Morte em blitz: 'Tentaram forçar a gente a falar que tinha arma', diz motorista

Testemunha afirmou que somente policiais militares atiraram durante perseguição que teve início em Setúbal, no Recife. Jovem de 29 anos morreu

Por Raphael Guerra Publicado em 14/07/2025 às 14:53 | Atualizado em 14/07/2025 às 15:23

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O motorista do carro envolvido numa perseguição policial após furar uma blitz em Setúbal, na Zona Sul do Recife, contestou a versão oficial do 1º Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), que declarou ter ocorrido uma troca de tiros. O supervisor de telecomunicações Lucas Brendo da Silva, de 29 anos, que estava no banco do passageiro, foi atingido e morreu. 

Em entrevista à TV Jornal, o motorista, que preferiu não se identificar, afirmou que ele e mais três amigos (incluindo Lucas) voltavam de uma partida de futebol na praia de Boa Viagem, por volta das 21h40 da sexta-feira (11), quando perceberam a blitz de trânsito. "Eles [policiais] fizeram sinal de parada. Por estar com o IPVA atrasado, passei a blitz. Quando estava chegando na altura da Estrada da Batalha, a gente percebeu que eles estavam perseguindo a gente", contou.

"Consegui visualizar quatro policiais. Eles começaram a efetuar os disparos. Quando tentei subir o meio-fio, Lucas foi atingido pelo tiro. Naquele momento, pegaram a gente, começaram a apertar o pescoço, jogaram a gente no chão, tentaram forçar a gente a falar que tinha arma", afirmou a testemunha, que ainda disse que havia uma arma de gel no veículo, pertencente ao irmão.

De acordo com a versão oficial da Polícia Militar, na tentativa de fuga os ocupantes do veículo atiraram contra o efetivo do BPTran. E que, após o grupo ser rendido, foram apreendidas duas armas de fogo, um simulacro e oito munições deflagradas.

Lucas e outro ocupante do carro ferido à bala foram levados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira. Posteriormente, houve a transferência para o Hospital da Restauração, no Derby. O supervisor morreu logo depois. Já o amigo, de 25 anos, segue internado em estado grave, e iria passar por cirurgia.

Além dos dois jovens feridos, outros dois foram detidos e conduzidos ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife.

Acervo pessoal
Lucas Brendo da Silva morreu após ser atingido por tiros numa blitz do BPTran - Acervo pessoal

A Polícia Civil informou que a Força-Tarefa de Homicídios registrou as ocorrências "de porte ilegal de arma de fogo, desobediência, resistência, direção perigosa, dano/depredação e uma morte decorrente de intervenção de agente do Estado".

Os detidos foram ouvidos no DHPP e liberados. O veículo, com várias marcas de tiros, vai passar por perícia. A investigação continua para esclarecer a dinâmica dos fatos. 

USO DE ARMA DE FOGO É ÚLTIMO RECURSO, DIZ MJSP

Em portaria publicada em janeiro deste ano, o Ministério da Justiça e Segurança Pública definiu diretrizes para o uso de armas de fogo pelas forças de segurança. E decidiu que o emprego delas será uma medida de último recurso. 

O documento pontuou que não é legítima o uso de arma de fogo contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou de lesão aos profissionais de segurança pública ou a terceiros. 

O mesmo vale em caso de veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão aos profissionais de segurança pública ou a terceiros.

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