MPPE acompanha investigação de jovem morto após blitz e perseguição no Recife

Enquanto Polícia Militar afirma que houve troca de tiros, testemunhas dizem que não havia armas de fogo no carro. Lucas Brendo da Silva morreu

Por Raphael Guerra Publicado em 14/07/2025 às 15:35

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Em meio à incerteza sobre o que de fato aconteceu durante a perseguição policial ao carro que furou uma blitz de trânsito em Setúbal, Zona Sul do Recife, na última sexta-feira (11), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) decidiu acompanhar as investigações. O supervisor de telecomunicações Lucas Brendo da Silva, de 29 anos, que estava no banco do passageiro, foi atingido e morreu. 

Enquanto a versão oficial da Polícia Militar de Pernambuco afirma que houve uma troca de tiros durante a perseguição, jovens que estavam no veículo e familiares deles garantem que eles não estavam com armas de fogo e que só o efetivo do 1º Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) efetuou os disparos. 

A coluna Segurança apurou que Grupo de Atuação Conjunta Especializada (Gace) e Controle Externo do MPPE já solicitou informações à Polícia Civil sobre o andamento do inquérito e pelo menos uma dupla de promotores de Justiça deve acompanhar o avanço das provas. 

"TENTARAM FORÇAR A GENTE A FALAR QUE TINHA ARMA"

O motorista do carro, que preferiu não se identificar, afirmou que ele e mais três amigos (incluindo Lucas) voltavam de uma partida de futebol na praia de Boa Viagem, por volta das 21h40, quando perceberam a blitz de trânsito. "Eles [policiais] fizeram sinal de parada. Por estar com o IPVA atrasado, passei a blitz. Quando estava chegando na altura da Estrada da Batalha [Jaboatão dos Guararapes], a gente percebeu que eles estavam perseguindo a gente", contou, em entrevista à TV Jornal.

"Consegui visualizar quatro policiais. Eles começaram a efetuar os disparos. Quando tentei subir o meio-fio, Lucas foi atingido pelo tiro. Naquele momento, pegaram a gente, começaram a apertar o pescoço, jogaram a gente no chão, tentaram forçar a gente a falar que tinha arma", afirmou a testemunha, que ainda disse que havia uma arma de gel no veículo, pertencente ao irmão.

De acordo com a Polícia Militar, na tentativa de fuga os ocupantes do veículo atiraram contra o efetivo. Disse ainda que houve luta corporal com dois ocupantes e que, após serem rendidos, foram apreendidas duas armas de fogo, um simulacro e oito munições deflagradas.

SOCORRO AOS FERIDOS E LIBERDADE AOS DETIDOS

GABRIEL FERREIRA/JC IMAGEM
Carro que furou blitz em Setúbal, Zona Sul do Recife, foi levado para o DHPP para perícia - GABRIEL FERREIRA/JC IMAGEM

Lucas e outro ocupante do carro ferido à bala foram levados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira. Posteriormente, houve a transferência para o Hospital da Restauração, no Derby. O supervisor morreu logo depois. Já o amigo, de 25 anos, segue internado em estado grave, e iria passar por cirurgia. 

O motorista e outro jovem foram detidos e conduzidos ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife. Eles foram ouvidos e liberados, segundo a Polícia Civil. 

O veículo, com várias marcas de tiros, vai passar por perícia e será a peça-chave para esclarecer o caso. 

A Polícia Civil informou, também em nota, que a Força-Tarefa de Homicídios registrou as ocorrências "de porte ilegal de arma de fogo, desobediência, resistência, direção perigosa, dano/depredação e uma morte decorrente de intervenção de agente do Estado". E não forneceu mais detalhes da investigação.

DESPEDIDA

Na tarde do domingo (13), o corpo de Lucas foi enterrado no Cemitério de Santo Amaro, na área central do Recife.

Familiares e amigos estavam em choque com a morte precoce do jovem, que havia acabado de ser promovido no emprego e havia pedido a namorada em casamento.

USO DE ARMA DE FOGO É ÚLTIMO RECURSO, DIZ MJSP

Em portaria publicada em janeiro deste ano, o Ministério da Justiça e Segurança Pública definiu diretrizes para o uso de armas de fogo pelas forças de segurança. E decidiu que o emprego delas será uma medida de último recurso. 

O documento pontuou que não é legítima o uso de arma de fogo contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou de lesão aos profissionais de segurança pública ou a terceiros. 

O mesmo vale em caso de veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão aos profissionais de segurança pública ou a terceiros.

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