MPPE acompanha investigação de jovem morto após blitz e perseguição no Recife
Enquanto Polícia Militar afirma que houve troca de tiros, testemunhas dizem que não havia armas de fogo no carro. Lucas Brendo da Silva morreu

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Em meio à incerteza sobre o que de fato aconteceu durante a perseguição policial ao carro que furou uma blitz de trânsito em Setúbal, Zona Sul do Recife, na última sexta-feira (11), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) decidiu acompanhar as investigações. O supervisor de telecomunicações Lucas Brendo da Silva, de 29 anos, que estava no banco do passageiro, foi atingido e morreu.
Enquanto a versão oficial da Polícia Militar de Pernambuco afirma que houve uma troca de tiros durante a perseguição, jovens que estavam no veículo e familiares deles garantem que eles não estavam com armas de fogo e que só o efetivo do 1º Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) efetuou os disparos.
A coluna Segurança apurou que Grupo de Atuação Conjunta Especializada (Gace) e Controle Externo do MPPE já solicitou informações à Polícia Civil sobre o andamento do inquérito e pelo menos uma dupla de promotores de Justiça deve acompanhar o avanço das provas.
"TENTARAM FORÇAR A GENTE A FALAR QUE TINHA ARMA"
O motorista do carro, que preferiu não se identificar, afirmou que ele e mais três amigos (incluindo Lucas) voltavam de uma partida de futebol na praia de Boa Viagem, por volta das 21h40, quando perceberam a blitz de trânsito. "Eles [policiais] fizeram sinal de parada. Por estar com o IPVA atrasado, passei a blitz. Quando estava chegando na altura da Estrada da Batalha [Jaboatão dos Guararapes], a gente percebeu que eles estavam perseguindo a gente", contou, em entrevista à TV Jornal.
"Consegui visualizar quatro policiais. Eles começaram a efetuar os disparos. Quando tentei subir o meio-fio, Lucas foi atingido pelo tiro. Naquele momento, pegaram a gente, começaram a apertar o pescoço, jogaram a gente no chão, tentaram forçar a gente a falar que tinha arma", afirmou a testemunha, que ainda disse que havia uma arma de gel no veículo, pertencente ao irmão.
De acordo com a Polícia Militar, na tentativa de fuga os ocupantes do veículo atiraram contra o efetivo. Disse ainda que houve luta corporal com dois ocupantes e que, após serem rendidos, foram apreendidas duas armas de fogo, um simulacro e oito munições deflagradas.
SOCORRO AOS FERIDOS E LIBERDADE AOS DETIDOS
Lucas e outro ocupante do carro ferido à bala foram levados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira. Posteriormente, houve a transferência para o Hospital da Restauração, no Derby. O supervisor morreu logo depois. Já o amigo, de 25 anos, segue internado em estado grave, e iria passar por cirurgia.
O motorista e outro jovem foram detidos e conduzidos ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. Eles foram ouvidos e liberados, segundo a Polícia Civil.
O veículo, com várias marcas de tiros, vai passar por perícia e será a peça-chave para esclarecer o caso.
A Polícia Civil informou, também em nota, que a Força-Tarefa de Homicídios registrou as ocorrências "de porte ilegal de arma de fogo, desobediência, resistência, direção perigosa, dano/depredação e uma morte decorrente de intervenção de agente do Estado". E não forneceu mais detalhes da investigação.
DESPEDIDA
Na tarde do domingo (13), o corpo de Lucas foi enterrado no Cemitério de Santo Amaro, na área central do Recife.
Familiares e amigos estavam em choque com a morte precoce do jovem, que havia acabado de ser promovido no emprego e havia pedido a namorada em casamento.
USO DE ARMA DE FOGO É ÚLTIMO RECURSO, DIZ MJSP
Em portaria publicada em janeiro deste ano, o Ministério da Justiça e Segurança Pública definiu diretrizes para o uso de armas de fogo pelas forças de segurança. E decidiu que o emprego delas será uma medida de último recurso.
O documento pontuou que não é legítima o uso de arma de fogo contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou de lesão aos profissionais de segurança pública ou a terceiros.
O mesmo vale em caso de veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão aos profissionais de segurança pública ou a terceiros.
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