer. 

"O estelionato praticado em meios digitais aumentou de forma extraordinária nos últimos anos, alcançando quase dois milhões de registros de ocorrência, apenas em 2023, ou um golpe a cada 16 segundos", pontuou o estudo liderado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 

Em 2018, o País somou 1,5 milhão de roubos, enquanto que os casos de estelionato ficaram no patamar de 426 mil registros. Mas, a cada ano que passou, as estatísticas sofreram fortes alterações. Em 2023, foram contabilizados 870 mil roubos. Já as queixas de estelionatos saltaram para mais de 1,9 milhão. 

"A transformação digital da sociedade ao mesmo tempo em que ajuda a revelar os altos níveis de violência que permeiam as relações sociais, traz em seu bojo novas relações que potencializam o medo do crime. Esse é caso do estelionato no rastro do furto ou roubo de celular, que pode ocasionar prejuízos significativos às vítimas, em valores muitas vezes superiores ao valor do aparelho subtraído", avaliou o Atlas.

Sobre o aumento da sensação de insegurança, a pesquisa de opinião feita pela Genial/Quaest apontou que 29% dos entrevistados enxergavam a questão da criminalidade como o maior problema do Brasil. Essa proporção aumentou 19 pontos percentuais em pouco mais de um ano. 

MENOS RISCOS DE CONFRONTOS COM A POLÍCIA

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, produzido pelo FBSP e divulgado no ano passado, também abordou a tendência de queda nos roubos nas ruas e comércios e crescimento dos golpes virtuais - e pontuou que não se trata de uma migração exclusiva do Brasil. 

"O retorno do crime contra o patrimônio face-a-face é limitado pelo que o criminoso consegue levar. Até mesmo em crimes de domínio de cidades, é necessária uma grande estrutura de armamento, veículos, para que o crime tenha sucesso. Além disso, vestígios como impressões datiloscópicas, material biológico que pode gerar amostras de DNA para futuro confronto e imagens captadas por câmeras têm sido aproveitados para a identificação de autores de crimes", citou o Anuário. 

"No caso dos estelionatos cometidos por meios eletrônicos, a situação muda completamente de figura. O criminoso não precisa estar presencialmente diante da vítima e usar armas ou organizar uma estrutura física para um eventual confronto com as forças de segurança. (...) As novas tecnologias permitem que os criminosos virtuais realizem os golpes em um volume muito maior, pois a partir de uma base de dados de telefones, por exemplo, podem criar robôs para enviar mensagens que busquem ludibriar literalmente milhões de vítimas", complementou. 

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