Tempo de tela: O 'ladrão' silencioso da atenção do seu filho pode estar no quarto ou na mão
Especialista alerta sobre os perigos do tempo de tela excessivo para o desenvolvimento cerebral das crianças e dá dicas valiosas para os pais

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Uma das maiores preocupações dos pais hoje é o tempo que os filhos passam em frente às telas. Mas você sabia que esse hábito, aparentemente inofensivo, pode ter consequências duradouras no desenvolvimento cognitivo deles?
Jaime Ribeiro, CEO do Educa e pesquisador dos impactos das novas tecnologias nas relações humanas, traz um alerta baseado em dados científicos que todo pai e mãe precisa ouvir.
Segundo ele, "Não é achismo, é ciência. O tempo de tela nos primeiros anos afeta o desenvolvimento cognitivo das crianças".
A preocupação é respaldada por uma pesquisa com mais de 400 crianças que identificou alterações significativas nas ondas cerebrais daquelas mais expostas a celulares, tablets e televisões.
O estudo "Associação entre tempo de tela e desempenho infantil em um teste de triagem do desenvolvimento" - publicado pelo periódico científico JAMA Pediatrics, 2019, pelos pesquisadores Sheri Madigan, PhD; Dillon Browne, PhD; Nicole Racine, PhD; e colaboradores -, mostra que o impacto é ainda mais sério nos primeiros anos de vida. "A exposição prolongada, especialmente em bebês de até um ano, mostrou-se ainda mais preocupante", afirma Ribeiro.
O que acontece no cérebro da criança?
De acordo com o especialista, o estudo mostra uma relação direta entre o tempo de tela e as áreas cerebrais essenciais para o aprendizado e o comportamento. "Quanto maior o tempo de tela, maiores as alterações nas regiões do cérebro responsáveis pela atenção e funções executivas".
Essas funções são cruciais para a vida escolar e adulta, pois envolvem planejamento, foco, controle de impulsos e resolução de problemas. O mais alarmante, segundo os dados apresentados por Ribeiro, é que os efeitos não são passageiros. "O estudo também revelou que o impacto é duradouro, com piores desempenhos nessas funções aos 9 anos de idade".
A recomendação e o conselho final
Diante de evidências tão fortes, a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é clara: "zero tempo de tela para crianças de até 2 anos".
Jaime Ribeiro reconhece que seguir essa diretriz pode ser um desafio na rotina moderna, mas reforça a importância de os pais se manterem vigilantes.
A dica de ouro do pesquisador é pensar no futuro. A capacidade do seu filho de se manter focado nos estudos e em outras atividades depende das escolhas que vocês, pais, fazem hoje. Como ele mesmo resume, "Limite o tempo que seu filho passa em frente a uma tela. Ele vai te agradecer no futuro".
Portanto, a mensagem é clara: equilibrar o uso da tecnologia é um dos maiores presentes que podemos oferecer para garantir um desenvolvimento saudável e um futuro mais promissor para nossas crianças.
Sobre o JC Educação
No próximo dia 11 de setembro, Jaime Ribeiro estará no evento JC Educação - Saúde Mental da Escola: Um Desafio Coletivo, onde vai tratar desses e de outros temas para a comunidade escolar do Recife.
O encontro vai ocorrer no auditório do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife.
O evento será apresentado por Mirella Araújo, titular da coluna Enem e Educação do JC. Além de Jaime, também estarão presentes:
- Rossandro Klinjey - Psicólogo, palestrante e consultor em Educação e Desenvolvimento Humano.
- Gilson Monteiro - Secretário de Educação de Pernambuco.
- Cecília Cruz - Secretária de Educação do Recife.