Manoel Medeiros, acusado de comandar "milícia digital palaciana", pede desligamento do Governo de Pernambuco
Na última quarta-feira (20), Manoel foi acusado por Álvaro Porto (PSDB) de comandar "milícia digital palaciana", após investigação feita pela Alepe

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Um dia após ser acusado pelo deputado Álvaro Porto (PSDB) de liderar uma "milícia digital" no Palácio do Campo das Princesas, Manoel Medeiros Neto pediu o desligamento das suas funções no Governo do Estado, por meio de comunicado publicado no início da noite desta quinta-feira (21).
Jornalista e economista, Manoel estava na gestão estadual desde 2022, quando integrou o comitê de transição junto à então governadora eleita Raquel Lyra (PSD). Manoel chegou à gestão estadual através da vice-governadora Priscila Krause (PSD), com quem trabalhou entre 2011 e 2022.
Manoel ocupava a função de assessor especial da governadora Raquel Lyra, após ter deixado a gestão estadual em julho de 2024 para trabalhar na campanha de Daniel Coelho (PSD) para a prefeitura do Recife.
No Governo de Pernambuco, Manoel exerceu o cargo de secretário executivo de Informações Estratégicas, na Secretaria de Comunicação, mas também atuou como conselheiro da CEPE (Companhia Editora de Pernambuco) - órgão vinculado à Secretaria da Casa Civil e responsável pela publicação do Diário Oficial de Pernambuco - e na Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE).
Manoel diz ser vítima de "baixíssimo golpe de violência política" e promete processar responsáveis por investigação
Na nota divulgada nesta quinta-feira, endereçada à governadora Raquel Lyra, Manoel afirmou estar sendo "vítima de um baixíssimo golpe de violência política" e acusa o deputado Álvaro Porto de patrocinar uma "violência praticada aos olhos de todos" e "com aparato público", em alusão à investigação realizada pela Superintendência de Inteligência Legislativa da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e revelada por Porto na sessão plenária da última quarta-feira (20).
"Como visto e amplamente noticiado, estou sendo vítima de um baixíssimo golpe de violência política patrocinado pelo presidente do Poder Legislativo estadual simplesmente porque agi livremente, colo um cidadão deve viver numa democracia. Ação sem precedentes na história recente de Pernambuco e comparável a momentos de subjugação da liberdade já vividos", disse.
Manoel também afirmou que acionou advogados e irá processar os responsáveis pela investigação, a qual considerou ter sido "oficializada com o carimbo da Casa de Joaquim Nabuco".
"Acionei meus advogados e processarei nas instâncias cabíveis os responsáveis, declaradamente autores da investigação pessoal contra mim, oficializada com o carimbo da Casa de Joaquim Nabuco e sem decisão Judicial. Nesta sexta-feira, irei à delegacia registrar ocorrência e pedir investigação", enfatizou.
O jornalista também afirmou a existência de "ameaças veladas", apontando atenção à sua integridade física.
"Registro aqui a existência de ameaças veladas, vinculadas a velhas formas de fazer política, que exigem uma atenção para com minha integridade física", disse.
Com a saída da gestão estadual, Manoel pretende centrar esforços no ofício jornalístico, tendo já criado um blog.
Manoel foi acusado por Álvaro Porto de comandar "milícia digital palaciana"
Na última quarta-feira, em pronunciamento na Alepe, Álvaro Porto afirmou que uma investigação da Superintendência de Inteligência Legislativa (Suint) apontava Manoel Medeiros como o líder de uma "milícia digital palaciana".
De acordo com Álvaro, a "milícia digital" teria como foco atingir opositores, parlamentares e instituições estaduais.
"Uma rede paga com dinheiro público para difamar, desonrar e caluniar deputados, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça e outros segmentos estaduais", disse Álvaro.
De acordo com a investigação da Suint apresentada por Álvaro, imagens de câmeras de segurança mostram Manoel em uma lan house, no dia 9 de agosto, em um shopping center. Lá, Manoel teria redigido a denúncia anônima divulgada no dia seguinte contra a deputada Dani Portela (PSOL), onde acusava o gabinete da parlamentar de irregularidades na contratação de uma empresa especializada em serviços de automatização de dados.
Dani Portela é autora do requerimento que resultou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que tem como objetivo investigar a licitação de um contrato de publicidade do Governo de Pernambuco, avaliado em R$ 1,2 bilhão e com duração de 10 anos.
Confira a nota de Manoel Medeiros abaixo, na íntegra:
"Prezada governadora Raquel Lyra,
Pernambuco é terra de liberdade e há de defendê-la sempre. Como visto e amplamente noticiado, estou sendo vítima de um baixissimo golpe de violência política patrocinado pelo presidente do Poder Legislativo estadual simplesmente porque agi livremente, colo um cidadão deve viver numa democracia. Ação sem precedentes na história recente de Pernambuco e comparável a momentos de subjugação da liberdade já vividos.
Uma violência praticada aos olhos de todos e declaradamente realizada com aparato público: a Superintendência de Inteligência do Legislativo, que ilegalmente devassou a minha vida e expôs minha imagem na internet e nas TVs ("imagem cedida pela Alepe"). A respeito disso, acionei meus advogados e processarei nas instâncias cabíveis os responsáveis, declaradamente autores da investigação pessoal contra mim, oficializada com o carimbo da Casa de Joaquim Nabuco e sem decisão Judicial. Nesta sexta-feira, irei à delegacia registrar ocorrência e pedir investigação.
Agi como cidadão, pela minha própria e exclusiva vontade, conectado a uma militância responsável contra a corrupção que acompanha a minha trajetória desde cedo e é conhecida por muitos. Saber fazer jornalismo em busca do bem comum, com provas, documentos, contraditórios e informações seguras assusta muitos. Incomoda demais. E mesmo sem temer, registro aqui a existência de ameaças veladas, vinculadas a velhas formas de fazer política, que exigem uma atenção para com minha integridade física.
Diante de tudo isso, tanto para dar seguimento à busca pela justiça, como para manter e fortalecer o meu ofício jornalístico, que é propósito de vida, comunico o pedido de desligamento da gestão estadual. Tenho orgulho de ter feito parte da gestão da senhora, contribuindo efetivamente para virarmos a página de um Pernambuco dos coronéis, quando a administração do Estado era usada em benefício de poucos.
A terra de Joaquim Nabuco, Patrono da liberdade, não há de se curvar à arapongagem, à ameaça e à perseguição. Como cidadão e jornalista, garanto: a minha luta está só começando.
"Nova Roma de bravos guerreiros, Pernambuco imortal, imortal!"
Manoel Medeiros Neto"