Queda no preço dos alimentos impulsionou aprovação de Lula, avalia diretor da Quaest
Guilherme Russo, diretor de Inteligência da Quaest, analisou os dados da pesquisa divulgada nesta quarta-feira durante o programa Passando a Limpo

A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (20) mostrou que o governo Lula registrou seu melhor índice de aprovação desde janeiro deste ano. Segundo Guilherme Russo, diretor de inteligência do instituto, há uma tendência clara de melhora da percepção popular em relação ao governo.
"Ela mostra novamente uma subida na aprovação e uma queda na desaprovação do governo Lula, e já são duas pesquisas, né? Primeiro de maio a julho e agora de julho a agosto. Então, com dois pontos, a gente chama de tendência. O governo está melhorando em comparação aos últimos meses”, afirmou.
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Entre os fatores que explicam esse movimento, Russo destacou a queda no preço dos alimentos e a condução política da crise do “tarifaço” imposto por Donald Trump.
Segundo o levantamento, o índice de entrevistados que enxergaram alta no preço dos alimentos nos últimos meses caiu 13 pontos em relação à pesquisa anterior, passando de 76 para 60. Embora o número ainda seja alto, Russo afirma que a queda expressiva reflete na aprovação de Lula.
"Essa é a principal mudança nos últimos meses. Caiu de forma muito drástica, mais de 10 pontos, o percentual de brasileiros que diz que os preços dos alimentos aumentaram. Esse é o principal resultado que tá trazendo de novo um eleitor que votava no Lula e certamente tá mobilizando”, declarou.
O levantamento também mostrou que a desaprovação ao presidente vem recuando inclusive entre eleitores fora da base tradicional petista. Para Russo, a reação da sociedade ao tarifaço é um componente importante desse processo.
“A pesquisa mostra de novo que agora, se 69% sabiam da medida um mês atrás, agora já são 84%. E 77% dos brasileiros são contrários à posição do Trump. Essa é uma vitória para o governo, que se saiu melhor do que a oposição, especialmente a família Bolsonaro”, avaliou.
Segundo Russo, essa mudança afeta diretamente o eleitorado de centro, fundamental na eleição de 2026. “Esse grupo começa a olhar de forma mais favorável para o governo. E digo isso também porque nas redes sociais o governo teve uma série de vitórias em posicionamento e comunicação, depois de várias derrotas no começo do ano”, afirmou Russo.
A análise regional da Quaest indica melhora da aprovação em todas as regiões, com destaque para o Nordeste. Porém, Russo ressalta que o peso maior vem dos eleitores de baixa renda em todo o país. “Esse grupo sempre votou no Lula. Mesmo nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o efeito da inflação sobre os mais humildes foi decisivo. Eles estão olhando de forma muito pragmática: minha vida está melhorando no poder de compra. Então, voltando a ter bons olhos para o governo hoje”, explicou.
Outro ponto abordado foi o escândalo do INSS, que no início do ano dominava a agenda política. Para Russo, a resposta rápida do governo e a mudança no foco do debate reduziram o desgaste.
“Foi a principal notícia durante uma semana, mas desde então perdeu relevância. Corrupção estava voltando a ser um tema central, mas nas últimas rodadas caiu. Isso é uma vitória para o governo, que hoje consegue falar mais da inflação e da reação ao tarifaço do que do INSS”, concluiu.