Mozart Neves Ramos: Pernambuco e São Paulo de olho na excelência científica
Por meio da Facepe e da Fapesp, os dois estados firmaram um convênio de cinco anos voltado ao fortalecimento da pesquisa científica

Na última 5ª feira, os governos de Pernambuco e de São Paulo oficializaram um importante acordo de cooperação durante o 68º Fórum do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP).
Por meio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), presidida por Fernanda Pimentel, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), presidida por Marco Antonio Zago, os dois estados firmaram um convênio de cinco anos voltado ao fortalecimento da pesquisa científica. A iniciativa prevê chamadas públicas conjuntas, intercâmbio de pesquisadores e financiamento de projetos colaborativos em todas as áreas do conhecimento.
A Fapesp é uma das instituições mais respeitadas no financiamento da ciência brasileira. Seu orçamento é garantido constitucionalmente, com repasses equivalentes a mais de R$ 1 bilhão de reais por ano. Mesmo sob eventuais ameaças de desvinculação orçamentária, a Fapesp mantém sua capacidade de investir com regularidade, assegurando confiança às universidades e aos centros de pesquisa do estado de São Paulo.
O acordo firmado abre, aos pesquisadores pernambucanos, em colaboração com seus colegas paulistas, uma imensa janela de oportunidades de financiamento nos diferentes campos da ciência, ampliando de sobremaneira o intercâmbio com as universidades paulistas com destaque para as renomadas Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de todo o ecossistema de pesquisa do estado de São Paulo. Sem dúvida, uma grande oportunidade aos pesquisadores pernambucanos, que já vem fazendo um trabalho de reconhecido valor científico, mas que a partir desse acordo ganham um oxigênio adicional.
Vale lembrar que a Fapesp tem um programa de bolsas científicas que chega a 10 mil por ano, além de apoiar centenas de startups. A inserção de Pernambuco nesse ambiente vai, sem dúvida, impulsionar a visibilidade de talentos locais, além de facilitar o acesso a revistas científicas de alto impacto. A Fapesp iniciou agora um programa absolutamente estratégico para o desenvolvimento científico do país por meio de um programa de bolsas de “repatriação” de brasileiros que estão trabalhando em renomadas universidades estrangeiras.
O acordo estabelece um Comitê Gestor Conjunto, com regras definidas sobre propriedade intelectual, proteção de dados e confidencialidade — aspectos fundamentais para parcerias acadêmicas e empresariais mais robustas. Importa ainda lembrar que o convênio Facepe–Fapesp representa mais do que uma cooperação técnica. É a expressão de uma política pública orientada para o futuro, em que conhecimento, inovação e desenvolvimento caminham juntos. Com a força orçamentária e científica da Fapesp, associada ao ecossistema científico do estado de São Paulo, Pernambuco marca assim um grande tento na sua política científica e tecnológica.
Pernambuco e São Paulo dão um exemplo de como a ciência pode ser instrumento de desenvolvimento regional equilibrado e sustentável, mostrando que a ciência brasileira pode e deve ser construída de forma integrada, descentralizada e com impacto real na vida das pessoas. Como pernambucano e membro do Conselho Superior da Fapesp – há quase oito anos, fico muito feliz por essa celebração de parceria entre a Facepe e a Fapesp.
Mozart Neves Ramos é titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira da USP de Ribeirão Preto e professor emérito da UFPE.