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Quaest: maioria dos brasileiros não quer nem Lula nem Bolsonaro em 2026

Pesquisa revela que polarização desgastou os nomes da disputa. Enquanto na esquerda não há alternativa, cresce pressão para Bolsonaro apoiar aliado

Por JC Publicado em 21/08/2025 às 9:06 | Atualizado em 21/08/2025 às 9:10

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A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (21) indica que a maioria dos brasileiros não deseja nem a continuidade do presidente Lula (PT) nem o retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Palácio do Planalto em 2026.

Segundo o levantamento, 58% dos entrevistados rejeitam uma nova reeleição de Lula, mesmo índice registrado na pesquisa de julho. Outros 39% disseram apoiar a possibilidade de o petista tentar mais um mandato — uma oscilação positiva de um ponto percentual.

No caso de Bolsonaro, que está inelegível, a rejeição cresceu. Agora, 65% avaliam que ele deveria abrir mão de uma eventual candidatura e apoiar outro nome. Em julho, esse percentual era de 62%. Os que defendem sua permanência como candidato caíram de 28% para 26%, dentro da margem de erro.

A Quaest também questionou quem deveria ser o candidato da direita em um cenário sem Bolsonaro. Entre os eleitores que se identificam como bolsonaristas, a preferência recai sobre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), com 36%.

Quando considerados todos os eleitores, sem recorte ideológico, Michelle registra 16% das menções, tecnicamente empatada com Tarcísio, que tem 14%

O governador paulista também está dentro da margem de erro em relação a Ratinho Júnior, citado por 10%. Nesse cenário mais amplo, 21% rejeitam todos os nomes apresentados e 13% não responderam.

A pesquisa Quaest em cenário nacional foi realizada presencialmente entre 13 e 17 de agosto em 120 municípios, entrevistando brasileiros com 16 anos ou mais. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

Impacto político

A rejeição simultânea a Lula e Bolsonaro mostra que a maioria do eleitorado busca alternativas fora da polarização que dominou as últimas eleições presidenciais, embora o atual presidente lidere as intenções de voto contra todos os opositores em cenários de segundo turno levantados na mesma pesquisa.

A pesquisa também evidencia o protagonismo de Michelle Bolsonaro no campo conservador, ainda à frente de nomes com experiência política como Tarcísio e Ratinho Junior. No entanto, o cenário fora da bolha bolsonarista é mais fragmentado, com nenhum nome da direita ultrapassando os 20% de preferência.

O sociólogo e especialista em pesquisas Maurício Garcia avalia que a rejeição a Lula e Bolsonaro reflete um cansaço da sociedade com a polarização.

“O eleitor brasileiro não quer mais nem Lula nem Bolsonaro, nem alguém fortemente ligado a eles. O problema é a falta de opções que o sistema político está oferecendo”, afirmou em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.

Segundo ele, mesmo entre os eleitores de esquerda, há sinais de desgaste do presidente. “As pessoas podem até ter simpatia, mas até parte dos petistas mais radicais acham que Lula já está superado.”

Garcia também aponta que a rejeição se repete no campo da direita. “A direita não quer mais Bolsonaro, não aprova uma série de posturas do ex-presidente, mas a questão é: quem seria o outro? Essas duas grandes figuras políticas que o Brasil produziu nos últimos anos estão saturadas no imaginário da população”, disse.

Para o especialista, enquanto Lula acumula décadas de protagonismo político desde 1989, Bolsonaro, embora mais recente, “se desgastou muito rápido”.

Na avaliação do sociólogo, a maior fragilidade está na direita, que ainda não encontrou um sucessor viável para Bolsonaro. “O medo desse grupo é a fragmentação ser tão grande e permitir que Lula desgarre e vença no primeiro turno. Não há um norte claro: não se sabe se será Michelle, Tarcísio, Ratinho ou Caiado. Cada um representa uma região diferente, e isso também é muito ruim”, avaliou Garcia.


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