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"O que foi feito contra mim foi um crime", diz Dani Portela após revelações de investigação na Alepe

Parlamentar do PSOL afirmou que denúncia produzida por assessor da governadora foi "peça de inverdades" que expôs sua família: "Fez de forma covarde"

Por Pedro Beija Publicado em 20/08/2025 às 21:11 | Atualizado em 20/08/2025 às 21:14

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A deputada estadual Dani Portela (PSOL) fez um discurso emocionado na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nesta quarta-feira (20), após as revelações da investigação legislativa que apontaram Manoel Medeiros, secretário executivo de Políticas Estratégicas do Governo de Pernambuco e assessor da governadora Raquel Lyra (PSD), como autor de uma denúncia anônima contra o seu gabinete.

Manoel foi apontado pelo presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB), como líder de uma "milícia digital palaciana".

Em aparte à fala de Porto, Dani afirmou ter sentido uma “sensação de justiça” ao assistir ao vídeo que mostra Manoel em uma lan house redigindo o documento — enviado de forma anônima a órgãos de controle e à imprensa.

“Eu vou procurar o delegado-geral e vou entrar com uma notícia-crime. O que foi feito contra mim foi um crime, uma prevaricação, vindo de um funcionário público e eu preciso de um delegado especial para acompanhar isso. Eu preciso que esse caso seja tratado com toda a seriedade”, declarou.

A parlamentar destacou que já havia recorrido à Superintendência de Inteligência Legislativa (Suint) em abril, quando percebeu que “algo maior estava acontecendo”.

“Quando eu decidi procurar a delegacia da Suint lá em abril, eu sabia que algo maior estava acontecendo. Mais frequente, mais recorrente, mas eu achava que era algo se levantando contra mim. E em breve, eu pude ver que não era apenas contra mim, mas que era uma rede muito maior. E muita gente disse ‘Dani, tem certeza que você vai denunciar isso? É uma briga de Davi e Golias, você vai mexer com pessoas muito poderosas’”, afirmou.

Dani também disse que o documento elaborado por Manoel era “repleto de inverdades” e que nele foram expostas imagens de seus enteados e de sua filha, todos menores de idade na época.

“Ele (Manoel) redigiu toda uma peça repleta de inverdades contra mim e fez mais, expôs a imagem dos meus enteados. Uma criança com 7 anos e outra com 9 anos, à época. Um menino autista, que teve inclusive a sua foto reconhecida. Da minha filha, que então também era menor de idade, com 17 anos, sem nem o cuidado de borrar. A minha filha, que hoje tem 22 anos, foi reconhecida a partir daquela foto exposta pela denúncia de uma pessoa que está lotada no palácio da governadora e deveria fazer um serviço público. Expôs a minha família”, disse.

A deputada afirmou ainda que deputados aliados de Raquel Lyra chegaram a garantir que a denúncia não havia partido do Palácio do Campo das Princesas, mencionando Renato Antunes (PL) e Joãozinho Tenório (PRD). Segundo ela, os dois disseram ter a palavra da própria governadora. Ambos confirmaram a fala em apartes a Álvaro Porto, prestando solidariedade a Dani.

“Eles olharam nos meus olhos e falaram ‘Dani, nós acabamos de voltar do Palácio e podemos garantir com sinceridade que essa denúncia contra você não veio de lá’. Isso foi dito olhando nos meus olhos, de que a governadora do Estado não teria a capacidade de infringir denúncias graves a uma mulher, mãe, como eu era. De que eu tinha a garantia, a palavra dada de que isso não saiu do Palácio”, declarou.

Em sua fala, Dani também questionou a continuidade da atuação do que chamou de “milícia digital” e “gabinete do ódio”.

“Eu queria que a gente refletisse um pouco. Onde a gente vai parar com tudo isso? Onde essa milícia digital, esse gabinete do ódio vai parar? Hoje foi contra mim, amanhã pode ser contra qualquer um de vossas excelências que ousarem ter a coragem de se manifestar, fazendo oposição”, disse.

Por fim, a parlamentar ressaltou que não se trata de uma disputa entre situação e oposição, mas de um ataque à sua honra e à dos parlamentares.

“A mais baixa política não vai tirar de mim a esperança de honrar a minha história, o legado da minha família, e os meus filhos de terem orgulho da história da mãe deles. Eu sou filha e mãe de uma mãe de 85 anos com Alzheimer que esquece quem sou eu, enquanto eu estou horas do meu dia nessa Casa, eu não falto, estou em todas as comissões. Eu passo 10 dias sem conseguir ver a minha mãe. Eu tenho um bebê que acorda três vezes de madrugada e eu não admito, não admito que o jogo sujo da política venha ferir não só a minha honra, mas a nossa honra. Isso não é um problema de oposição e situação”, enfatizou.

Câmera de segurança registra momento em que assessor de Raquel Lyra prepara material de denúncia contra Dani Portela em Lan House

Dani Portela rebate nota de Manoel Medeiros: "Além de fazer uma denúncia falaciosa, fez de forma covarde"

Após a publicação da nota oficial do secretário executivo de Políticas Estratégicas do Governo de Pernambuco, Manoel Medeiros, a deputada Dani Portela (PSOL) divulgou um direito de resposta, no qual contesta as declarações do assessor da governadora.

Leia a íntegra do texto enviado pela parlamentar:

“A declaração do Secretário Executivo de Assuntos Estratégicos do governo de Pernambuco, Manoel Medeiros, é a reiteração de uma violência contra mim. O referido secretário não é uma vítima. Ele é o autor de uma denunciação caluniosa e foi pego em flagrante.

Além de fazer uma denúncia falaciosa, fez de forma covarde. Não somente não colocou a cara – como eu fiz ao pedir a CPI – mas também o fez buscando me expor e expor minha família. Não tenho nenhuma empresa fantasma contratada em meu gabinete. E tenho toda a comprovação de que os contratos por mim firmados são absolutamente legais, inclusive auditados pela ALEPE e sem nenhum indício de qualquer irregularidade.

A nota divulgada pelo secretário é desonesta e cruel. Ele é que tentou me intimidar usando o anonimato, quando na verdade é um agente do Poder, remunerado com dinheiro público. Não há qualquer tentativa de intimidação contra ele. Na verdade, ele foi desmascarado como um dos chefes do Gabinete do Ódio do Palácio e está tentando, mais uma vez, criar uma cortina de fumaça para encobrir suas próprias ações.”

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