Justiça decreta prisão de policial penal e 2 detentos por tráfico de drogas no Presídio de Igarassu
Trio foi autuado em flagrante após 165 gramas de maconha serem encontrados na cueca de um preso durante revista pessoal, na sexta-feira (13)

A Justiça decretou, em audiência de custódia, a prisão preventiva de um policial penal e dois detentos pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico no Presídio de Igarassu, no Grande Recife.
O flagrante aconteceu na manhã da sexta-feira (13), quando foram encontrados 165 gramas de maconha na cueca do reeducando Renê dos Santos Alves durante revista pessoal.
Ao ser questionado pela equipe de plantão, ele declarou ter recebido o entorpecente do policial penal Eluilson Gomes Nunes da Silva na sala do conselho de disciplina, onde o profissional atua.
Em depoimento à polícia, disse ainda que, dias antes, já havia recebido uma quantidade de crack do mesmo policial penal por indicação do detento Paulo Victor dos Santos Pinto e que iria entregar a ele a maconha descoberta durante a revista.
Já Eluilson afirmou, em depoimento, que chamou Renê até a sala para que chamasse outros dois detentos que precisavam assinar interrogatórios. Negou ter conhecimento da droga, afirmando que possivelmente o preso já entrou na sala com ela.
Paulo Victor disse, durante a ouvida, que está no Presídio de Igarassu desde dezembro de 2024 e que responde por extorsão e associação criminosa. Negou ter conhecimento do suposto esquema de tráfico de drogas e disse acreditar que Renê citou o seu nome a pedido de outro preso.
No auto de flagrante encaminhado à Justiça, o delegado Vitor Freitas, do Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), citou contradições no depoimento do policial penal, que afirmou ter entrado cerca de cinco minutos antes na sala do conselho de disciplina, mas as imagens de câmeras indicaram que ele entrou praticamente ao mesmo tempo que Renê.
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
Na audiência de custódia, o Ministério Público opinou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva. A juíza plantonista, Naiana Lima Cunha, concordou. Na decisão, a magistrada pontuou que os suspeitos demonstram "especial ousadia e periculosidade".
A juíza determinou que os detentos continuassem no Presídio de Igarassu e que o policial penal fosse encaminhado ao Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.
Em nota, na sexta-feira, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) declarou que estava instaurando procedimento disciplinar para responsabilização dos envolvidos.
PRESÍDIO DE IGARASSU É ALVO DE INVESTIGAÇÃO
A prisão do policial penal expôs, novamente, a rede de corrupção no sistema prisional de Pernambuco. Desta vez, pelo menos, houve o flagrante para punir os suspeitos.
A Polícia Federal segue com as investigações relacionadas ao forte esquema de corrupção no Presídio de Igarassu. Em 25 de fevereiro, uma operação prendeu o ex-diretor Charles Belarmino de Queiroz e mais sete policiais penais.
O grupo é suspeito de beneficiar presos, liberando a entrada de drogas, bebidas alcoólicas e até garotas de programa. Em troca, recebia pagamentos de propina - via PIX.
Em abril, na segunda fase da operação o alvo de mandado de prisão preventiva foi André de Araújo Albuquerque, ex-secretário executivo de Administração Penitenciária e Ressocialização.
A prisão preventiva foi decretada a pedido da Polícia Federal, que descobriu um vídeo em que ele aparece recebendo dinheiro de um preso e de Charles na sala da diretoria do Presídio de Igarassu. As notas foram guardadas em uma sacola, conforme as imagens que fazem parte do inquérito.