Especialistas discutem o desafio dos municípios no combate à violência em Pernambuco
Debate na Rádio Jornal, nesta quinta-feira (3), abordou estudo do TCE-PE que identificou que maioria das cidades não conta com plano de segurança

O levantamento do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) que apontou que 97% dos municípios não realizam diagnóstico da segurança local foi discutido durante o Debate da Super Manhã, da Rádio Jornal, nesta quinta-feira (3). O JC está publicando uma série de reportagens sobre o tema, detalhando os principais pontos da pesquisa.
"Os resultados desse levantamento mostram um nível ainda inicial dos municípios em relação a essa temática de segurança pública, com 92% dos municípios ainda sem um plano local, que se torna pedra angular de qualquer política pública na área de segurança. Esse é um número que inicialmente chamou atenção e que a gente vai com certeza trabalhar para poder desenvolver nos municípios essa capacidade de atuar melhor em segurança pública", disse Bruno Ribeiro, auditor de Controle Externo do TCE-PE.
"Eu defendo num primeiro momento a capacitação dos municípios para que eles possam produzir os seus planos municipais, ter o seu diagnóstico para saber o que que eles precisam. Obviamente que o município da Região Metropolitana tem um perfil de criminalidade completamente diferente de um município do interior. Então, para que esse plano de fato tenha eficácia é preciso que o município saiba do que se trata a violência naquela região dele", complementou.
O único município que atingiu o nível "aprimorado" no levantamento do TCE-PE foi o Recife.
Dos 44 questionamentos feitos, a capital pernambucana respondeu "sim" para 34. Mas confessou que não conta com um diagnóstico da segurança local - um dos itens mais importantes. O Recife concentra 18,5% das mortes violentas ocorridas no Estado entre janeiro e maio deste ano, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS).
ILUMINAÇÃO PÚBLICA
O secretário de Ordem Pública e Segurança do Recife, Alexandre Rêbelo, afirmou que ações de prevenção estão sendo colocadas em prática pela gestão - citou por exemplo a construção das unidades do Compaz. E destacou algumas medidas mais básicas, como a iluminação pública, que fazem a diferença na redução dos crimes.
"Na hora que você torna a cidade mais iluminada, as ruas mais iluminadas, as praças mais iluminadas, você ajuda a desestimular a ocorrência de crimes. Há pesquisas que mostram, por exemplo, mulheres que dizem que se sentem muito mais seguras em ambientes mais iluminados. A prefeitura tem feito um trabalho grande nessa linha", declarou.
GUARDA MUNICIPAL
Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Bartolomeu Bueno ressaltou a importância da Guarda Municipal na prevenção à violência.
"Algumas guardas municipais, como a de São Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo, são mais bem aparelhadas às vezes do que a Polícia Militar. O que é que fazem lá? Eles não têm poder de polícia, mas estão em toda praça, ou seja, fazendo a segurança preventiva. É importante que todos os municípios tenham a sua Guarda Municipal", pontuou.
"A guarda precisa estar bem próxima do cidadão. Mas o cidadão não quer ver um guarda com fuzil. Ele quer conversar com o guarda, porque, na maioria das vezes, o que alimenta o crime é algo que a guarda pode solucionar", destacou Armando Nascimento, pesquisador, consultor e especialista em Governança, Estratégias e Sistemas de Segurança Pública da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).