Projeto pioneiro em Olinda combate gordofobia nas escolas com literatura, arte e protagonismo estudantil
Iniciativa interdisciplinar reúne crianças, professores e famílias em atividades culturais e educativas para fortalecer a inclusão

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A Escola Municipal Nossa Senhora do Monte, no bairro de Bultrins, em Olinda, dá início nesta segunda-feira (8) ao projeto interdisciplinar "Respeito que Educa: Combatendo as Diferenças de Corpos".
A ação inclui contação de histórias, exposição fotográfica e oficinas com os alunos, sob a idealização da pedagoga e escritora Sâmia Véras. O projeto é pioneiro no município e segue até a próxima quarta-feira (10), Dia de Luta Contra a Gordofobia.
Pioneirismo
Para a professora Sâmia Véras, trabalhar esse tema dentro das escolas, "desde a infância, é investir em uma geração mais empática, crítica e preparada para viver a diversidade", afirmou. Esta é, inclusive, a primeira vez que Olinda recebe uma proposta voltada ao combate às diferenças de corpos dentro do ambiente escolar.
O trabalho é fundamentado na Lei Estadual nº 17.781/2022, que incluiu a gordofobia no combate ao bullying. "As escolas precisam fazer intervenção, diagnóstico e combate ao preconceito da gordofobia", destacou Sâmia.
Além da legislação, o projeto também dialoga com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que prevê a valorização da diversidade e o fortalecimento das competências socioemocionais.
Ausência de diretrizes oficiais
Apesar do respaldo legal, a professora relata que o principal desafio foi a falta de efetividade do poder público. "A lei existe desde 2022, mas até hoje as escolas não receberam notificação sobre a alteração", criticou.
Sâmia decidiu, então, finalmente fazer acontecer: "a gente não precisa de recurso financeiro para realizar um projeto interdisciplinar voltado para o combate às diferenças de corpos", destacou.
Ainda assim, a importância dos incentivos governamentais é de extrema relevância, dado que "o município de Olinda está abraçando a causa e é por esse motivo que a gente está tão engajado para fazer um trabalho de relevância".
Literatura, dança e artes visuais
As ações foram inspiradas no livro "Diva e o Sonho de Ser Bailarina", escrito pela própria Sâmia Véras. Cada uma das 12 turmas da escola vai desenvolver trabalhos conjuntos acerca do tema, com ideias diversificadas, envolvendo literatura, dança, música e artes visuais.
"Tem reconto da história, exposição fotográfica mostrando diferenças de corpos, trabalhos de desenho e construção artística", detalhou. O encerramento, que acontece na próxima quarta-feira (10), inclui ainda uma sessão de autógrafos e bate-papo com a autora.
Por fim, Sâmia defende que a transformação da sociedade começa na infância. "A escola é o princípio e o fundamento de tudo. Se a gente começar trabalhando nas escolas, consegue muito mais respostas positivas do que com os adultos", conclui.