Evento da Motriz reuniu Raquel Lyra e João Campos para debater soluções nos Anos Finais do Ensino Fundamental

O evento reforçou a importância de uma educação integral, com escolas como espaços de pertencimento, desenvolvimento e proteção para adolescentes

Por Mirella Araújo Publicado em 21/08/2025 às 17:38

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O evento “Redes Que Transformam”, realizado pela organização Motriz em São Paulo, nessa quarta-feira (20), reuniu gestores públicos, especialistas e lideranças nacionais para debater políticas voltadas aos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano).

A iniciativa destacou a importância de garantir uma educação integral e significativa, com escolas como espaços de pertencimento, desenvolvimento e proteção para adolescentes.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, participou do painel “Nosso compromisso para os Anos Finais”, ao lado de Washington Bonfim, secretário de Planejamento do Piauí, Giovanni Harvey, Diretor Executivo do Fundo Baobá, e Katia Schweickardt, secretária Nacional de Educação Básica do Ministério da Educação. Mediado por Olavo Nogueira Filho, do Todos Pela Educação, o painel abordou desafios da educação no país.

“Não tem ‘bala de prata’ para a educação e nem solução mágica. O que temos feito é trabalhar de maneira integrada, mas estamos apenas começando. Temos muito o que fazer”, afirmou Raquel Lyra. A gestora defendeu políticas duradouras e integradas entre União, Estados e Municípios para garantir a aprendizagem e reduzir desigualdades.

Ela destacou o regime de colaboração como ferramenta essencial. “Estamos investindo na construção de creches em Pernambuco — 250 unidades serão construídas, chegando a 35% de cobertura no Estado. Criamos também um programa de transporte escolar, distribuímos mil ônibus e aumentamos em 140% o valor repassado para os municípios", disse. 

Ações no Recife

O evento também contou com a participação do prefeito do Recife, João Campos, que apresentou ações de intersetorialidade, como a reorganização das filas de creches e a criação de clubes juvenis, voltados para engajar adolescentes em atividades extracurriculares, do esporte ao artesanato.

“Identificamos que não bastavam as creches, mas sim um sistema que priorizasse pessoas em vulnerabilidade social. Criamos o sistema de fila. E era preciso ter transparência nas filas para resolver a questão e garantir que os alunos chegassem às vagas. Vimos que alguns alunos de extrema vulnerabilidade nem na fila estavam. Contamos com o apoio dos agentes comunitários de saúde, da Secretaria de Educação, além da digitalização”, explicou Campos.

A secretária Municipal de Educação do Recife, Cecilia Cruz, detalhou a trajetória de implementação dessas políticas. Ela explicou que, no passado, 20% das matrículas em tempo integral registravam os piores resultados. “O primeiro movimento foi de diagnóstico, para entender por que se aprendia menos estando mais tempo na escola. Havia tempo integral, mas não educação integral. Reorganizamos a matriz curricular com foco nos anos finais e no protagonismo do estudante”, disse. 

Experiências de outros estados

Representantes de Rio de Janeiro, Serra (ES) e Ceará também compartilharam desafios e soluções, incluindo violência escolar, políticas de inclusão e limitações orçamentárias. Entre as estratégias destacadas estão a reorganização curricular, clubes juvenis, vontade política local e formação continuada de professores.

Giovanni Harvey, do Fundo Baobá, e Katia Schweickardt, do MEC, reforçaram que a união de forças e a intencionalidade na formulação de políticas são essenciais para fortalecer a educação integral e reduzir desigualdades. Washington Bonfim, do Piauí, destacou os avanços do estado na educação integral, principalmente no ensino médio, com foco na profissionalização e preparação dos jovens para o mercado de trabalho.

Liderança, governança e articulação

O encontro também contou com lideranças de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Vitória e Espírito Santo, reforçando que liderança política, governança estruturada e articulação intersetorial são fundamentais para transformar a educação no país.

O evento, que incluiu mesas temáticas sobre protagonismo estudantil, políticas intersetoriais e desenvolvimento integral, destacou a urgência de garantir uma educação que forme adolescentes conscientes, engajados e preparados para o futuro.

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