Pernambuco leva 48 equipes à final da Olimpíada Nacional em História do Brasil
A fase final acontece presencialmente na Unicamp, em Campinas (SP), com a prova marcada para o dia 30 de agosto e a cerimônia de premiação no dia 31

Promover uma reflexão crítica sobre a informação, o papel da mídia e sua relação com a construção da memória histórica foram os pilares que nortearam as seis fases da 17ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), cuja final ocorrerá nos dias 30 e 31 de agosto, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo.
Nesta edição, que tem como tema central “Informação: produção, circulação, limites e possibilidades”, Pernambuco chega à fase final com a segunda maior delegação estadual do país, com 48 equipes (entre alunos do ensino Fundamental e Médio) — atrás apenas do Ceará, com 107 equipes, e à frente da Bahia, com 33 equipes.
A ONHB adota uma abordagem formativa, interdisciplinar e colaborativa. Desde maio, as equipes — cada uma formada por três alunos e um professor — enfrentam desafios semanais que envolvem não apenas História do Brasil, mas também Geografia, Literatura, Arqueologia, Patrimônio Cultural e temas da atualidade.
Além do número expressivo de equipes representando o estado, outro dado chama atenção: o aumento da participação de escolas da rede pública. Neste ano, das 48 equipes pernambucanas, 33 (68,75%) são de escolas particulares e 15 (31,25%) de escolas públicas — sendo 8 equipes (16,67%) da rede estadual e 7 (14,58%) da rede federal.
"Em termos educacionais, a gente vem conquistando cada vez mais espaços significativos. E lutamos para ter o nosso Estado sempre com essa representatividade", explicou o professor doutor em História Arthur Lira, da Escola Técnica Estadual (ETE) Chico Science.
"Eu percebo que, para nós de Pernambuco, a História é uma coisa muito viva, e o engajamento com os estudantes tem sido maravilhoso por causa dessa proximidade, dessa coisa de sermos muito bairristas", completou.
A disputa começou com mais de 57,1 mil equipes e chega à sua grande final com 351 equipes de todo o Brasil. A ETE Chico Science participa desta etapa com quatro equipes, formadas por 12 estudantes do 2º e 3º anos do Ensino Médio.
"Como professor, fico ainda mais feliz pelo número de equipes participantes, que é maior do que o de vários estados brasileiros, como o Paraná, que tem quatro equipes, e o Distrito Federal, com três equipes classificadas", celebrou o docente.
Classificados para final precisam de ajuda para custear a viagem
A ONHB é um projeto de extensão universitária do Departamento de História da Unicamp, realizado em parceria com o Serviço de Apoio ao Estudante (SAE), a Associação Nacional de História (Anpuh), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A fase final acontece presencialmente na Unicamp, em Campinas (SP), com a prova marcada para o dia 30 de agosto e a cerimônia de premiação no dia 31.
Segundo o professor Arthur Lira, os trâmites burocráticos para viabilizar, ao menos, o custeio do transporte dos 12 estudantes até São Paulo já foram iniciados junto à Secretaria de Educação do Estado na semana passada. No entanto, os custos com hospedagem, alimentação e transporte interno ainda devem ser arcados por cada participante.
"A gente acredita que vai ter um retorno positivo, mas, enquanto isso não acontece, porque existe um prazo legal para essa resposta, já começamos uma campanha para arrecadar recursos que cubram tudo o que eles vão precisar por lá", explicou o professor.
Quem tiver interesse em ajudar os alunos classificados para a final da ONHB pode contribuir por meio da vakinha virtual criada pelo professor e pelos estudantes. As informações estão disponíveis no perfil da escola no Instagram: @ete_chicoscience.
Interdisciplinaridade foi trabalhada em cada etapa
As fases online da ONHB foram realizadas em semanas sequenciais, com tarefas que envolveram questões de múltipla escolha e atividades de análise e interpretação de documentos históricos. Em cada fase, a prova ficou disponível para os estudantes de segunda a sábado, sempre até às 23h59. A resolução das atividades exigiu um trabalho coletivo, com inúmeros debates entre os integrantes das equipes.
