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Terminais Integrados: Depois da gestão privada, TIs pretendem virar centros de serviços para atrair demanda de passageiros no Grande Recife

A meta agora é transformar os terminais em verdadeiros centros de serviço, conveniência e, também, em pontos de engajamento socioambiental

Por Roberta Soares Publicado em 28/08/2025 às 8:00

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De patinhos feios a cisnes. Apesar do exagero, essa é a transformação que está sendo planejada para os 26 Terminais Integrados de ônibus e metrô da Região Metropolitana do Recife. Após a gestão privada das unidades ter completado três anos, organizando e, principalmente, moralizando os espaços públicos,  a meta agora é ir além da mobilidade, convertendo os terminais em verdadeiros centros de serviço, conveniência e, também, em pontos de engajamento socioambiental.

Para isso, a Nova Mobi Pernambuco, concessionária responsável pela gestão dos TIs e das 44 estações de BRT, deu um passo estratégico contratando uma empresa de consultoria para uma reavaliação completa e aprimoramento da ocupação comercial desses espaços públicos. Vale destacar que a identificação do potencial comercial e social dos terminais era um dos pontos exigidos na licitação pública para a concessão privada dos TIs e estações.

Desde janeiro de 2022, os terminais e estações de BRT estão sob gestão privada em um contrato de Parceria Público-Privada (PPP) de 35 anos, que prevê investimentos de R$ 113 milhões para modernização e requalificação da infraestrutura. Mas, pelo menos por enquanto, a estratégia de vocação comercial está sendo estudada apenas para os terminais, já que as estações de BRT seguem sem refrigeração, inseguras e muitas sem operação. 

TERMINAIS COMO ESPAÇOS DE CONVENIÊNCIA DOS PASSAGEIROS

JAILTON JR./JC IMAGEM
Terminal Integrado da Macaxeira - JAILTON JR./JC IMAGEM
JAILTON JR./JC IMAGEM
Terminal Integrado do Barro - JAILTON JR./JC IMAGEM
RENATO RAMOS / JC IMAGEM
Terminais Integrados do Grande Recife estão sendo reformados sob gestão privada num contrato de 35 anos. Na foto, TI Joana Bezerra - RENATO RAMOS / JC IMAGEM
RENATO RAMOS / JC IMAGEM
Terminais Integrados do Grande Recife estão sendo reformados sob gestão privada num contrato de 35 anos. Na foto, TI Xambá - RENATO RAMOS / JC IMAGEM

A empresa contratada para encarar o desafio - já que, até o início da gestão privada, os TIs sempre foram vistos como redutos de insegurança, desconforto, vandalismo e sujeira - foi a LMS Gestão de Empreendimentos, que terá a missão de requalificar as estruturas dos terminais e estações do Grande Recife.

A atuação da LMS compreende um levantamento técnico dos pontos comerciais existentes, a identificação de novos espaços com potencial de exploração e a proposição de soluções para melhorar o uso desses ambientes. Em paralelo, a empresa já iniciou a prospecção e formalização de novas operações comerciais, com o objetivo de valorizar os terminais como espaços de serviço e conveniência para a população.

“A Nova Mobi já tem uma pesquisa inicial com o perfil de cada terminal, o que será fundamental para a LMS indicar o mix adequado de operações. A meta é trazer operações que sejam desejadas pelo passageiro, proporcionando conveniência e comodidade, principalmente na volta para casa, para que não precise parar em outro lugar, por exemplo”, explica Eduardo Lemos, CEO da LMS.

Entre os serviços e produtos que podem ser implantados nos TIs estão padarias, pequenas compras, minimercados, academias e lotéricas, adaptados ao perfil de renda e às necessidades dos usuários dos espaços, sejam ou não passageiros. “Alguns terminais com bom adensamento no entorno, inclusive, podem até abrigar academias, facilitando o acesso também para a comunidade local”, diz Eduardo Lemos.

TERMINAIS INTEGRADOS COMO ESPAÇOS DE CONEXÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

LMS/Divulgação
Terminais Integrados: Comércio, conveniência e sustentabilidade para transformar a experiência urbana - LMS/Divulgação
LMS/Divulgação
Terminais Integrados: Comércio, conveniência e sustentabilidade para transformar a experiência urbana - LMS/Divulgação
JAILTON JR./JC IMAGEM
Terminal Integrado Joana Bezerra - JAILTON JR./JC IMAGEM
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Terminal Integrado Joana Bezerra - JAILTON JR./JC IMAGEM

Embora os terminais sejam espaços de passagem, também representam pontos de conexão entre mobilidade, economia e vida cotidiana. Essa é a leitura que vai predominar no diagnóstico, que deverá ser concluído em até cinco meses. “O desafio é harmonizar o uso comercial com a dinâmica real de cada local, organizando o comércio de forma mais eficiente, segura e acessível”, explica Eduardo Lemos.

