Anvisa aprova primeiro medicamento para tratar apneia do sono em pessoas com obesidade

Novo uso do Mounjaro promete reduzir paradas respiratórias e trazer melhora significativa na qualidade do sono e na saúde geral dos pacientes

Por Maria Clara Trajano Publicado em 20/10/2025 às 17:45

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Dormir bem é uma necessidade básica, mas para quem sofre de apneia obstrutiva do sono (AOS), as noites podem ser um verdadeiro desafio.

O distúrbio, caracterizado por paradas repetidas na respiração durante o sono, afeta milhões de brasileiros e está ligado a doenças como hipertensão, AVC, diabetes e problemas cardíacos.

Tratamento

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (20) o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) como o primeiro tratamento farmacológico indicado para apneia obstrutiva do sono moderada a grave em adultos com obesidade.

Até então, as principais opções de tratamento se concentravam em aparelhos de pressão positiva (CPAP), usados durante o sono, que ajudam a manter as vias aéreas abertas.

A condição

De acordo com a Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), mais de 49 milhões de brasileiros são afetados pela apneia. Entre os sintomas mais comuns estão:

  • Ronco intenso;
  • Sonolência durante o dia;
  • Fadiga;
  • Dores de cabeça matinais;
  • Dificuldade de concentração.

Aprovação do medicamento

Segundo Luiz André Magno, diretor médico sênior da Lilly, fabricante do Mounjaro, a aprovação representa um avanço inédito no cuidado com os pacientes.

“É um marco transformador, já que a apneia é uma condição subdiagnosticada e com opções de tratamento limitadas. O Mounjaro oferece uma nova esperança ao tratar a causa subjacente da doença em pacientes com obesidade, melhorando a qualidade de vida e reduzindo os riscos cardiometabólicos”, destacou o médico.

Os estudos que embasaram a aprovação da Anvisa fazem parte do programa clínico SURMOUNT-OSA, que avaliou a eficácia e a segurança do medicamento em pacientes com apneia e obesidade. Os resultados chamaram atenção:

  • Pacientes que não usavam o aparelho CPAP apresentaram, em média, 27 interrupções respiratórias a menos por hora de sono;
  • Entre os que usavam o CPAP, a redução foi ainda maior, 30 paradas respiratórias a menos por hora;
  • Após um ano de tratamento, até 50% dos pacientes deixaram de apresentar sintomas significativos da apneia;
  • Além disso, os participantes perderam cerca de 20% do peso corporal, o que contribui diretamente para a melhora da respiração noturna e da saúde geral.

O Mounjaro, que já era utilizado para o tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, atua no controle dos níveis de glicose e na regulação do apetite, o que ajuda na perda de peso, um dos principais fatores associados à apneia do sono.

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