IFSertãoPE destaca empoderamento, inovação e saberes locais na Semana Nacional da EPT
Pernambuco participa da Semana Nacional de Educação Profissional e Tecnológica com 8 do IFSertãoPE, 8 do IFPE e 4 das escolas técnicas estaduais

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Empoderamento feminino nas áreas tecnológicas, valorização do conhecimento tradicional aliado à investigação científica e desenvolvimento de tecnologias inclusivas por meio da arte e da sustentabilidade foram alguns dos temas apresentados por estudantes pernambucanos na 5ª Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica (SNEPT), realizada na Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília (DF).
Das 63 instituições participantes, Pernambuco está representado pelo IFSertãoPE, com oito projetos; pelo IFPE, também com oito trabalhos; e pela Secretaria de Educação do Estado (SEE-PE), que levou quatro iniciativas desenvolvidas nas escolas técnicas estaduais (ETEs) Dom Bosco, Professora Maria Wilza Barros Miranda e Ministro Fernando Lyra.
Com o tema “Juventudes que inovam, Brasil que avança”, a SNEPT segue até a quinta-feira (9). O evento é uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), e está sendo realizado em conjunto com o Festival Curicaca, promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
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Iniciativas apresentadas pelo IFSertãoPE
Entre as iniciativas apresentadas, o “Meninas Digitais” promove o empoderamento feminino e incentiva a permanência das alunas em cursos de tecnologia; o projeto de foguetes, desenvolvido por estudantes de Física, aprimora a aerodinâmica dos lançamentos, alcançando marcas superiores às de instituições com maior estrutura; e o estudo sobre as “águas magnesianas” de Afrânio (PE) combina saberes tradicionais e análise científica, resultando em trabalhos de conclusão de curso.
Outros projetos incluem o Museu Carranca da Ciência (MCC), voltado à popularização da ciência e cultura maker; “Do Sertão para o Mundo: a força da Orquestra IFSertãoPE”, que leva arte e musicalidade como expressão da identidade regional; a Gestão de Resíduos Eletrônicos, que propõe a criação de um Museu Tecnológico em Petrolina; os “Objetos de Aprendizagem Acessíveis para o Ensino de Eletrônica Digital”, promovendo inclusão; e o “iPeriodicTable”, uma tabela periódica interativa que transforma o ensino de Química.
Para a professora Kamilla Barreto, chefe do Departamento de Pesquisa, Inovação, Pós-graduação e Extensão do campus Petrolina, a participação na Semana Nacional é a concretização de anos de trabalho.
“Pra nós é muito significativo, porque a gente rompe os muros da escola. Dos 12 estudantes que vieram, 11 andaram de avião pela primeira vez. Então, é uma experiência grandiosa, um aprendizado que vai além da sala de aula”, afirmou. “Ver esses meninos explanando seus trabalhos, interagindo com pessoas de outros estados, é uma coroação do que a gente vem construindo", completou.
Águas magnesianas: integração entre ciência e saberes locais
O estudo sobre as águas magnesianas é desenvolvido por estudantes do curso de Licenciatura em Química do campus Petrolina. A pesquisa alia conhecimento tradicional da comunidade local a análises científicas realizadas em laboratório, promovendo uma aprendizagem contextualizada.
A estudante Bruna Teixeira, de 24 anos, explica que o projeto nasceu do desejo de unir ciência e cultura regional. “O projeto tem como finalidade juntar o conhecimento científico com o conhecimento local. Cabocó é uma região rica em cultura e tem a lagoa magnesiana, que o pessoal usa com fins terapêuticos. A gente coletou essa água para determinar se realmente havia magnésio presente. Foi importante porque conseguimos integrar o saber popular e o científico”, contou.
Segundo Bruna, a equipe coletou amostras da lagoa magnesiana, da água bruta do Rio São Francisco, da água tratada e da água mineral para realizar comparações. “Determinamos que a água magnesiana realmente tem uma alta concentração de magnésio, confirmando o que os moradores já diziam. Essa integração é importante porque a gente não se baseia só na fala, mas também em dados científicos”, explicou.
Meninas Digitais do Sertão incentiva presença feminina na tecnologia
O projeto “Meninas Digitais do Sertão: ações para inclusão, permanência e êxito nos cursos da área de Informática”, do campus Petrolina, busca estimular a participação de mulheres nas áreas de tecnologia e reforçar o protagonismo feminino nos cursos técnicos e superiores.
“Quando entrei no curso, percebi que éramos minoria. O ‘Meninas Digitais’ veio pra mostrar que a gente pode, sim, ocupar esse espaço e que a tecnologia também é lugar de mulher”, afirmou a estudante Caren Ribeiro, de 22 anos, do curso de Licenciatura em Computação,
Segundo a estudante, o grupo realiza oficinas, palestras e atividades em escolas públicas da região para despertar o interesse das meninas pela área e combater estereótipos de gênero. “A gente vai até as escolas mostrar o que é possível fazer com a computação, apresentar mulheres que já estão atuando e inspirar as estudantes a acreditarem no próprio potencial. Muitas vezes, elas só precisam de um incentivo pra se enxergar ali também”, explicou.
Para Caren, participar da Semana Nacional é uma forma de dar visibilidade ao trabalho e reforçar o impacto que o projeto tem gerado. “Estar aqui é uma conquista enorme. É poder mostrar que o Sertão também produz ciência, tecnologia e inclusão. A gente quer abrir caminhos pra que mais meninas sigam nessa área”, concluiu.
*A titular da coluna Enem e Educação viajou a convite do Ministério da Educação (MEC)