A proposta é ir além da simples ocupação dos espaços dos TIs, buscando desenvolver um modelo comercial sustentável para empreendedores, gestão pública e população. Algumas cidades brasileiras, com destaque principalmente para São Paulo (SP), mas também Belo Horizonte (MG) e outras, já transformaram os terminais de ônibus em verdadeiros complexos de atração de demanda, mudando completamente a funcionalidade dos espaços.

A LMS diz que fará visitas técnicas, avaliação da concorrência, mapeamento de espaços vagos ou subutilizados, definição de parâmetros para locação e recomendações para melhoria da experiência do usuário. A empresa, com mais de 20 anos de experiência em desenvolvimento e gestão de centros comerciais, como shoppings e outlets, agora expande sua atuação para o setor de mobilidade urbana.

TERMINAIS COMO REDUTO DE ALIANÇAS SUSTENTÁVEIS

Divulgação
Terminais Integrados: Comércio, conveniência e sustentabilidade para transformar a experiência urbana - Divulgação
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Terminais Integrados: Comércio, conveniência e sustentabilidade para transformar a experiência urbana - Divulgação
Roberta Soares/JC
Gestão privada completa três anos e moraliza terminais integrados de ônibus e metrô no Grande Recife. Na foto, o TI CDU - Roberta Soares/JC
JAILTON JR./JC IMAGEM
Terminal Integrado da Macaxeira - JAILTON JR./JC IMAGEM

Paralelamente à modernização comercial, os terminais do Grande Recife também estão recebendo uma parceria inovadora entre a Ambipar, a Nova Mobi Pernambuco e o Grupo Heineken com o Heineken Spin, programa que estimula o descarte correto de resíduos em troca de Tricoins, que são pontos que podem ser trocados por benefícios.

A iniciativa já mobilizou mais de 500 mil passageiros, garantindo uma expressiva mitigação de consumo de recursos naturais. Os materiais mais coletados foram PET, alumínio e vidro, com destaque para os Terminais Integrados Caxangá e TIP, ambos localizados na Zona Oeste do Recife.

A iniciativa conta com a participação ativa de cooperativas locais, que integram a cadeia da reciclagem e contribuem para a geração de renda e inclusão socioambiental de centenas de famílias. Além da logística reversa, o projeto incorporou iniciativas sociais, como a implantação de pontos de coleta de roupas e calçados, ampliando o papel dos terminais como centros de cidadania e responsabilidade socioambiental.

Confira a coleta apenas no primeiro semestre de 2025:

48 mil embalagens coletadas e destinadas adequadamente.
6.200,6 kWh de energia economizada.
109.795 litros de água poupados.
1.947 kg de CO? evitados.
677,9 m³ de área de aterro preservada.

TERMINAIS TAMBÉM ESTÃO GANHANDO BICICLETÁRIOS

Paulo Maciel/CTM
Terminais integrados estão recebendo bicicletários, chamados de inteligentes porque a liberação é por reconhecimento facial - Paulo Maciel/CTM
Roberta Soares/JC
Gestão privada completa três anos e moraliza terminais integrados de ônibus e metrô no Grande Recife. Na foto, o TI CDU - Roberta Soares/JC
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Gestão privada completa três anos e moraliza terminais integrados de ônibus e metrô no Grande Recife. Na foto, o TI CDU - Roberta Soares/JC
Roberta Soares/JC
Gestão privada completa três anos e moraliza terminais integrados de ônibus e metrô no Grande Recife. Na foto, o TI CDU - Roberta Soares/JC

Outra mudança boa que vem sendo promovida nos Terminais Integrados é a implantação de bicicletários nas unidades, que são espaços cercados e protegidos para guarda de bicicletas. Diferentemente dos paraciclos, que são estruturas onde o ciclista prende a bike, os bicicletários têm acesso controlado.

No caso dos TIs, o projeto é chamado Bicicletário Inteligente e também estava previsto na licitação pública para a escolha da concessionária que iria assumir o contrato. O equipamento já foi instalado em quatro terminais até agora: TI’s CDU, Joana Bezerra, Tancredo Neves e Cajueiro Seco.

Os bicicletários funcionam das 4h às 23h, com capacidade para 35 vagas e acesso por reconhecimento facial. Para isso, é necessário realizar um cadastro prévio, por meio da leitura de um QR Code disponível na entrada do bicicletário. Depois, é seguir o passo a passo indicado. O uso de tranca ou cadeado é obrigatório, sendo de responsabilidade do usuário. Será permitido estacionar apenas uma bicicleta por pessoa.

As bicicletas que permanecerem estacionadas por mais de 48 horas consecutivas poderão ser removidas para outro local, com aviso prévio por um representante da concessionária. Após a remoção, o usuário terá 30 dias para retirá-la.

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