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Bebê morre após infecção pulmonar no Hospital da Mulher do Recife; família aponta negligência médica

A mãe precisou aguardar três dias para realizar uma cesárea de emergência após a criança expelir mecônio, as primeiras fezes, ainda no útero

Por Zayra Pereira Publicado em 15/10/2025 às 20:18

Uma bebê de sete dias de vida morreu na manhã desta quarta-feira (15), no Hospital da Mulher do Recife, onde nasceu e permaneceu internada desde então.

A mãe precisou aguardar três dias para realizar uma cesárea de emergência após a criança expelir mecônio, as primeiras fezes, ainda no útero.

Após a cirurgia, foi constatado que a bebê tinha ingerido e aspirado o mecônio, por isso foi levada para a UTI Neonatal, onde passou por uma intubação e utilizava balão de oxigênio.

A família conta que a recém-nascida teve uma infecção pulmonar, ocasionada pelo mecônio. Eles acreditam que o óbito ocorreu devido a uma negligência médica desde o momento da internação da mãe.

"O que eu passei eu não desejo nem a minha pior inimiga. Eu cheguei na segunda-feira da semana passada boa, com vida. Eu e minha filha chegamos com saúde, sem risco, e me encaminharam para aquele matadouro, porque eu não chama mais aquilo de maternidade", contou Gilmara, mãe do bebê.

A mulher conta que o parto foi induzido com comprimidos, entretanto, a equipe não respeitava os horários de intervalo entre as medicações.

"Cada indução é 4h, mas eles só voltavam depois de 6h ou 7h. Eu tomei quatro doses e eles diziam para fazer mais exercícios. Eu só dizia 'Jesus, eu não aguento mais'. Pedi uma cesárea e eles diziam 'calma, vamos introduzir o balão em você'", disse Gilmara.

A equipe introduziu um balão para estimular o parto, contudo, cerca de 22 horas depois, foi informado que o procedimento foi realizado de maneira incorreta.

"Quando ela mexeu no meu balão, ela disse que estava errado e que não estava funcionando. Eu disse 'E agora?' e ela respondeu 'Você vai ficar aí, porque eu não vou mexer no erro dos outros' e depois deu as costas".

Gilmara contou que a enfermeira conseguiu organizar o balão e o parto foi induzido corretamente. Cerca de 4h depois a enfermeira voltou para retirar e constatou que o balão estava preso na cabeça da criança. No momento da retirada foi possível notar a presença do mecônio.

"A mulher disse que era normal e que os bebês do Brasil não morriam se comessem ou inalassem, só os bebês de outros países".

O  pai da criança conta que foram dias muito difíceis e que ouviu bastante que sua esposa era "mole" e deveria aguentar.

"O que eu vou fazer agora sem minha filha? Quarto arrumado, trabalhando para conquistar tudo. Foi tudo jogado fora por conta de uma negligência médica, isso não existe não", contou o pai.

O corpo do bebê foi levado ao Instituto de Medicina Legal (IML) e o sepultamento deve ocorrer amanhã no Cemitério de Santo Amaro.

O que diz o Hospital da Mulher do Recife

Em nota, o hospital lamentou o falecimento da criança e apontou que Gilmara entrou na unidade no dia 6 e a indução começou no dia seguinte, afirmando que tudo aconteceu sem intercorrências.

Eles afirmam que a aspiração de mecônio não é indicação de cesariana, dependendo das condições do bebê.

"Embora tenhamos executado o tratamento indicado para estes casos, infelizmente o bebê não resistiu às complicações e veio a falecer", contou o hospital através de nota.

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