Em visita relâmpago, Lula faz três entregas em Pernambuco e fortalece aproximação com PSB
Ausência da governadora Raquel Lyra marcou vinda de Lula a Pernambuco. De olho em 2026, João Campos aproveitou para colar na imagem do petista.

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Setenta e oito dias depois da última visita, ocorrida em maio, o presidente Lula (PT) retornou a Pernambuco nesta quinta-feira (14), condensando três agendas diferentes do governo federal em cerca de seis horas em solo pernambucano. Nos três atos, o presidente reforçou o discurso de que o foco da gestão está nas pessoas pobres.
A primeira agenda do dia ocorreu na Hemobrás, em Goiana, onde o presidente participou da cerimônia de inauguração da Fábrica de Hemoderivados da Hemobrás. “Um país soberano tem que cuidar de três coisas: da educação, de garantir alimento e de garantir a questão da saúde”, discursou o presidente.
Acompanhado de ministros, senadores e deputados e do prefeito do Recife, João Campos (PSB), Lula viu a vice-governadora Priscila Krause (PSD) ocupar o espaço deixado pela governadora Raquel Lyra (PSD), que não compareceu alegando choque de agendas. Ela viajou a Petrolina e Ouricuri, no Sertão, para participar do início do programa "Ouvir Para Mudar" de 2025.
Embora Priscila tenha afirmado que o presidente já estava ciente da ausência da governadora, nos bastidores os adversários atribuíram o gesto da governadora a uma falta de prestígio de Raquel com Lula, especialmente após o presidente reafirmar aproximação com o PSB de João, com vistas em 2026.
Durante a tarde, o compromisso de Lula foi no Hospital Ariano Suassuna, no bairro da Ilha do Leite, no Recife, onde o presidente e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acompanharam o início do atendimento de pacientes do SUS por planos de saúde, medida do programa Agora Tem Especialistas. Novamente, ele citou a assistência aos mais pobres.
“O pobre ia ao médico, pegava a receita, não tinha dinheiro para comprar remédio, morria e a receita ia junto com o caixão. Então nós criamos o programa Farmácia Popular.Quando o Padilha chegou na Saúde, eu só pedi uma coisa: mais especialistas. Nós precisamos diminuir o tempo de espera. Então estou feliz e parabenizando vocês da rede pública e privada”, disse Lula.
O último ato ocorreu no fim da tarde, na comunidade de Brasília Teimosa, na zona Sul do Recife, onde Lula realizou a entrega de 599 títulos de regularização fundiária. No palanque, o presidente reuniu os mesmos ministros, deputados, senadores e João Campos, que aproveitou o espaço novamente deixado pela governadora para reforçar a proximidade com o presidente.
“Onde o senhor estiver, no meu estado e na minha cidade, eu estarei ao seu lado defendendo o seu nome e dizendo que eu sou um soldado do senhor”, disse o prefeito, numa indireta clara à ausência de Raquel Lyra nas agendas. Lula, porém, não se manifestou.
Durante as agendas, o presidente também não fez qualquer menção à paralisação dos metroviários realizada nesta quinta-feira para chamar a atenção dele sobre a privatização do Metrô do Recife. Coube ao ministro das Cidades, Jader Filho, num evento realizado sem o presidente na sede do DER, dizer que os funcionários do equipamento “não vão ficar desatendidos”.
Após o ato em Brasília Teimosa, o presidente Lula deixou Pernambuco no avião presidencial por volta das 19h. Nesta sexta, ele estará em São Paulo para acompanhar a cerimônia de inauguração da fábrica da GWM Brasil.
Apesar da passagem "relâmpago" por Pernambuco, o presidente Lula deixou o estado com um saldo político calculado: três entregas concretas, gestos de afago a aliados e a reafirmação de uma marca que busca cultivar desde o início do primeiro mandato: a presença constante em sua terra natal. A próxima visita do petista ao estado está prevista para outubro.