Explorar petróleo na Foz do Amazonas é 'extremamente necessário', diz ex-presidente da ANP
Para Florival Carvalho, exploração na região é 'extremamente necessária' e pode ser tão importante para o Brasil quanto foi a descoberta do Pré-Sal
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta sexta-feira (24), o ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Florival Carvalho, defendeu a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
Questionado sobre a necessidade de o Brasil explorar a bacia na margem equatorial, Carvalho foi enfático: "Na minha visão, isso é extremamente necessário".
Ele relembrou as dificuldades enfrentadas pelo país nos anos 70, durante a crise do petróleo, quando o Brasil "não tinha petróleo". Segundo Carvalho, foi um "esforço muito grande" e anos de investimento que capacitaram a Petrobras a explorar em águas profundas , levando às descobertas das bacias de Campos (RJ) e Santos (SP) e, posteriormente, ao Pré-Sal em 2006.
Essa descoberta transformou o Brasil em um "exportador líquido de petróleo", algo "extremamente importante" para a economia, ajudando a balança comercial, a reserva de dólares, a geração de emprego e a qualidade de vida.
"A descoberta do pré-sal foi tão importante no Brasil, como também será se se confirmar as reservas que a gente pode ter aí na foz do Amazonas", afirmou.
Potencial pode equivaler às reservas atuais
Sobre o potencial da nova fronteira, Florival Carvalho explicou que a real dimensão da reserva só é conhecida "depois que perfura". No entanto, ele destacou que os mapeamentos atuais indicam um potencial na Bacia da Foz do Amazonas da ordem de 16 bilhões de barris. Para efeito de comparação, as reservas prováveis atuais do Brasil são de 16 bilhões de barris.
"Então, nós estamos falando aí em torno de 15 anos de petróleo, se confirmar", disse, reforçando a necessidade de perfurar "pelo menos esse primeiro poço".
Resposta às críticas ambientais
Rebatendo o debate sobre a questão ambiental , o ex-presidente da ANP afirmou que o Brasil "já faz muito a sua parte". Ele citou que a matriz elétrica brasileira é mais de 90% renovável e que a matriz energética total é mais de 50% renovável.
"Não tem um país no mundo que tenha feito o que o Brasil fez em termos de mitigação de riscos ambientais, de mitigação de emissão do CO2", afirmou.
Florival também minimizou os riscos da operação, destacando que a Petrobras já tem um longo histórico na chamada Margem Equatorial, que se estende do Rio Grande do Norte até o Amapá.
"Nessa margem equatorial, a Petrobras já furou mais de 700 poços, sem nenhum incidente". Diante disso, ele afirmou não entender "essa celeuma toda, essa restrição toda do Ibama".
Plano de perfuração
Questionado se a licença do Ibama seria para apenas um poço , Carvalho disse não ter "esse detalhe". Contudo, ele mencionou que a Petrobras já reservou em seu plano de negócios (para 2025-2029) um orçamento de 3 bilhões de dólares. Esse valor seria destinado "para a perfuração de 15 poços lá na foz do Amazonas".
Ele concluiu dizendo que a Petrobras está "preparada financeiramente para isso, tem tecnologia para isso"