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Suspeito de ameaçar Felca confessa invasão a sistemas de governos e diz que faturou R$ 500 mil

Depoimento obtido pelo JC detalha a confissão de Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, 22 anos, preso em Olinda. Ele e um amigo foram encaminhados ao Cotel

Por Raphael Guerra Publicado em 26/08/2025 às 14:13 | Atualizado em 26/08/2025 às 14:33

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Em depoimento à Polícia Civil, após ser preso na segunda-feira (25), Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 22 anos, afirmou que invade sistemas de governos e que já faturou mais de R$ 500 mil fornecendo dados sigilosos de órgãos públicos. O Jornal do Commercio teve acesso à íntegra do que disse o homem suspeito de ameaçar de morte o youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca.

O documento de duas páginas faz parte do conteúdo encaminhado à Justiça para audiência de custódia, nesta terça-feira (26), que resultou na conversão da prisão em flagrante em preventiva de Cayo e do amigo dele, identificado como Paulo Vinicios Oliveira Barbosa, 21. Ambos foram flagrados acessando o sistema da Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco, por isso foram autuados pelo crime de invasão de dispositivos informáticos. 

No depoimento, na Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos, na área central do Recife, Cayo declarou que conheceu o amigo há cerca de dois anos e que trabalha com serviços de informática, pois está desempregado. Confirmou que realizava compra e venda de logins de usuários de sistemas governamentais e que realizava invasão de sistemas. Ele negou qualquer ameaça ao youtuber Felca.

O suspeito afirmou que chegou a ser alvo de operação recente da Polícia Federal, mas que nada teria sido encontrado contra ele. Cayo disse que faz serviços ilegais como emissão e revogação de mandados de prisão, chegando a cobrar R$ 15 mil, além de inclusão de dívidas no Serasa e alterações no sistema do SUS (Sistema Único de Saúde) e da Receita Federal. 

No depoimento, Cayo afirmou que vendeu uma base de dados do Instituto de Identificação Tavares Buril pelo valor de R$ 50 mil. E que contrata pessoas para criar programas que coletam credenciais de acesso de órgãos públicos. 

Os pagamentos, segundo o suspeito, seriam por criptomoedas ou Pix. Neste último caso, ele disse que fornecia a conta de terceiros. 

SUSPEITOS SEGUIRAM PARA O COTEL

Em audiência de custódia, a Justiça determinou a prisão preventiva de Cayo e do amigo dele. Ambos foram encaminhados ao Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.

Mais cedo, na saída do Grupo de Operações Especiais (GOE), no Recife, em direção ao Fórum de Olinda, Cayo falou com a equipe da TV Jornal. E negou ter enviado ameaças de morte a Felca.

"Foi eu não. Foi outra pessoa. (...) foi um grupo de internet. Eu concordo com ele [Felca]. Sou a favor dele", declarou no momento em que era colocado na viatura policial. Já Paulo permaneceu em silêncio ao ser questionado pela reportagem.

O JC não conseguiu contato com a defesa do suspeito.

AMEAÇAS A FELCA

Na semana passada, a pedido de Felca, a Justiça determinou a quebra do sigilo de um usuário do serviço de e-mail do Google que ameaçou de morte o youtuber.

Os e-mails têm os seguintes dizeres: "e ae babaca vc acha que vai fica vc impune por denunciar o hytalo santos vc ta enganado vc vai se ferrar muito sua vida após a denunciando ele prepara pra morrer vc vai pagar com a sua vida" e "ae macaco branco vc vai morrer se prepara por sua vida vc corre risco e vc vai pagar com a vida vc e um otário pedófilo".

As ameaças vieram depois de o youtuber denunciar, em vídeo, a 'adultização' de crianças e adolescentes nas redes sociais.

INVESTIGAÇÃO DE EXPLORAÇÃO SEXUAL POR MEIO DE DESAFIOS

Em coletiva de imprensa, o delegado Guilherme Caselli, de São Paulo, confirmou que apura indícios de que Cayo faça parte de uma rede que explora sexualmente crianças e adolescentes na internet, por meio de "desafios virtuais".

"Há suspeita, de fato, que ele participe de uma organização, de uma estrutura que tem um apelo via rede discord de exploração sexual de crianças adolescentes através de desafios. A gente colheu informações, apreendemos celulares e computadores. Tudo isso vai ser submetido para perícia e teremos desdobramentos."

O delegado quer que Cayo seja transferido para São Paulo.

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