Unhas em gel: dermatologista alerta sobre riscos, cuidados e novas restrições da Anvisa
Técnica popular entre brasileiras exige atenção à luz ultravioleta e aos produtos usados, que agora têm substâncias proibidas pela agência sanitária
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Brilho intenso, formato perfeito e durabilidade que atravessa semanas. As unhas em gel conquistaram espaço nos salões e nas redes sociais como símbolo de praticidade e beleza.
Mas por trás da aparência impecável, crescem também os alertas: coceira, vermelhidão e enfraquecimento das unhas naturais tornaram-se queixas frequentes entre as adeptas.
O que parecia apenas um ritual estético despertou dúvidas sobre segurança.
Afinal, unhas em gel fazem mal à saúde?
A dermatologista Marina Coutinho explica que o risco está menos na técnica em si e mais na frequência e na forma como é feita.
“O problema não está apenas no gel em si, mas na combinação de produtos químicos e na exposição repetida à luz ultravioleta das cabines. O uso contínuo sem acompanhamento pode causar reações alérgicas, fragilidade das unhas e até aumentar o risco de câncer de pele nas mãos”, afirma.
Substâncias sob observação
Parte dos produtos usados para endurecer o gel contém compostos que preocupam os especialistas, como o TPO (Trimethylbenzoyl Diphenylphosphine Oxide) e o DMPT (Dimethyl-p-toluidine). Ambos funcionam como fotoiniciadores, ou seja, ativam o endurecimento do gel sob a luz UV, mas estão associados a possíveis reações tóxicas e dermatológicas.
“Esses ingredientes podem causar irritações e sensibilizações, principalmente em quem já tem pele sensível. Além disso, a exposição repetida à radiação UV intensifica os riscos”, alerta Marina.
Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução que proíbe o uso do TPO e do DMPT em cosméticos, esmaltes em gel e produtos de higiene pessoal. Estudos internacionais apontaram que o DMPT pode estar ligado ao desenvolvimento de câncer, enquanto o TPO apresenta toxicidade reprodutiva, podendo afetar a fertilidade.
Com a medida, o Brasil se alinha às normas da União Europeia. A decisão estabelece prazos para adaptação: suspensão imediata da fabricação e registro de novos produtos, recolhimento e fim das vendas em até 90 dias, e cancelamento definitivo dos registros após esse prazo.
Riscos e cuidados
Segundo Marina Coutinho, o uso prolongado de unhas artificiais sem pausa pode “abafar” as unhas naturais, provocando ressecamento, descamação e até infecções por fungos e bactérias.
“O ideal é fazer pausas entre uma aplicação e outra. Esse descanso permite que as unhas respirem, recuperem a hidratação natural e evitem o surgimento de infecções”, recomenda Marina.
Ela também reforça a necessidade de aplicar protetor solar nas mãos antes de usar a cabine UV, além de escolher profissionais capacitados e produtos certificados. “A radiação ultravioleta é o principal fator de risco ambiental para o câncer de pele. Por isso, sempre oriento minhas pacientes a aplicarem protetor solar nas mãos antes do procedimento”, ressalta.
Dicas para uso seguro
- Use protetor solar nas mãos antes da cabine UV
- Faça manutenção a cada 15 ou 20 dias
- Prefira profissionais qualificados e produtos registrados
- Faça pausas entre as aplicações
- Evite o procedimento se houver alergias, micoses ou lesões na pele
Apesar dos riscos, a dermatologista garante que as unhas em gel podem ser usadas com segurança quando há orientação e cuidado. “Cuidar das unhas também é um ato de autocuidado. A beleza verdadeira começa com a saúde”, conclui Marina Coutinho.