Um dos desafios propostos aos participantes foi a produção de textos acadêmicos sobre um meio de comunicação de massa do século XX. Cada equipe deveria elaborar dois textos: um produzido com o auxílio de Inteligência Artificial e outro escrito exclusivamente pelos alunos. Também foi solicitada uma análise crítica comparando as duas produções — a humana e a gerada por IA —, estimulando a reflexão sobre autoria, linguagem e qualidade da informação.
Na ETE Chico Science, em Olinda, a realização das provas contou com o apoio interdisciplinar das professoras Andréa Gonçalves (Sociologia) e Jéssica Azevedo (Linguagens), que ressaltaram a importância do pensamento crítico e da produção textual para o ensino de História e para a formação cidadã dos estudantes.
Finalistas comemoram os resultados
A aluna do 2º ano da ETE Chico Science, Emilly Maria Nascimento de Azevedo, de 15 anos, que chega à final da competição pela segunda vez, contou à coluna Enem e Educação que sempre se interessou pela disciplina de História, mas foi com a ONHB que se sentiu motivada a se aprofundar ainda mais nessa área.
"Quando entrei nessa escola, eu nem iria fazer a Olimpíada porque estava bem desmotivada, mas, como era monitora de História, o professor Arthur começou a me incentivar, e acabei me inscrevendo no último dia", explicou.
Por estudar na modalidade de ensino integral, Emilly precisou conciliar a rotina com grupos de estudo na escola, além de leituras e pesquisas à noite. Toda essa dedicação para alcançar bons resultados em cada fase da ONHB também tem contribuído para sua preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Sistema Seriado de Avaliação (SSA) da Universidade de Pernambuco (UPE).
"Apesar de a Olimpíada tratar muito de História do Brasil, ela não tem um conteúdo fixo, diferente do Enem e do SSA. Ainda assim, acho que o modelo das questões acaba nos preparando para o vestibular, porque exige interpretação textual e muita pesquisa. Então, a forma como as atividades são formuladas ajuda bastante nesse desempenho", afirmou.
Para Ana Caroline Vital Mota, também aluna do 2º ano, de 17 anos, classificada para a fase final, estudar História é uma forma de desenvolver o pensamento crítico — inclusive em situações do cotidiano.
O estudante do 3º ano, João Vitor de Almeida, de 17 anos, compartilha da mesma visão sobre a importância da formação crítica. No entanto, ao contrário das colegas, ele revela que a disciplina de História não estava entre suas preferidas. O incentivo das amigas de sala foi o que despertou seu interesse em participar da Olimpíada.
"Hoje eu gosto bastante de História, porque dá para descobrir muito sobre o nosso passado e entender processos que nos trouxeram até o presente — e que, porventura, podem também afetar o nosso futuro", contou à coluna Enem e Educação.
"Como meu professor fala, é muito mais fácil identificar a resposta certa na prova, porque na ONHB, das quatro alternativas, três estão corretas. Então ele brinca que, no vestibular, a gente encontra a alternativa descritiva com muito mais facilidade", relatou João.
"No ano passado, caíram muitas questões sobre a ditadura militar, e isso ajudou bastante no Enem também. Teve questão sobre o colonialismo, a chegada dos portugueses ao Brasil...", completou o estudante.
Confira as escolas de Pernambuco classificadas para final da ONHB
- Colégio Núcleo - 20 equipes
- CBV - 5 equipes
- ETE Chico Science - 4 equipes
- Colégio de Aplicação (UFPE) - 4 equipes
- Colégio Santa Maria (Boa Viagem) - 3 equipes
- Colégio Visão - 2 equipes
- Colégio da Polícia Militar - 2 equipes
- Colégio Santa Maria (Cabo de Santo Agostinho) - 1 equipe
- GGE - 1 equipe
- Colégio Equipe - 1 equipe
- Erem Agamenon Magalhães - 1 equipe
- IFPE Garanhuns - 1 equipe
- IFPE Caruaru - 1 equipe
- Colégio Militar do Recife - 1 equipe