TRANSPORTE POR APLICATIVO | Notícia

Polícia investiga Uber e 99 por manterem transporte por motos após proibição em São Paulo

Polícia Civil abriu inquérito porque plataformas seguem oferecendo serviços de transportes de pessoas por motos mesmo após proibição judicial

Por Roberta Soares Publicado em 22/05/2025 às 13:36 | Atualizado em 22/05/2025 às 13:40

A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito para apurar um possível crime de desobediência por parte dos aplicativos Uber e 99. As plataformas continuaram oferecendo o serviço de transporte por motocicletas, mesmo após uma decisão judicial que determinou a suspensão dessa atividade na capital paulista.

A investigação foi instaurada na quarta-feira (22/5), pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) e com base em uma medida cautelar que proibiu a operação econômica desse tipo de serviço. A informação foi confirmada oficialmente pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP).

A apuração teve início após a Prefeitura de São Paulo cobrar providências sobre a atuação das empresas. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou à imprensa que notificou o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) sobre a continuidade do serviço e classificou como "lamentável" o que considera um descumprimento da ordem judicial. Segundo ele, a permanência da operação representa risco à saúde pública, principalmente em razão do aumento de acidentes envolvendo motocicletas usadas para transporte de passageiros.

Mesmo após a proibição determinada pela Justiça no último dia 16, atendendo a um pedido da Prefeitura, o serviço seguia disponível nos aplicativos. Testes realizados pela mídia em São Paulo mostraram que ainda era possível solicitar corridas por moto em trechos urbanos da capital paulista.

O Portal UOL, um dos que publicou reportagem sobre a continuação da oferta do serviço, identificou que os preços praticados também estavam bem abaixo dos valores cobrados antes. Uma corrida de mais de três quilômetros foi ofertada por apenas R$ 0,59 na Uber, enquanto na 99, um trecho normalmente cobrado em R$ 17 estava sendo oferecido por R$ 4,50.

PLATAFORMAS ALEGAM ESTAR OPERANDO DENTRO DA LEI

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
A explosão em muitas cidades do transporte remunerado de passageiros com motocicletas, como os serviços Uber e 99 Moto, é um fenômeno que está acontecendo sem nenhuma reação do poder público ou da sociedade - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

A Uber afirmou que segue operando amparada por um mandado de segurança que, segundo a empresa, garante a legalidade da atividade. A companhia disse ainda que já apresentou uma petição ao Tribunal de Justiça pedindo esclarecimentos sobre a recente decisão judicial e que está à disposição para colaborar com o poder público.

A 99 também declarou estar operando dentro da legalidade e informou que foi notificada, mas ainda está dentro do prazo para responder formalmente ao Juízo. A empresa afirma que também solicitou esclarecimentos ao desembargador responsável pelo caso.

O Tribunal de Justiça de São Paulo explicou que as empresas foram notificadas e estão cientes da decisão, mas que a legislação determina um prazo de até oito dias para que elas confirmem formalmente a leitura da intimação e apresentem resposta ao Judiciário.

DECISÕES JUDICIAIS CONFLITANTES

O caso é cercado por decisões judiciais conflitantes. Dois dias antes da proibição, no dia 14 de maio, as empresas haviam conseguido uma liminar autorizando a operação dos serviços. Na ocasião, o juiz Josué Vilela Pimentel considerou inconstitucional o decreto da Prefeitura que impedia o transporte remunerado de passageiros por motocicletas.

No entanto, essa decisão foi revertida no dia 16, quando o desembargador Eduardo Gouvêa acolheu o recurso da administração municipal e determinou a suspensão do serviço por 90 dias, prazo no qual o município deve apresentar uma regulamentação específica para a atividade.

Enquanto a disputa judicial segue sem definição clara, os serviços por moto continuam ativos nos aplicativos, desafiando a decisão da Justiça e colocando em evidência um impasse entre legalidade, segurança pública e a crescente demanda por mobilidade rápida e acessível nas grandes cidades.

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