Hepatite: sintomas silenciosos dificultam diagnóstico; saiba como reconhecer
Campanha Julho Amarelo reforça a importância do diagnóstico precoce, vacinação e da conscientização sobre os diferentes tipos de hepatite viral

As hepatites virais são infecções que afetam o fígado e podem evoluir de forma silenciosa por anos, aumentando o risco de complicações como cirrose, insuficiência hepática e câncer.
Estima-se que essas infecções sejam responsáveis por cerca de 1,4 milhão de mortes anuais no mundo, segundo o Ministério da Saúde, número comparável à mortalidade por HIV e tuberculose.
A prevenção por meio da vacinação e o diagnóstico precoce por testagem são considerados os principais aliados no combate à doença.
Há cinco tipos virais conhecidos: hepatite A, B, C, D e E — cada um com particularidades em relação à transmissão, gravidade e formas de prevenção.
Quais são os tipos de hepatite viral
Hepatite A
Causada pelo vírus HAV, é transmitida por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados. Costuma ter evolução benigna, mas a gravidade aumenta com a idade.
Hepatite B
Transmissível por sangue, sêmen e outros fluidos corporais, é considerada uma infecção crônica que pode evoluir silenciosamente para quadros graves. Existe vacina disponível no SUS.
Hepatite C
A forma crônica da infecção pelo HCV é a mais comum e perigosa. A doença pode se desenvolver por décadas sem sintomas. Tem cura e tratamento gratuito oferecido pelo SUS.
Hepatite D
Também chamada de Delta, ocorre apenas em pessoas já infectadas com o vírus da hepatite B. Agrava significativamente o quadro clínico quando presente em coinfecção ou superinfecção.
Hepatite E
Com transmissão fecal-oral, é mais frequente em locais com saneamento básico precário. Costuma ser autolimitada, mas pode ter complicações, especialmente em gestantes.
Diagnóstico precoce é essencial para conter a transmissão
De acordo com o hepatologista Pedro Falcão, muitas pessoas convivem com hepatite sem saber.
“A hepatite viral, especialmente a do tipo C, pode permanecer assintomática por décadas. O diagnóstico precoce é essencial para evitar que o quadro evolua para cirrose ou câncer de fígado. Felizmente, hoje contamos com exames como a elastografia hepática, disponível na rede privada e no SUS, que ajudam a identificar o grau de comprometimento do fígado de forma não invasiva e precisa”, afirma o especialista.
O Ministério da Saúde disponibiliza testes rápidos para hepatites B e C nas unidades de saúde, com resultado em poucos minutos.
O tratamento para hepatite C, por exemplo, tem apresentado altos índices de eficácia e menos efeitos colaterais nos últimos anos.
Vacinação e ações de prevenção
A vacina contra a hepatite B é oferecida gratuitamente em postos de saúde e faz parte do calendário nacional de vacinação.
A imunização contra a hepatite A também está disponível para determinados grupos, como crianças e pessoas com comorbidades.
A prevenção das hepatites inclui ainda:
- Uso de preservativos;
- Não compartilhamento de objetos perfurocortantes (alicates de unha, por exemplo);
- Cuidados com a higiene de alimentos e da água consumida.
Durante o Julho Amarelo, campanhas educativas e de testagem são intensificadas em todo o país. Além de ampliar o acesso à informação, a campanha busca combater o estigma relacionado às hepatites e incentivar o cuidado com a saúde hepática.
Assista ao videocast Saúde e Bem-Estar, do JC, sobre vacinação