Evento debate saneamento, aponta soluções no setor privado e expõe cenário preocupante na região Nordeste
Feira apresentou levantamento que aponta que país deve investir R$ 387 bilhões em água e esgoto, mas ainda será insuficiente para universalização

Entre os dias 25 e 27 de junho, representantes do poder público, da iniciativa privada, legisladores, associações, entidades de classe, órgãos de Justiça e cidadãos se reuniram para debater a universalização do saneamento básico, durante a IFAT Brasil 2025, em São Paulo.
A Feira Internacional para Água, Esgoto, Drenagem e Soluções em Recuperação de Resíduos contou com programação gratuita e aberta ao público.
Foram abordados temas como a gestão de água, esgoto e resíduos, além de soluções tecnológicas e sustentáveis para o país, o fortalecimento dos contratos de concessão e o papel regulador de entidades como o Ministério Público.
“Só podemos transformar a realidade se nos ampararmos por dados concretos e confiáveis do nosso segmento. Quando falamos em saneamento básico, não estamos falando apenas de infraestrutura, mas também de saúde e de vidas humanas”, destacou Rolf Pickert, CEO da Messe Muenchen do Brasil, organizadora do evento.
Nordeste concentra alto déficit de drenagem e rede de esgoto
Um cruzamento de dados de uma pesquisa da IFAT Brasil, Pezco Economics, Resolux Company e a projeção da população atualizada do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 101 milhões de brasileiros (47,8% da população) ainda não têm acesso à rede de esgoto.
A região Norte é a mais afetada, com cobertura de apenas 14,7%, seguida do Nordeste, com 31,4% da população.
De acordo com o levantamento, o país deve investir R$ 387 bilhões até 2040 em água e esgoto, mas o montante ainda será insuficiente para alcançar a universalização, além de não estar distribuído de forma homogênea entre as cinco regiões brasileiras.
Para Ana Carolina Argolo, diretora da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), “não podemos deixar de falar e debater esse tema tão essencial, que é o saneamento básico. Regular esse setor é, de fato, um grande desafio, por isso, é essencial a participação conjunta de todos os atores envolvidos, promovendo um cenário cada vez mais favorável ao final dessa maratona”.
A respeito da drenagem e infraestrutura para saneamento, a IFAT Brasil mapeou que o Nordeste tem o menor percentual de áreas impermeáveis com sistema de drenagem do Brasil, com apenas 14%.
Concessões privadas devem chegar a 40% até o fim de 2025
De acordo com o panorama da Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON SINDCON), a projeção é que 40,1% dos serviços de água e esgoto sejam administrados pelo setor privado até o fim deste ano, com projetos previstos para Pernambuco, Pará, Goiás e Rondônia.
O setor privado tem aumentado sua participação desde o Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020 e que prevê que, até 2033, 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% à coleta e tratamento de esgoto.
Em 2019, as empresas privadas atendiam a 5,2% dos serviços, percentual que aumentou para 7% no ano seguinte e 15,7% em 2023. A projeção da ABCON SINDCON é de que até 2026 o índice chegue a 45,6%.
*O JC participou da cobertura da IFAT Brasil 2025, em São Paulo