Presidente e vice da Câmara de Ipojuca são detidos em Boa Viagem após operação policial
Parlamentares foram abordados ao saírem do Mix Mateus de Boa Viagem; ação apura supostos desvios de recursos de emendas impositivas.
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O presidente da Câmara dos Vereadores de Ipojuca, Flávio do Cartório (PSD), e o primeiro secretário da Casa, Professor Eduardo (PSD), foram detidos por policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE). A ação ocorreu ao final da tarde desta terça-feira (18), no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
A reportagem do Jornal do Commercio teve acesso ao Boletim de Ocorrência da Polícia Civil. Segundo o documento, os parlamentares foram abordados quando saíam do Mix Mateus, localizado na Rua Padre Carapuceiro.
A abordagem policial ocorreu após os vereadores serem observados realizando uma transferência suspeita de um objeto entre seus veículos, um BYD e uma S10. Foram apreendidos quantias significativas de dinheiro, telefones celulares e documentos com anotações que, segundo o BO, indicam um possível esquema de "rachadinha" totalizando mais de R$ 345 mil.
O dinheiro em espécie que foi apreendido durante a ocorrência totaliza R$ 17.388,00, que corresponde à soma dos valores encontrados com Professor Eduardo (R$ 14.267,00) e Flávio do Cartório (R$ 3.121,00).
Os vereadores foram encaminhados para prestar depoimento naCentral de Plantões da Capital (Ceplanc), em Campo Grande, na Zona Norte do Recife.
Investigação de desvios
A detenção é um desdobramento da Operação Alvitre, investigação policial que apura desvios de recursos provenientes de emendas parlamentares de Ipojuca. Segundo o Boletim de Ocorrência, o vereador Flávio do Cartório estava com um mandado de prisão em aberto após deflagração da operação.
Outros quatro suspeitos já haviam sido presos pela operação anteriormente. Entre esses, estava o empresário Gilberto Claudino da Silva Júnior, investigado pela Polícia Civil como um dos líderes do esquema.
Dono da Faculdade Novo Horizonte (razão social Instituto Nacional de Ensino, Sociedade e Pesquisa - Inesp), apontada pela polícia como uma das empresas beneficiadas com repasse milionário de verbas, Gilberto foi preso no dia 5 de novembro, após ter se entregado à polícia.
Segundo as investigações, as verbas recebidas pelo Inesp eram repassadas pelo Instituto de Gestão de Políticas do Nordeste (IGPN), principal beneficiário das emendas.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, nove vereadores autorizaram o pagamento de mais de R$ 6 milhões em menos de um ano, sem que a entidade tivesse capacidade para gerir os contratos que previam a oferta de cursos na área de saúde.
"O IGPN contratou uma faculdade de Ipojuca, mas os cursos não foram realizados. Um detalhe que também chama a atenção é que o imóvel onde funciona a faculdade foi adquirido pela Câmara de Vereadores de Ipojuca", disse o delegado Ney Luiz Rodrigues, em coletiva de imprensa realizada ainda em outubro.
Já em outra coletiva realizada no dia 3 de novembro, o mesmo delegado havia afirmado que o presidente e vice da Câmara Municipal de Ipojuca eram ligados a um dos empresários suspeitos que estavam foragidos.
Na operação, duas advogadas à frente de outra associação localizada em Caruaru, no Agreste do Estado, foram presas. Outra mulher, funcionária da Inesp, também. Três suspeitos seguem foragidos.
PSD se pronuncia
O Partido Social Democrático (PSD), sigla que representa os vereadores presos, emitiu uma nota oficial sobre o ocorrido.
"O PSD de Pernambuco informa que vai acompanhar as investigações referentes à prisão do presidente da Câmara de Vereadores de Ipojuca, Flávio do Cartório, e do seu vice, Professor Eduardo, ambos filiados ao partido. Assim que o processo legal for concluído, adotaremos as medidas cabíveis", diz o comunicado.
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