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Coniben 2025 reforça integração entre Brasil, Portugal e Espanha e aponta desafios para a transição energética

Evento encerra dois dias de debates com balanço positivo do coordenador Reive de Barros e destaque para a complementariedade entre os países

Por JC360 Publicado em 30/11/2025 às 17:20

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A Coniben 2025 terminou nesta sexta-feira (28) com a sensação de dever cumprido e integração reforçada entre Brasil, Portugal e Espanha. No encerramento do evento, o coordenador-geral Reive de Barros destacou o caráter produtivo dos dois dias de programação, que reuniram onze painéis sobre transição energética, inovação, infraestrutura, tecnologia e políticas públicas.

Segundo Reive, o encontro permitiu evidenciar a complementaridade entre os países participantes.
Tivemos dois dias com onze painéis, cada um com a participação do Brasil, Portugal e Espanha. Foi muito importante porque cada país apresentou o que tem de substancial no tema discutido. Há claramente uma complementariedade entre a Península Ibérica e o Brasil,” afirmou.

Tecnologias limpas e rota do etanol abrem o segundo dia

O segundo dia começou com foco em biocombustíveis e hidrogênio. Thibaud Vincenodon, representante da Metal Reformer, apresentou a tecnologia da empresa para produção de hidrogênio de alta pureza, enquanto José Faustino Cândido, da Swap Energia, detalhou a conversão da usina para operação a etanol, um dos marcos tecnológicos recentes do setor. Fredick Ostman, executivo da Wärtsilä Finlândia, revelou o demonstrador brasileiro que converterá motores diesel para etanol até 2025.

No painel sobre segurança energética e diversidade de fontes, José Mauro, ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, relembrou a trajetória brasileira em biocombustíveis e explicou os impactos da Lei do Combustível do Futuro. Marcelo Lopes, diretor de estratégia da Eneva, reforçou a necessidade das térmicas para dar estabilidade ao sistema, enquanto Leandro Xingó, presidente da ENBPar, destacou o potencial da energia nuclear no país.

Capacidade de armazenamento se torna peça-chave da transição

A manhã foi encerrada com um painel mostrando que o armazenamento energético é o próximo grande desafio para integrar a crescente expansão das renováveis. Participaram especialistas como Íñigo Viani, da rede elétrica espanhola, que abordou gargalos da malha; Manlio Coviello, da Energy Dome, que apresentou o sistema baseado em CO? líquido; o professor Vitor Santos, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), que revisitou o histórico português de usinas reversíveis; e Rafael Rangel, CEO da Newave Energia, que tratou da importância da inovação e regulação no Brasil.

Portos como polos logísticos verdes

À tarde teve início com uma discussão sobre a descarbonização dos portos e sua importância estratégica. Luís Miguel, diretor de operações do Porto de Sines, apresentou a rota de digitalização e os planos para amoníaco verde. Já Armando Monteiro Bisneto, diretor-presidente do Porto de Suape, revelou projetos de expansão, dragagem, novos terminais e preparação para operações com GNL e GLP. Peter Ellen, especialista global em combustíveis marítimos de baixo carbono, tratou dos desafios internacionais para combustíveis de baixíssima intensidade de carbono no setor marítimo.

IA e data centers pressionam demanda energética

Um dos debates mais aguardados analisou o crescimento acelerado da demanda elétrica por data centers e aplicações de inteligência artificial. José Carlos Medieta, especialista em infraestrutura digital, apresentou projeções indicando que o consumo global pode dobrar até 2030. Foram apresentados o projeto Rio AI City e os riscos de atraso na expansão da transmissão no Brasil por Thiago Ivanosky, analista da EPE.

Renato Amaral, executivo do setor de TI e infraestrutura, e Gustavo Silva, diretor da Qair Brasil, destacaram a vantagem competitiva da matriz renovável brasileira e o megahub industrial do Porto do Pecém, que integrará renováveis, hidrogênio verde e infraestrutura digital.

Investimentos e coordenação encerram o ciclo de debates

O último painel da Coniben 2025 fechou o evento discutindo estratégias de investimento e a crescente complexidade do setor energético. João Galamba, ex-ministro de Energia e Ambiente de Portugal, alertou para a necessidade de maior coordenação entre governos e mercado. Sérgio Machado, Head of H2 & Renewable Fuels da Galp, apresentou o projeto da Galp em Sines, com mais de €700 milhões em investimentos em hidrogênio verde e biocombustíveis avançados.

Representando o governo brasileiro, Gustavo Ataíde, diretor do Ministério de Minas e Energia (MME), reforçou a urgência de expandir redes e melhorar a flexibilidade do sistema. “Eficiência, flexibilidade e investimentos a gente precisa sempre pensar em condições para financiamento no Brasil. Esse desafio é ainda mais premente e fica aqui um pouco dessa reflexão”, disse Ataíde.

Encerramento marcado por integração e “painel da saudade”

No fim da programação, Reive de Barros voltou a avaliar o encontro e destacou que os debates revelaram pontos críticos para o futuro energético. Entre eles, a distância entre o setor de data centers e o setor elétrico — um desafio que, segundo ele, precisa ser superado para que o Brasil se torne mais competitivo.

Com clima de satisfação geral, Reive classificou o último painel como o “painel da saudade”: “Foi uma visão completa de planejamento e investimento no setor. E estamos aqui às 19h45, com todo mundo lamentando que terminou. Acho que foi muito bom.”

A Coniben encerrou sua edição 2025 reforçando a integração ibérica-brasileira e apontando caminhos concretos para inovação, descarbonização e competitividade internacional.

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