O conflito do seu filho na escola pode ser reflexo da sua casa e você nem desconfia. Entenda
Jaime Ribeiro, CEO e cofundador do Educa, mostra como a dinâmica familiar pode ser a raiz de problemas de comportamento dos alunos

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Quando a escola entra em contato para falar sobre o comportamento desafiador ou conflituoso de um filho, a primeira reação de muitos pais é buscar culpados no ambiente escolar ou nas amizades da criança.
No entanto, segundo Jaime Ribeiro, CEO e cofundador do Educa e pesquisador dos impactos da tecnologia nas relações humanas, a resposta pode estar mais perto do que se imagina: dentro de casa.
Ribeiro adverte que "aquela criança que tá ali extremamente conflituosa é só o reflexo de uma família que não está ajustada". O ponto crucial, segundo o especialista, é que esse "desajuste" nem sempre é óbvio.
Muitas famílias podem parecer perfeitamente funcionais do lado de fora, sem sinais evidentes de discórdia. "O que é pior, às vezes a família parece ajustada, mas ela não é. Porque o ajuste familiar não está só na violência. O ajuste familiar não está só na forma como as pessoas se tratam, respeitosamente ou não", explica.
A importância da hierarquia familiar
O verdadeiro problema, muitas vezes, reside em algo mais sutil: uma inversão de papéis dentro do lar. "Muitas vezes o ajuste familiar é uma questão de ordem. Em algumas famílias os filhos assumem os lugares dos pais e os pais assumem os lugares dos filhos", destaca Ribeiro.
O que isso significa na prática? Quando uma criança passa a ditar as regras da casa — definindo os horários, o que será servido nas refeições ou controlando a dinâmica familiar — ela está ocupando um lugar de autoridade que não é seu.
Essa quebra na hierarquia natural da família, por mais inofensiva que pareça, tem consequências diretas no comportamento da criança fora de casa.
O reflexo na sala de aula
Essa dinâmica é inevitavelmente "replicado isso para a sala de aula". Jaime Ribeiro estabelece uma conexão direta: se a criança não percebe e não respeita a liderança dos pais em seu próprio lar, é improvável que ela reconheça a autoridade de um professor. "É pouco provável que ela chegue na sala de aula e ela vai entender que existe um líder ali", afirma.
Como resultado, esses alunos podem tentar assumir um protagonismo inadequado no ambiente escolar, "mudando o tamanho que eles deveriam ter também dentro da sala de aula". Esse comportamento gera atritos com colegas e professores, dificulta o aprendizado e cria um ciclo de conflitos.
O recado de Jaime Ribeiro aos pais é um convite à autoavaliação. Observar e, se necessário, reajustar a "ordem" dentro de casa pode ser o passo mais eficaz para garantir não apenas a harmonia familiar, mas também um desenvolvimento escolar saudável e equilibrado para os filhos.
Sobre o JC Educação
No próximo dia 11 de setembro, Jaime Ribeiro estará no evento JC Educação - Saúde Mental da Escola: Um Desafio Coletivo, onde vai tratar desses e de outros temas para a comunidade escolar do Recife.
O encontro vai ocorrer no auditório do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife.
O evento será apresentado por Mirella Araújo, titular da coluna Enem e Educação do JC. Além de Jaime, também estarão presentes:
- Rossandro Klinjey - Psicólogo, palestrante e consultor em Educação e Desenvolvimento Humano.
- Gilson Monteiro - Secretário de Educação de Pernambuco.
- Cecília Cruz - Secretária de Educação do Recife.