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O que é hidrocefalia normobárica? Condição levou Chico Buarque ao centro cirúrgico

Conhecida também como hidrocefalia de pressão normal (HPN), é comum após os 60 anos e pode ser confundida com sinais do envelhecimento

Por Agência Brasil Publicado em 04/06/2025 às 13:30 | Atualizado em 04/06/2025 às 15:27

*Com informações da Agência Brasil

O cantor Chico Buarque precisou ser submetido, nesta terça-feira (3), a uma cirurgia neurológica para tratar uma condição conhecida como hidrocefalia normobárica, também chamada de hidrocefalia de pressão normal (HPN).

A doença ocorre quando há acúmulo de líquor — fluido que reveste e protege o sistema nervoso central — no cérebro, sem causar aumento da pressão intracraniana.

Embora não haja aumento da pressão, a condição compromete significativamente a qualidade de vida, afetando os movimentos das pernas, a cognição e o controle urinário.

A hidrocefalia de pressão normal é mais prevalente em pessoas com mais de 60 anos, o que pode dificultar o diagnóstico, já que seus sintomas são muitas vezes confundidos com os efeitos naturais do envelhecimento.

De acordo com o neurocirurgião Fernando Gomes, professor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) essa é uma condição frequentemente subdiagnosticada.

Cirurgia tem boa recuperação, mas exige diagnóstico precoce

O tratamento consiste na realização de uma cirurgia chamada derivação ventrículo peritoneal, que implanta uma válvula capaz de drenar o líquido acumulado do cérebro para a cavidade abdominal.

Foi esse o procedimento realizado em Chico Buarque, que foi diagnosticado precocemente durante um check-up e, segundo sua assessoria, já se recupera bem, “com seu habitual bom humor”. A previsão de alta é de 48 horas.

Fernando Gomes explica que a cirurgia é de complexidade intermediária, mas oferece um bom prognóstico. “Essa é uma cirurgia de complexidade intermediária, mas permite que o paciente recupere as funções prejudicadas assim que a drenagem se normaliza”, afirma.

Ele destaca ainda que, atualmente, são utilizadas válvulas programáveis — inclusive com tecnologia nacional — que permitem ajustar a quantidade de líquor drenado mesmo após a implantação.

No entanto, quando não é tratada a tempo, a condição pode ter consequências severas. “É uma condição bastante complicada. A pessoa não morre diretamente por hidrocefalia de pressão normal, mas tem a vida abreviada por questões que vêm em conjunto com essa piora das condições de saúde”, alerta o neurocirurgião.

Sintomas podem ser confundidos com envelhecimento

O neurologista Lucas Menezes, do Grupo Valsa Saúde e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, explica que os sintomas da hidrocefalia de pressão normal costumam passar despercebidos no contexto do envelhecimento. Por isso, é fundamental estar atento a sinais como:

  • Dificuldade para caminhar, muitas vezes descrita como “marcha magnética”, quando o paciente “tem certa dificuldade, digamos assim, de tirar os pés do chão para caminhar”;
  • Incontinência urinária;
  • Declínio cognitivo, como perda de memória ou dificuldade de raciocínio.

Menezes ressalta que nem sempre esses três sinais aparecem juntos, o que também dificulta o diagnóstico.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico começa pela avaliação clínica dos sintomas e é confirmado com exames de imagem, principalmente a ressonância magnética do cérebro, que permite visualizar o aumento dos espaços onde o líquor se acumula.

Além disso, é realizado o TAP test, um procedimento no qual é retirada uma quantidade de líquor por punção lombar. “Depois disso, é avaliado se houve melhora em testes cognitivos, indicando que há um acúmulo causando esse declínio”, explica Menezes.

Causas podem ser espontâneas ou secundárias

Na maioria dos casos, a hidrocefalia de pressão normal é idiopática, ou seja, surge sem uma causa identificável.

No entanto, Fernando Gomes esclarece que a doença também pode ser secundária a outros problemas de saúde, como traumas cranianos, sangramentos cerebrais, meningites — inclusive virais — ou até como sequela de outras neurocirurgias.

“O paciente teve, por exemplo, um trauma de crânio, com algum sangramento, esse sangue entra em contato com o líquor e atrapalha a drenagem. Ou também uma meningite, mesmo que seja viral, também pode atrapalhar a drenagem depois como sequela. Tem ainda pessoas submetidas a alguma outra neurocirurgia e, como resposta do órgão, há o acúmulo de líquido”, explica.

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