Estudantes do IFPE e ETEs unem ciência, arte e impacto social na Semana Nacional de Educação Profissional e Tecnologica
Com o tema "Juventudes que inovam, Brasil que avança", o evento é iniciativa do MEC em parceria com a Setec e o Festival Curicaca (ABDI)

Clique aqui e escute a matéria
O Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) apresentou oito projetos desenvolvidos por 12 estudantes de diferentes campi e áreas do conhecimento — incluindo artes, robótica, engenharia elétrica e mecânica, e computação — na 5ª Semana Nacional de Educação Profissional e Tecnológica (SNEPT), realizada na Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília.
Com o tema “Juventudes que inovam, Brasil que avança”, o evento é iniciativa do MEC em parceria com a Setec e o Festival Curicaca (ABDI), reunindo até esta quinta-feira (9) 1.434 expositores e 400 projetos de 63 instituições de educação profissional e tecnológica de todo o Brasil.
Segundo o professor o IFPE Flávio de Sá, a diversidade dos projetos reflete a amplitude das iniciativas da instituição. “É uma oportunidade de divulgar o que eles produzem. Muitas vezes, produzimos inovação, ciência e tecnologia, mas não conseguimos alcançar além dos muros da escola. Aqui eles mostram para o Brasil o que se produz dentro do IFPE”, afirmou.
Entre os trabalhos apresentados estão Desbravando a Cultura Maker, Sistema Inteligente de Monitoramento de Pacientes com IoT e ML, SYNESTHESIA VISION, MANAS MAKERS – Do Lixo ao Lucro, Sistema de Monitoramento da Qualidade da Energia da Usina Solar do Campus Garanhuns e Oficinas de Simulação Computacional de Pandemias.
Inclusão e acessibilidade na arte
O projeto “Arte para Cego Ver”, do curso técnico em Artes Visuais do campus Olinda, também está em exposição na Semana Nacional. A estudante Tayza Aicram, de 24 anos, que acabou de concluir o curso, explicou que a iniciativa transforma artefatos táteis em ferramentas de inclusão para pessoas cegas.
“Meu intuito era ter acesso à arte antes que eu não tivesse mais nada. Descobri o projeto ‘Arte para Cego Ver’ e percebi que ele precisava ser testado em grande escala”, contou.
Tayza ressaltou a importância de pensar na inclusão desde o início: “A maior parte das pessoas que fazem projetos de arte não pensa em inclusão desde o começo. Esse projeto mostra que é necessário incluir desde o início e pensar em pessoas cegas. A arte é muito importante. Foi fundamental para a minha vida, porque antes eu não me sentia confortável em ir a museus, não me sentia incluída. A partir desse projeto, entendi que a acessibilidade é necessária e que a arte pode ser acessível para todos”.
Ela ainda explicou o impacto do projeto na comunidade: “Além de promover inclusão, o projeto sensibiliza as pessoas para entender que a arte é para todos, abrindo caminhos e inspirando outras pessoas”.
Modularsys: tecnologia a serviço de políticas públicas
Outro projeto presente no evento é o Modularsys – Sistema Telemétrico Dinâmico Autônomo Modular, desenvolvido por estudantes do campus Recife.
O estudante do Ensino Médio Edson Jorge, de 19 anos, explicou que o sistema monitora diversos setores, como transporte público e meio ambiente, funcionando em qualquer ambiente e utilizando múltiplos protocolos de comunicação, como Wi-Fi, celular e ZigBee.
“A gente constrói dispositivos com sensores que coletam dados, e os dados são enviados em tempo real para o nosso servidor e exibidos em um painel. Esse projeto já é consolidado, temos parcerias com empresas nacionais e internacionais e também institutos. Contamos com mais de sete depósitos de patente e mais de dez registros de software”, afirmou.
Edson destacou que o principal objetivo do Modularsys é apoiar políticas públicas. “Por exemplo, temos dispositivos que monitoram a qualidade do ar. A partir do momento que um órgão governamental ou uma instituição especializada recebe os dados que a gente coleta, ela poderá criar políticas públicas para aquele local", explicou.
ETEs apresentam iniciativas sustentáveis e de impacto social
As escolas técnicas estaduais de Pernambuco também participam da SNEPT, apresentando quatro projetos inovadores desenvolvidos nas ETEs Dom Bosco (Recife), Professora Maria Wilza Barros Miranda (Petrolina) e Ministro Fernando Lyra (Caruaru).
As iniciativas envolvem economia circular, inclusão social e sustentabilidade: uma extrusora educacional de filamento reciclado para impressão 3D; óculos de tecnologia assistiva para pessoas com deficiência visual; a LumiarBag, que transforma resíduos em segurança e protagonismo juvenil; e o Robô Agro Sustentável.
O professor de Física Gabriel Pimenta comentou sobre a importância de levar os projetos a um evento nacional. “A gente se esforça muito com os alunos para obter resultados que consideramos interessantes, e um dos modos de mostrar isso é em feiras como esta. Conseguimos fazer intercâmbio com outras escolas, avaliar a qualidade dos projetos e mostrar aos alunos que eles são capazes", disse.
Em Caruaru, estudantes da ETE Ministro Fernando Lyra desenvolveram uma pochete feita a partir do reaproveitamento de banners e tecidos doados. A estudante Ingridy Neusa de Melo, de 18 anos, explicou que a ideia do produto é que ele possa ser completamente sustentável e inovador.
“Ele tem alças refletivas, porque nosso público são ciclistas, motociclistas, pessoas que correm à noite. A alça refletiva traz mais segurança. Além da produção, que foi toda pensada pelos estudantes, a costura envolveu a comunidade local, gerando impacto econômico e produzindo um produto consciente e sustentável", explicou.
O estudante Arthur de Souza, de 17 anos, um dos projetos trabalhados na ETE Dom Bosco, no Recife. “A estrutura sustentável é uma máquina para reciclar plástico, que era o vilão do meio ambiente. Conseguimos pegar o plástico que poluía nossos manguezais em Recife e transformar em filamento de impressora 3D", disse.
*A titular da coluna Enem e Educação viajou a convite do Ministério da Educação