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Adélio atacou Bolsonaro sem auxílio externo, concluíram investigadores e a Justiça

Posts em redes sociais que associam deputado petista ao crime contra o então candidato Jair Bolsonaro voltaram a circular; entenda mais detalhes

Por Projeto Comprova Publicado em 05/08/2025 às 15:26

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Não há evidências de participação do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) como mandante da facada contra Jair Bolsonaro (PL) em 2018, cometida por Adélio Bispo de Oliveira.

Postagens divulgadas nas redes sociais alegam que o carro em que Adélio foi até o local estava no nome do parlamentar, mas não apresentam qualquer prova ou fonte da informação.

A investigação também não menciona qualquer carro supostamente usado por Adélio no dia do crime.

Um dos inquéritos cita apenas que ele estava em meio à população que se manifestava, seguindo apoiadores no trajeto da passeata e “sempre próximo à célula de segurança” formada por policiais federais.

Reportagem da TV Globo um dia após o crime citou que Adélio teria se deslocado a pé.

O autor do crime, cometido em Juiz de Fora (MG), está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS) e foi investigado em dois inquéritos na Polícia Federal, em 2019 e 2020.

Ambos concluíram que Adélio agiu sozinho.

O mais recente, aberto para apurar se Adélio contou com apoio de algum cúmplice ou teria recebido dinheiro para executar o crime, foi arquivado após o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora, aceitar os argumentos do Ministério Público Federal (MPF) e dos inquéritos da PF de que não há indícios dessas possibilidades.

A decisão aponta ainda que Adélio seria inimputável por sofrer de Transtorno Delirante Persistente (Paranoia).

Por conta disso, ele deveria permanecer internado por tempo indeterminado em instituição de saúde mental.

Por falta de vagas deste tipo na rede de saúde pública mineira e pelo possível risco à segurança de Adélio, a Justiça determinou que ele continue internado na penitenciária de Campo Grande.

O assunto é alvo de um conflito de competências entre a Justiça Federal de Minas Gerais e do Mato Grosso do Sul.

A sentença contra Adélio indica ainda que o crime foi cometido de forma “extremamente rudimentar” com uma faca que era utilizada como utensílio de cozinha, o que derrubou teses de apoio material ou financeiro.

“Não foram comprovados (sic), por exemplo, a participação de agremiações partidárias, facções criminosas, grupos terroristas ou mesmo paramilitares em qualquer das fases do ato criminoso (cogitação, preparação e execução)”, diz o documento assinado pelo delegado da PF Rodrigo Morais Fernandes.

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova?

O Comprova analisou publicações de dois perfis no X. O primeiro conta com mais de 91,5 mil seguidores. O perfil tem publicações críticas ao governo Lula (PT) e à esquerda política.

Entramos em contato com o autor, que alegou ter feito a postagem para comentar boatos que viu na internet.

Ele cita vídeo de suposto militar que teria feito a acusação a Lindbergh Farias.

O perfil mencionado pelo autor foi desativado e não conseguimos localizar o titular.

A segunda postagem analisada foi feita por um perfil com 10,6 mil seguidores.

A conta publica constantemente conteúdos de perfis de viés bolsonarista, que defendem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e fazem críticas a Lula e a Alexandre de Moraes.

A autora também publica afirmações sem comprovação e sem citação de fontes.

Por que as pessoas podem ter acreditado?

As postagens evitam trazer afirmações e lançam dúvidas sobre o leitor. Frases como “se foi ou não, talvez um dia seja investigado e confirmado” e “faz sentido” incitam a curiosidade e podem gerar suspeitas em quem lê a postagem.

Outra característica é a ausência de fontes, o que dificulta a verificação, bem como o aviso de que mais informações devem ser reveladas em breve.

Fontes que consultamos

Postagens na imprensa sobre o caso, relatório oficial da PF, assessoria do deputado e da Justiça Federal de Minas Gerais.

Por que o Comprova investigou essa publicação?

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento.

Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema

O Comprova já mostrou ser falso que Adélio Bispo tenha incriminado PT ou prestado novo depoimento sobre facada em Bolsonaro e publicou um Explica sobre o que é comprovado e o que é falso sobre a facada.

  • Notas da comunidade: Não havia notas da comunidade na postagem do conteúdo no X até a publicação desta verificação.

A checagem foi publicada em 04 de agosto de 2025 pelo Comprova — coalizão formada por 42 veículos de comunicação que verifica conteúdos virais.

A investigação foi conduzida pelo Correio Braziliense e NSC Comunicação, e o conteúdo também passou por verificação de Correio de Carajás, Folha de S. Paulo e Diário do Nordeste.

Saiba como assistir aos Videocasts do JC

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