"Brincadeira do desmaio": prática que circula nas redes sociais pode causar dano cerebral grave, alerta neurocirurgião

Vídeos da prática circulam nas redes sociais e preocupam especialistas, que apontam riscos de hipóxia cerebral, trauma craniano e até parada cardíaca

Por Maria Letícia Menezes Publicado em 30/06/2025 às 13:51

Uma tendência viral entre adolescentes nas redes sociais acende um alerta entre neurologistas. Trata-se da chamada “brincadeira do desmaio”, também conhecida como fainting game, que pode causar cerebrais graves e parada cardíaca.

A ação, que consiste em provocar a perda temporária de consciência por meio de manobras que reduzem o oxigênio no cérebro e vem sendo replicada por jovens em vídeos nas redes, é apontada como altamente perigosa por médicos.

Na maioria das gravações, adolescentes aparecem encostados em paredes com os braços cruzados, enquanto outra pessoa aplica pressão sobre o tórax. Em alguns casos, há também hiperventilação ou bloqueio das vias respiratórias.

A combinação dessas ações leva à redução do fluxo de oxigênio para o cérebro e à consequente perda dos sentidos.

Apesar de ser tratada como uma brincadeira inofensiva, os riscos são reais, incluindo a possibilidade de parada cardíaca e traumatismo craniano. “É fundamental entender que esse tipo de desafio, além de perigoso, é completamente imprevisível. O corpo pode reagir de forma extrema a uma privação súbita de oxigênio”, alerta o neurocirurgião Luiz Severo.

A falta de oxigênio no cérebro pode causar sequelas

A privação temporária de oxigênio no cérebro, mesmo que breve, pode resultar em danos neurológicos, convulsões e outras complicações.

O risco de queda durante o desmaio também amplia a gravidade da situação, podendo causar traumatismo craniano e hemorragias internas.

Em adolescentes, que ainda estão em fase de desenvolvimento cerebral, o impacto de episódios como esse pode ser ainda mais nocivo, afetando funções cognitivas, memória e coordenação motora.

Busca por aceitação motiva jovens a praticarem brincadeiras perigosas

Segundo o Dr. Luiz Severo, o cérebro adolescente responde de forma intensa à busca por aceitação social, o que se intensifica no ambiente digital. Entre os fatores que contribuem para esse comportamento, estão:

  • Sistema de recompensa cerebral
  • A liberação de dopamina ao receber curtidas e visualizações reforça comportamentos de risco em troca de reconhecimento social.

O córtex pré-frontal, área que regula impulsos e avalia riscos, ainda está em maturação durante a adolescência, o que dificulta o julgamento crítico.

De acordo com o levantamento TIC Kids Online 2024, 92% dos jovens brasileiros entre 9 e 17 anos utilizam a internet, sendo o celular o principal meio de acesso. Apesar da proibição de contas em redes sociais para menores de 13 anos, 60% das crianças de 9 e 10 anos já estão presentes nessas plataformas.

Para especialistas, a prevenção passa pelo diálogo constante entre pais, responsáveis e educadores. “Os adolescentes precisam ser informados de que essas práticas são perigosas e que a busca por aceitação digital não pode custar sua integridade física. A educação digital deve caminhar lado a lado com a educação emocional”, reforça o neurocirurgião Luiz Severo.

Assista ao episódio do videocast Saúde e Bem-Estar, do JC, sobre dores de cabeça

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