'Um Lobo Entre os Cisnes' desenrola a história de um dos maiores nomes do balé brasileiro com excelentes performances
O filme estreia no dia 24 de julho, levando às telas a história de Thiago Soares, que foi o primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres por 14 anos

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Thiago Soares, um dos maiores nomes do balé no Brasil, foi biografado no longa 'Um Lobo Entre os Cisnes', primeiro filme brasileiro de dança. Nos cinemas a partir do dia 24 de julho, a produção é estrelada por Matheus Abreu e pelo argentino Darío Grandinetti, com a direção de Marcos Schechtman e Helena Varvaki.
O filme passa pelos altos e baixos da trajetória artística e profissional do dançarino, que, criado em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, começa a manifestar sua paixão pela dança através do hip hop, sendo treinado pelo professor Julio. É esse treinador quem o aconselha a conseguir uma bolsa de estudos em uma escola de balé. De início, a oportunidade não o atrai, mas, por precisar do dinheiro, Thiago se mantém na academia e logo se destaca por seu talento.
Convencida do potencial do protagonista, a diretora da escola o apresenta ao coreógrafo cubano Dino, que o treina para competir em Paris. Com ele, Thiago consegue reconhecer seu talento e seu amor pelo balé e a relação, inicialmente estremecida, o ajuda a construir o empenho e a disciplina necessários para conquistar uma carreira profissional internacional na dança.
A dinâmica carismática entre os protagonistas
Matheus Abreu interpreta um Thiago cheio de personalidade, que faz o que quer e chama a atenção por onde passa. Seu jeito espontâneo e desinibido, junto com sua tendência a quebrar regras, entram em contraste com a rigidez de Dino, que é brilhantemente vivido por Darío Grandinetti. O coreógrafo espera do protagonista uma disciplina e uma obediência que Thiago não parece disposto a oferecer de cara, mas, à medida que o relacionamento entre os dois se desenvolve, ele percebe a importância desses conselhos para o seu crescimento como bailarino.
A dinâmica dos dois funciona à la ‘Karatê Kid’. Esse choque entre um personagem marrento e desobediente com a autoridade carrancuda, que, aos poucos, revela um coração doce, pode ser um grande clichê batido, mas funciona bem aqui porque os dois são muito carismáticos. A relação deles também é bem construída, o que os deixa bem mais naturais e gostáveis. É divertido observar como gestos que, no início, eram sinônimos de agressividade e desrespeito, se tornam quase carinhosos com o passar do tempo. Como o corpo é o foco desses personagens, a maneira como toques e até algumas manifestações mais violentas, como empurrões, passam a ser interpretadas por eles de maneiras diferentes conforme eles se apegam um ao outro.
Também é interessante perceber como os dois são muito mais parecidos do que se percebe no início. Por trás da disciplina que Dino exige de Thiago, há um personagem que negligencia seu próprio corpo.
O fator dança
Como ‘Um Lobo Entre os Cisnes’ se autointitula um filme de dança, a atenção à coreografia é bem importante. O trabalho de preparação do elenco, sobretudo o realizado com Matheus Abreu, convence realmente de que ele é um dançarino treinado há bastante tempo. Embora o ator tenha um dublê, é ele quem está em cena na maior parte dos takes de dança, e ele consegue se movimentar aparentando bastante naturalidade.
Em um bate-papo com espectadores no Recife, Matheus contou como algumas das cenas de dança gravadas foram interpretadas espontaneamente, sem uma coreografia pré-definida, simplesmente com os atores “brincando” juntos. Esse fator deu um ‘Q’ bem orgânico ao filme, ainda mais levando em consideração que parte dos melhores momentos de dança do longa foram feitos dessa forma.
Reconhecimento
O potencial do cinema de envolver o público em uma história de uma figura tão importante para o meio artístico nacional, mas, ao mesmo tempo, tão pouco conhecida entre os próprios brasileiros, carrega uma certa fascinação. ‘Um Lobo Entre os Cisnes’ tem obtido reconhecimento em eventos como o 27º Festival de Cinema Brasileiro de Paris e do 34º Cine Ceará, tendo conquistado, neste último, os prêmios de Melhor Ator (Matheus Abreu), Melhor Ator Coadjuvante (Darío Grandinetti) e Melhor Direção de Arte (Dina Salem Levy). Seu desempenho após a estreia nas salas de cinema do Brasil deve levar a trajetória de Thiago Soares ainda mais longe, e aumentar, nem que seja um pouquinho, o repertório cultural que temos em relação à nossa própria nacionalidade.
Em suma, o filme constitui um bom retrato do dançarino e é uma excelente forma de conhecer um pouco mais da nossa cultura. Matheus Abreu e Darío Grandinetti formaram uma dupla muito carismática e agradável, que garantem uma boa dose de diversão.
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