Cena Política: Miguel Coelho descarta aliança com Raquel Lyra e garante apoio a João Campos
Em entrevista ao videocast do JC Play, ex-prefeito de Petrolina também reafirmou pré-candidatura ao Senado em 2026 e fez críticas ao presidente Lula

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O ex-prefeito de Petrolina e presidente estadual do União Brasil, Miguel Coelho, afirmou que não há possibilidade para aliança política com a governadora Raquel Lyra (PSD) e reforçou o elo com o prefeito do Recife, João Campos (PSB). A declaração foi dada em entrevista ao videocast Cena Política, do JC Play, nesta sexta-feira (15).
“Ela é a governadora do estado, se ela convidar, nós vamos sentar para conversar para discutir Pernambuco, mas não discutir política. Até porque já ficou muito claro que a governadora já fez a opção dela e nós fizemos a nossa, e acreditamos que o melhor caminho que temos para seguir é com o prefeito João Campos caso ele seja pré-candidato ao governo do estado".
Ele também criticou a postura do governo de Pernambuco diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, que afetam fortemente o Vale do São Francisco. Segundo ele, o impacto é especialmente grave para produtores de frutas.
“Açúcar é menos mal porque você consegue estocar e esperar esse problema resolver. Fruta, depois que você colhe, em especial a manga, você tem uma janela de 15 a 25 dias para ser consumida, senão é lixo", apontou.
"Já tem mais de 30 dias do anúncio e mais de uma semana que está em vigor, e a gente vê uma inércia e um silêncio do governo do estado, jogando essa responsabilidade só para o governo federal. Você tem 20% da nossa produção destinada exclusivamente ao mercado americano. Estamos falando de um impacto de mais de R$ 400 milhões na economia pernambucana, só na questão da uva e da manga. Aí eu pergunto: o que o governo do estado anunciou ou se preocupou em fazer? Até agora, nada", disparou.
Miguel também comparou a atuação de Pernambuco com soluções encontradas por estados como Ceará, Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro.
"Um governo do estado que enche o peito para dizer que tem bilhões e bilhões dentro do caixa, será que não tem a possibilidade ou sensibilidade de ofertar qualquer tipo de apoio ao Vale do São Francisco que pode ter a safra prejudicada?”, questionou.
Disputa pelo Senado em 2026
Miguel também reafirmou que é pré-candidato ao Senado nas eleições de 2026, e disse que a candidatura é prioridade para a direção do União Brasil, revelando que conta com apoio de importantes lideranças nacionais.
“É uma prioridade do nosso partido e conta com apoio do nosso presidente nacional, Antônio Rueda, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, de outras lideranças importantes, o que nos anima. Mas entendo que uma pré-candidatura majoritária não pode representar o interesse de um partido, tem que fazer parte de um conjunto partidário, de um projeto político de uma maioria que represente os anseios da população”, declarou.
O ex-prefeito ressaltou a força da federação União Progressista, que ligou o União Brasil ao PP. Segundo ele, o grupo “a maior força política do Brasil” e está credenciada para buscar resultados expressivos nas urnas. “Queremos fazer um número próximo a 8 ou 9 deputados federais, e a maior bancada na Assembleia de pelo menos 16 a 17 deputados estaduais, além do Senado Federal".
Ele também comentou a disputa interna entre ele e Eduardo da Fonte, presidente estadual do PP e também interessado em disputar o Senado. "Toda decisão precisa ser tomada de forma unânime, em que os dois lados concordem. De forma muito pacífica, a gente haverá de ter muito mais convergência do que divergência interna. O que queremos, tanto eu quanto Dudu, é acreditar em projetos viáveis”.
Miguel, porém, evitou fazer avaliações de outros nomes colocados na disputa pelo Senado, mas destacou que o cargo exige preparo.
“Precisamos em qualquer cargo público de pessoas que tenham pulso, gestão e reconhecimento. De todos os pré-candidatos que estão colocados, eu sou o único que fui prefeito e tive que enfrentar problemas na pandemia, de saneamento, de escola, de água… isso me dá experiência que outros não têm, mas isso caberá ao eleitor", avaliou.
Avaliação do governo Lula
Sobre o governo federal, Miguel evitou conclusões definitivas, mas apontou preocupação com os rumos da administração do presidente Lula, que na última quinta-feira esteve ao lado de João Campos em palanque no Recife.
"Está todo mundo um pouco preocupado e até decepcionado com algumas pautas. Juros a 15%, isso acaba com a produtividade, com o crescimento econômico. Cada vez mais impostos surgindo e a alíquota crescendo. Isso afeta diretamente a mão de obra. Em Pernambuco, temos mais pessoas assistidas por programas sociais do que com carteira assinada, e tem vagas de emprego ociosas e vazias.
Miguel também comentou sobre a possibilidade de o União Brasil lançar candidato à presidência em 2026 e elogiou a gestão de Ronaldo Caiado (União Brasil) em Goiás.
“Respeito a pré-candidatura do governador Caiado, primeiro pela obra que fez em Goiás. Agora, sobre a articulação política, ela tem que representar um conjunto de ideias", disse Miguel, citando outros nomes que poderiam representar a centro-direita no país.
"Tem outros nomes colocados, como Ratinho Júnior, Tarcísio de Freitas. Entendo até que uma convergência desses nomes para apresentar ao Brasil uma solução a essa polarização, que termina muito mais atrapalhando do que ajudando, seja um caminho mais natural.”
Por fim, o dirigente elogiou a condução nacional do partido sob o comando de Antônio Rueda. “O nosso presidente Antônio Rueda teve muita habilidade, paciência e tranquilidade para, ao tempo certo, reparar todas as arestas que a gestão anterior causou a nível nacional. Hoje temos um partido mais coeso", finalizou.