Jaboatão é uma das oito cidades a receber retomada da EJA pela Fundação Bradesco em 2026
Turmas abertas para pessoas a partir de 15 anos para o Ensino Fundamental II e a partir de 18 anos para quem deseja concluir o Ensino Médio
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O município de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, será uma das oito cidades a oferecer turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) por meio da Fundação Bradesco a partir de 2026. A retomada dessa modalidade de ensino também contemplará unidades em Osasco (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Natal (RN), São Luís (MA), Teresina (PI) e Manaus (AM).
As inscrições estão abertas até 31 de outubro de 2025 e devem ser feitas presencialmente nas secretarias das escolas participantes, das 16h às 21h. O curso é gratuito e oferece certificado reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).
As turmas são destinadas a pessoas a partir de 15 anos que desejam concluir o Ensino Fundamental II e a partir de 18 anos para aqueles que querem concluir o Ensino Médio, sem limite de idade.
Em Jaboatão, a escola da Fundação Bradesco está localizada no bairro Dois Carneiros. Sobre a escolha da cidade para esta iniciativa, Fernando Frochtengarten, gerente de Educação Continuada da Fundação Bradesco, explicou à coluna Enem e Educação que a decisão levou em conta "o vínculo da unidade com a comunidade, o atendimento já existente e os indicadores educacionais do município".
"Temos no entorno da escola uma grande quantidade de jovens, adultos e idosos não escolarizados. É um contexto que nos permite desenvolver uma experiência piloto significativa", afirmou.
Currículo precisa levar em conta a realidade dos estudantes
As aulas começam em janeiro de 2026 e serão oferecidas no período noturno, com flexibilidade na frequência. Segundo Fernando Frochtengarten, a escola precisa ser significativa para o contexto em que está inserida.
“Uma pessoa que vai para a escola à noite já tem uma larga experiência de vida, continuou desenvolvendo aprendizagem ao longo da vida no trabalho, na comunidade, na igreja, no sindicato, na família, como pai, como mãe. Então, a primeira coisa é a escola ter um currículo capaz de valorizar os saberes e as práticas que as pessoas já trazem sobre o local onde vivem", disse.
Diante das diferentes realidades dos estudantes, o currículo das escolas da Fundação Bradesco procura inserir temáticas locais nas discussões realizadas em sala de aula, como estratégia para tornar o espaço atrativo e garantir a permanência dos alunos até a conclusão dessa etapa de ensino.
“Vou dar um exemplo: uma temática muito relevante aqui no entorno da escola de Dois Carneiros é a questão fundiária. Queremos trazer para a discussão a quantidade de pessoas que moram no entorno da escola e não têm nenhum tipo de documentação sobre suas propriedades", afirmou.
Outro tema que o currículo busca abordar são as questões ambientais. "Aqui aparecem muito as questões ligadas à ocupação das encostas. A ideia é tratar desses assuntos para que a escola se mantenha significativa, abordando temas que já fazem parte da realidade das pessoas, mas que podem ganhar um novo enfoque dentro da escola", completou.
Queda no número de matrículas preocupa
Segundo dados do último Censo Escolar, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil perdeu quase 200 mil matrículas em apenas um ano, chegando a 2,39 milhões de alunos, o menor patamar desde o início da série histórica, em 2007.
O levantamento, coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), é realizado anualmente e coleta informações detalhadas sobre matrículas, rendimento e fluxo escolar em todas as etapas e modalidades da educação básica, incluindo a EJA.
Nos últimos quatro anos, a modalidade encolheu em mais de?600 mil estudantes. Além disso, o Brasil ainda tem mais de 72 milhões de adultos sem a educação básica completa.
“Ainda que a volta aos estudos seja um desafio para jovens, adultos e idosos, sabemos que a elevação da escolaridade amplia as possibilidades de participação em diversas esferas da vida social, como o mundo do trabalho. O desenvolvimento de práticas letradas também favorece o acompanhamento da vida escolar de filhos e netos. Além disso, a escola representa a vivência de um novo espaço de interação socia', destacou Fernando Frochtengarten.