Adultização: Câmara deve analisar propostas sobre exposição de crianças na internet nesta semana
Especialista alerta que exposição precoce a conteúdos e práticas adultas pode prejudicar desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças

A adultização, processo que expõe crianças a comportamentos e responsabilidades de adultos, deve ser pauta na Câmara dos Deputados nesta semana. O programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, trouxe a psicopedagoga Michely Almeida para explicar os impactos dessa prática no desenvolvimento das crianças.
O alerta principal é de que os primeiros anos de vida são críticos para a formação moral e da personalidade, e que a exposição precoce a situações de adultos pode comprometer esse processo. Ela reforça, ainda, o papel crucial das leis de proteção à infância, como o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).
Proteção à infância é urgente
A especialista relembra que o conceito de "infância" é uma construção recente: "As crianças não eram vistas como infância, eram vistas como adultos em miniatura. Olhar para a infância respeitando seu tempo é fundamental". As leis de proteção à infância e juventude são marcos nessa virada histórica e devem ser protegidas, atualizadas e ampliadas.
Ela salienta a importância desse olhar diferente para as crianças, dado que os primeiros anos de vida são críticos para o desenvolvimento moral e formação da personalidade. "E o que é que entra nessa formação da personalidade? Esse reconhecimento dos limites, do que pode, do que não pode, desses freios morais por vivermos em sociedade. E que a criança, até os 7 anos, não tem ainda esse discernimento".
Internet e redes sociais intensificam riscos
O excesso de exposição precoce a comportamentos de adultos, mesmo em crianças com altas habilidades, é preocupante: "Essas crianças precisam de acompanhamento psicológico, não de responsabilidades do mundo adulto", alerta Michely. Segundo a especialista, o mercado digital e as redes sociais podem gerar cobrança e responsabilidades comparáveis ao trabalho infantil.
E essa responsabilidade imposta às crianças atrapalha diretamente no tempo livre e no brincar, essenciais para a formação. Uma vez que essa fase é negligenciada, os efeitos negativos perduram a vida toda, dado que "a criança precisa do ócio para desenvolver saúde mental", conclui a psicopedagoga.