Uso consciente das telas nas férias ajuda estudantes a manter o foco no Enem
O psicólogo também aconselha uma retomada gradual da rotina de estudos nas semanas finais do recesso, com momentos curtos e focados

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As férias escolares trazem horários mais flexíveis, o que também eleva o risco do uso excessivo de telas — especialmente entre adolescentes que, em breve, enfrentarão grandes desafios, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 e outros vestibulares no fim do ano.
Embora a Lei nº 15.100/2025, em vigor há seis meses, seja voltada ao ambiente escolar, ao restringir o uso de dispositivos eletrônicos em sala de aula, ela também tem provocado reflexões sobre os hábitos digitais dos estudantes fora da escola.
“A proibição dos celulares em sala de aula foi um passo importante para proteger a atenção e a saúde mental dos alunos”, destaca Edlon Moura, orientador educacional do Colégio Marista São Luís e psicólogo especializado em Neuropsicologia. “Mas não adianta restringir o uso apenas na escola, se não houver um olhar atento ao que acontece em casa, principalmente durante o período de férias", destacou.
Segundo o especialista, o tempo prolongado diante das telas — sobretudo em redes sociais — ativa o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina em excesso. “Isso reduz o interesse por atividades mais complexas, como leitura ou estudo, e pode dificultar a retomada da rotina escolar ao fim do recesso”, explica.
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Tecnologia usada com equilíbrio
A estudante Beatriz de Araújo Branco, de 17 anos, aluna da 3ª série do Colégio Marista São Luís, conta que, mesmo nas férias, procurou não aumentar o tempo de tela, mantendo uma rotina focada nos estudos tanto para o Enem quanto para o Sistema Seriado de Avaliação (SSA3), da Universidade de Pernambuco (UPE).
“Tenho consciência de que o uso excessivo de eletrônicos causa desconcentração. Por isso, mantenho o uso reduzido e continuo acessando apenas plataformas de estudo, como a Estuda.com e a Iônica. Também utilizo as redes sociais, como o Instagram, com notificações silenciadas, só para manter contato com amigos e família, sem atrapalhar minha rotina”, relata.
Beatriz também reserva tempo para o lazer e o autocuidado. “Continuo com minhas aulas de dança, durmo bem e tento equilibrar os estudos com momentos que me fazem feliz. Isso me ajuda a manter o foco sem me esgotar”, conta.
Tecnologia como aliado do aprendizado
Para Edlon Moura, o segredo está em transformar o celular em aliado do aprendizado. “A tecnologia, quando usada com intencionalidade, pode enriquecer muito a preparação para provas. Plataformas educativas, podcasts, vídeos e aplicativos de organização são ferramentas valiosas, mas o problema está na dispersão e no uso automático e passivo”, pontua.
Ele orienta que pais e estudantes criem “zonas livres de distração” durante os estudos, como colocar o celular em modo avião ou usar bloqueadores de redes sociais durante certos horários.
Reta final das férias: hora de retomar o ritmo
O psicólogo também aconselha uma retomada gradual da rotina de estudos nas semanas finais do recesso, com momentos curtos e focados.
“Uma hora por dia, com revisão de conteúdos e resolução de questões, já ajuda o cérebro a voltar ao ritmo sem estresse. Também é importante revisar simulados anteriores, reforçar conteúdos mais difíceis e, principalmente, ajustar o sono e a alimentação”, afirma Edlon.
A combinação entre disciplina e equilíbrio, como mostra a experiência de Beatriz, pode fazer a diferença na reta final de preparação para o Enem. “Ter foco sem negligenciar o descanso é o que me mantém motivada. E eu sei que essa constância vai valer a pena”, conclui a estudante.