ATLAS DA VIOLÊNCIA 2025 | Notícia

Mais de 135 mil mortes no País não tiveram causas determinadas, em 11 anos

Estado não conseguiu identificar, entre 2013 e 2023, se esses óbitos foram em decorrência de homicídio, suicídios ou acidentes, aponta levantamento

Por Raphael Guerra Publicado em 12/05/2025 às 11:13 | Atualizado em 12/05/2025 às 13:35

O Estado brasileiro não conseguiu explicar as causas das mortes violentas de 135.407 pessoas entre os anos de 2013 e 2023. De acordo com o Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12), isso significa que 8,6% dos óbitos por causa externa não tiveram a intencionalidade identificada. 

O estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indicou que a incapacidade do Estado em identificar a causa básica das mortes aumentou consideravelmente a partir de 2018. 

E que esse fenômeno das mortes violentas por causa indeterminada (MVCI) está concentrado nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Juntos, representam 66,4% do total. 

"Ao longo dos onze anos analisados, em média, o Estado não conseguiu identificar a intencionalidade de 12.309 óbitos ao ano. Enquanto no período encerrado em 2017 a participação anual média das MVCI nas mortes por causa externa foi de 6,6%, entre 2018 e 2023 a média anual foi de 10,3%", afirmou a pesquisa.

HOMICÍDIOS OCULTOS

Os pesquisadores do Altas da Violência 2025 afirmam que, no período entre 2013 e 2023, foram identificados 51.608 homicídios ocultos no Brasil, ou seja, uma média anual de 4.692 que deixaram de ser contabilizados.

"Tais homicídios cujas causas básicas o Estado não identificou correspondem a tragédias invisibilizadas correspondentes à queda de 100 boeings 747-8i totalmente lotados, sem sobreviventes. Portanto, nos 11 anos em análise, ao invés ter ocorrido 598.399, houve, na realidade, 650.007 homicídios no País", avaliaram.

Os dados são coletados a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. 

ESPÍRITO SANTO APRIMOROU DADOS 

O estudo ainda pontuou que, após a divulgação do número de homicídios ocultos no Atlas da Violência 2024, os governos estaduais se mobilizaram para melhorar a qualidade da apuração dos dados. 

"O resultado desse esforço foi captado por nossas estimativas, que indicaram que 21 UFs [unidades da federação] conseguiram reduzir o número de homicídios ocultos entre 2022 e 2023", indicou o Atlas. 

O Espírito Santo, por exemplo, criou um grupo de trabalho com componentes das secretarias de saúde, segurança pública e planejamento a fim de qualificar os dados.

Desta forma, enquanto a estimativa de homicídio oculto no Espírito Santo em 2022 foi de 205 casos, em 2023 esse indicador passou para apenas sete, fazendo com que o Estado apresentasse, nesse último ano, a menor taxa de homicídio oculto por 100 mil habitantes do País.

Pernambuco também apresentou, em 2023, o menor número de homicídios ocultos desde 2013. Foram 50 casos indicados pela pesquisa. Para se ter uma ideia, em 2022 foram 237 registros. 

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