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Morte em blitz: PMs que participaram de perseguição e tiros no Recife continuam nas ruas

Quatro profissionais estavam na ocorrência com óbito de Lucas Brendo. Polícia Militar diz que orientação ao efetivo é de só atirar em legítima defesa

Por Raphael Guerra Publicado em 16/07/2025 às 9:57

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Os quatro policiais militares do 1º Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) envolvidos na perseguição ao carro que furou uma blitz de trânsito em Setúbal, Zona Sul do Recife, na última sexta-feira (11), continuam trabalhando nas ruas. O caso segue em investigação para comprovar se houve troca de tiros, como afirma o efetivo, ou se apenas os militares atiraram - como dizem os jovens que estavam no veículo.

Durante a perseguição, já na altura da Estrada da Batalha, em Jaboatão dos Guararapes, tiros atingiram o supervisor de telecomunicações Lucas Brendo da Silva, de 29 anos, que estava no banco do passageiro, e outro amigo. Ambos foram socorridos para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira e, posteriormente, transferidos para o Hospital da Restauração, no Derby. Lucas não sobreviveu. 

O motorista alegou, em entrevistas, que voltava de uma partida de futebol na praia de Boa Viagem e decidiu furar a blitz porque estava com o IPVA atrasado e teve medo de o carro ser apreendido.  

Pela primeira vez, ainda que tenha sido por meio de uma nota oficial, a Polícia Militar de Pernambuco comentou o caso. Afirmou que, nos cursos de formação e nos de capacitação, é trabalhada a doutrina que orienta a atuação dos policiais militares. 

"Nela está previsto o acompanhamento em situações de fuga, como aconteceu na última sexta-feira. Importante ressaltar que, de forma geral, os policiais não devem efetuar disparos de arma de fogo, a não ser em caso de legítima defesa própria ou de outrem", disse. 

E reforçou que "o caso segue em investigação e os envolvidos não estão afastados do serviço operacional".

Desde janeiro, uma portaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública definiu diretrizes para o uso de armas de fogo pelas forças de segurança. Um dos itens orienta que não sejam disparados tiros em veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão aos profissionais de segurança  ou a terceiros.

INVESTIGAÇÃO

GABRIEL FERREIRA/JC IMAGEM
Carro que furou blitz em Setúbal, Zona Sul do Recife, foi levado para o DHPP para perícia - GABRIEL FERREIRA/JC IMAGEM

O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com acompanhamento do Ministério Público de Pernambuco. A perícia realizada no caso usado pelos quatro jovens será fundamental para esclarecer se houve a troca de tiros. 

De acordo com a Polícia Militar, na tentativa de fuga os ocupantes do carro atiraram contra o efetivo. E, após o veículo bater, dois deles teriam entrado em luta corporal com os militares. A corporação afirmou que duas armas de fogo, um simulacro e oito munições deflagradas foram apreendidos na ocorrência. 

O motorista negou que o grupo estava armado e declarou que os PMs insistiam para que eles afirmassem ter armas de fogo. Segundo a testemunha, só havia uma arma de gel no carro. 

Os dois jovens que não ficaram feridos foram ouvidos no DHPP, no dia da ocorrência, e foram liberados. 

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